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26 Junho 2024 | Gabryella Garcia

Pablo Billard assume presidência da Cinépolis no Brasil em 1º de julho e quer trazer novas experiências para se aproximar do mercado

Além do executivo, que ocupou a presidência da Cinépolis na Indonésia nos últimos dois anos, também chegará ao Brasil um novo diretor de marketing

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(Foto: Divulgação)

A partir do dia 1º de julho, a rede de cinemas multinacional Cinépolis terá um novo presidente no Brasil. Após dois anos ocupando a presidência da rede na Indonésia, Pablo Billard chega para ocupar o cargo que será deixado por Luiz Gonzaga de Luca. Em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor, o executivo falou sobre sua experiência no mercado asiático e também sobre suas ideias para o novo momento na carreira, agora comandando os cinemas brasileiros.

Billard foi diretor de operações da Cinépolis Brasil durante 12 anos, até que em 2022 tomou a decisão de encarar o desafio de assumir a presidência da Cinépolis Indonésia. Agora, de volta ao país natal, ele quer usar sua experiência no mercado asiático para impulsionar o mercado brasileiro, inclusive, na questão das produções locais.

"A maior diferença que temos na Indonésia é a força do filme local. Os filmes locais estão fazendo toda a diferença e estão quase 70% a 30% em porcentagem esse ano. Levo daqui como os filmes locais podem ajudar e a importância do conteúdo local quando existe, quando tem boas produções e quando são bem aceitas pelo público podem fazer toda a diferença", disse. Mas, apesar de reconhecer a importância das produções locais, Billard sabe que sozinho não irá causar uma revolução nos cinemas brasileiro e, por isso, conta com a ajuda de produtores e de outros exibidores para alavancar essas produções em sua volta ao Brasil. "O primeiro que tem que existir é a produção, que obviamente no Brasil existe uma produção de qualidade. (...) Não somos nós, os exibidores, que vamos querer ditar o que vai passar, no final a gente tem que ter o produto que o cliente quer e o conteúdo que eles querem pagar para ver. Acho que nosso trabalho pode ser com os produtores para tentar guiá-los com informações e tentar dar uma opinião", destacou Billard.

Ainda cumprindo obrigações na presidência da Cinépolis na Indonésia, Billard está ao mesmo tempo passando suas funções para seu substituto e tentando se alinhar ao que está acontecendo no mercado brasileiro. Por já ter passado 12 anos atuando na Cinépolis no Brasil, o executivo se sente mais à vontade e destaca que já conhecer diretores e os cinemas irá ajudar, mas também adiantou com exclusividade ao Portal Exibidor que um novo diretor deverá chegar para a empresa junto com ele no mês de julho.

"Estamos com uma diretoria aberta, que é a diretoria comercial e de marketing, então estou tentando fechar essa vaga desde aqui junto com a equipe do Brasil e acho que essa seria a novidade que espero que essa pessoa praticamente comece comigo e quando eu chegar já devemos estar fechando essa vaga", revelou.

Por fim, Billard também destacou que pretende fazer um uso maior da tecnologia em sua gestão no Brasil, sem revelar quais seriam essas novidades, e também se mostrou muito aberto a novas experiências para o cliente, afirmando que "se não está errando, é porque não está testando coisas novas".

"Acho que se a gente não está errando é porque não está testando coisa nova, então vou chegar com muita vontade de provocar mudanças. (...) Não sei exatamente o que está sendo feito ou não, então quero dizer que estou chegando para mudar, mas também para tentar trazer minha experiência para testar coisas novas para ver se o mercado gosta. Minha ideia é ser curioso e tentar coisas novas", finalizou o executivo.

Confira a íntegra da entrevista:

Depois de passar tanto tempo na Indonésia, que tipo de semelhança você vê no mercado brasileiro e no mercado da Indonésia? O que você consegue trazer dessa sua experiência na Indonésia nesta volta ao Brasil?

Acho que mais do que qualquer semelhança, a maior diferença que temos aqui é a força do filme local. Os filmes locais estão fazendo toda a diferença e está quase 70% a 30% em porcentagem esse ano, então acho que levo daqui nesse sentido dos filmes locais é como isso pode ajudar e a importância do conteúdo local quando existe, quando tem produções boas e quando são bem aceitas pelo público podem fazer toda a diferença. Aqui a gente sente isso mesmo sem leis forçando a passagem de filmes locais e tem um nicho. O público gosta muito de filmes de terror e aqui também funcionam filmes internacionais, da Tailândia, por exemplo, e outros mercados também têm marcado forte presença aqui, então essa é a diferença e o que a gente gostaria de ter no mercado brasileiro. Não é algo que como exibidor a gente pode levar, mas a gente pode entender a importância e depois de viver isso e ver como ajuda nos resultados tendo um bom conteúdo faz muita diferença. É uma reflexão que levo daqui e de aprendizados tem várias coisas. Aqui a gente como empresa tem um concorrente muito forte com 70% de mercado então tem que se adaptar de outro jeito, no Brasil temos muito players, então não há uma dominância tão grande de um só e isso faz uma concorrência mais saudável, De qualquer forma levo como experiência saber como me adaptar quando tem um player só que é muito forte, domina o mercado e é local. Esses são dois temas de reflexão, e acho que de semelhanças e outras coisas que a gente continua sabendo como em todo mercado que a gente opera é qual é a importância de dar um bom atendimento, ter o foco no serviço ao cliente, entender a oferta e demanda de preços, entender melhor qual é a oferta de cada shopping ou as outras ofertas de entretenimento que existem no mercado e você saber fazer um balanço para equilibrar e poder ter uma oferta competitiva versus o mercado. São aprendizados que a gente traz, não que a gente não tenha no Brasil, mas talvez quando você vem para fora e está chegando, talvez não tenha um viés de não ver algumas coisas. Quando estamos há muito tempo no mesmo lugar, às vezes já não se coloca atenção em algumas coisas e quando sai vê algumas coisas que não estava vendo. Agora na minha volta acho que é importante aproveitar uma visão sem viés e ter a mente aberta para tentar ver coisas que antes talvez eu não veria. Além disso, saí do Brasil como diretor de operações e agora volto assumindo a empresa, então tenho que ter uma visão muito mais 360, como já tenho aqui. Não vou pensar apenas no conteúdo, vou pensar no conteúdo, na qualidade do shopping, na parte comercial, no relacionamento com o cliente e em tudo, então é uma preocupação diferente e que ao voltar ao Brasil fico mais ágil em olhar rapidamente as coisas.

Você citou a força do cinema local na Indonésia, com 70% do mercado. Claro que no Brasil isso não depende só do exibidor, mas como exibidor, como você pensa em impulsionar as produções locais e o cinema nacional aqui no Brasil nessa volta?

Primeiro depende da produção. O primeiro que tem que existir é a produção, que obviamente no Brasil existe uma produção de qualidade. Como exibidor e até em conversas com outros exibidores, todo mundo sabe da importância do conteúdo e sempre o que o exibidor quer é um conteúdo bom para passar, né? A gente quer passar tudo o que tiver, mas acho que o que eu posso ajudar é em dizer 'olha gente, eu vi em primeira mão a diferença que faz o resultado', então acho que todo exibidor quer apoiar o conteúdo local, mas acho que o meu papel voltando agora é comentar da minha experiência e falar como funciona na Indonésia, e aos produtores dizer que estamos aqui para apoiar sempre que existir um conteúdo de qualidade e mostrar que como exibidor a gente vai dar apoio ao produto que tiver sem restrição. Eu vejo aqui como o produtor local sempre quer brigar com Hollywood e eles falam que temos que apoiar mais o conteúdo local, mas eu digo que é uma cultura e não somos nós, os exibidores, que vamos querer ditar o que vai passar, é o que o cliente quer assistir, então no final a gente tem que ter o produto que o cliente quer e o conteúdo que eles querem pagar para ver. Acho que nosso trabalho pode ser com os produtores para tentar guiá-los com informações e datas, por exemplo. Dizer o que vemos nas redes sociais e o que o pessoal está procurando e tentar dar uma opinião. Conversei agora em Las Vegas na CinemaCon com alguns produtores brasileiros e comentei sobre minha experiência e até disse que posso aproximá-los dos produtores da Indonésia e fazer essa ponte. Acho que conscientizar o produtor que existe esse mercado aqui na Ásia com conteúdo bom e boas histórias, é o que a gente pode fazer, ajudar o produtor entender isso e como exibidor contar nossa experiência, mas no final acho que é bem claro que quem vai decidir é o cliente, que é quem está pagando o ingresso.

E agora se aproximando do dia 1º de julho, quando você vai assumir a posição no Brasil, queria saber como está o processo de transição e a troca com o Luiz Gonzaga de Luca? Se você pode passar alguns detalhes desse processo.

Estou tentando equilibrar as funções na Indonésia e isso de assumir no Brasil. A pessoa que vai assumir o meu lugar já chegou na Indonésia e estamos fazendo a transição aqui. Estou tentando pôr ele a par de tudo o quanto antes possível para que ele já comece a tomar as decisões e já assuma tudo, então já estamos trabalhando com ele e está sendo tudo muito rápido. Com essa rapidez cada vez mais estou ficando com tempo livre para ver mais coisas do Brasil. Já estou envolvido com algumas decisões, obviamente o Gonzaga é quem está tocando a operação e vai tocar até o último dia, então estou tentando saber o que está acontecendo para me inteirar um pouco das coisas. Em algumas decisões de médio e longo prazo eu estou mais envolvido para ajudar com minha opinião, mas coisas do dia a dia não. O bom é que todos os diretores do Brasil são os mesmos de quando eu saí, então já conheço todos os diretores. Outra coisa é que eu abri todos os cinemas do Brasil e conheço todos os cinemas, então tenho muito conhecimento sobre o mercado brasileiro e isso me deixa tranquilo. O Gonzaga já me abriu as portas para conversar com os diretores e ter um contato mais direto, então já estamos tendo essas conversas de uma coisinha aqui e outra coisinha ali e estamos avançando mesmo à distância para que seja mais fácil quando eu chegar. Acho que não vamos ter tanta dificuldade apesar de que eu queria ter podido ir um pouco antes, mas tenho que deixar aqui arrumado antes de ir para o Brasil, então estamos tentando fazer com calma, mas com muita tranquilidade pelo já testado no Brasil. Estamos dando um pouquinho mais de atenção para o que chegou aqui porque é a primeira vez dele na Indonésia, então obviamente o mercado asiático é um pouco mais desafiante por esse conteúdo local e pela cultura, mas eu já sendo brasileiro e voltando para o Brasil estamos tranquilos e estou relaxado nesse sentido. Já conheço todo mundo do mercado e fiquei 12 anos com a Cinépolis no Brasil, então estamos tranquilos e avançando pouco a pouco mesmo à distância.

E quais são suas expectativas nessa volta para o Brasil? Tem alguma novidade que você já pode nos adiantar?

Estamos com uma diretoria aberta né, que é a diretoria comercial e de marketing, então estou tentando fechar essa vaga desde aqui junto com a equipe do Brasil e acho que essa seria a novidade que espero que essa pessoa praticamente comece comigo e quando eu chegar já devemos estar fechando essa vaga. Ainda não temos o nome mas o que a gente mais quer é fechar logo porque estamos sentindo falta desde que o nosso diretor comercial saiu. Sabemos que é uma vaga importante por diversas razões e a gente ainda não preencheu, mas agora é o momento. Essa é a primeira coisa que queremos fazer, e depois acho que não tem nada específico. Tenho que voltar e entender a situação. Fiquei dois anos fora e sabemos que o mercado brasileiro tem demorado mais para se recuperar do que o resto dos mercados, então é uma questão do mercado como um todo e não só de um player ou de outro. Temos que entender e conversar com outros exibidores e com distribuidores para entender como podemos juntos fazer o mercado melhorar. Internamente quero levar minha experiência e as coisas que aprendi, utilizar meu jeito de trabalho para fazer pequenas adaptações e acho muito importante que eu tenha como guia para mim a satisfação do cliente interno e externo, então saber como criar um ambiente em que as pessoas internamente se sintam à vontade para dar o melhor para darmos o melhor para o nosso cliente. A partir daí vou pôr meu toque pessoal para tentar continuar ajudando com os resultados e acho que isso é o mais importante.

Para as novidades primeiro eu tenho que chegar. Sei que tem algumas coisas que já estavam fazendo e está para lançar, então vou esperar para chegar e ver o status de como estão as coisas, mas estou empolgado de voltar para casa. Estou contente de voltar para casa, acho que o Gonzaga com toda sua experiência nos deixa um legado com muitas coisas boas, e espero que com a energia que estou levando para o Brasil a gente possa fazer as coisas um pouco diferente e usar mais tecnologia, querer fazer as coisas um pouco diferente para que no final seja bom para o cliente. Hoje os jovens querem interagir com as marcas de outro jeito, então preciso ver como estamos interagindo hoje e como esse diretor comercial que vai chegar vai se encaixar nessa estratégia e outras coisas digitais que queremos fazer. Acho que se a gente não está errando é porque não está testando coisa nova, então vou chegar com muita vontade de provocar mudanças e que as pessoas pensem e proponham coisas novas. Mas para finalizar, eu não tenho como dizer hoje como estão as coisas no Brasil porque fiquei fora nos últimos dois anos e não estava envolvido diretamente, não sei exatamente o que está sendo feito ou não, então quero dizer que estou chegando para mudar, mas também tentar trazer minha experiência para testar coisas novas para ver se o mercado gosta. Minha ideia é ser curioso e tentar coisas novas.

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