Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Especial

21 Agosto 2019 | Renata Vomero

"Vivemos em um país rico em absurdos, isso dá material para milhares de filmes", diz diretor de Bacurau

Coletiva de imprensa aconteceu nesta terça-feira, em São Paulo

Compartilhe:

(Foto: Vitrine)

Nesta terça-feira (20), aconteceu em São Paulo, a coletiva de imprensa do longa Bacurau (Vitrine), dirigido e roteirizado por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. O longa, que estreia dia 29 de agosto nos cinemas e já foi apresentado em Gramado (onde foi premiado) e em diversas pré-estreias do país, chega aos brasileiros já com muita expectativa, depois de levar o Prêmio do Júri em Cannes e ser aclamado em diversos outros festivais internacionais. O longa se passa no munícipio fictício de Bacurau, no sertão de Pernambuco, e mostra os cidadãos daquela cidade curiosa precisando se proteger da ameaça de um grupo norte-americano que quer matá-los pelo prazer da caça. “Bacurau é sobre história e histórias de conflitos, sobre a necessidade, muito ruim, do ser humano subjugar o outra”, comentou Dornelles.

Publicidade fechar X

Tendo em vista o retrato que o filme faz do país, parte da discussão girou em torno do governo atual e da possibilidade do longa trazer críticas a este momento. “Nunca fiz e escrevi nada na minha carreira com a intenção de passar uma mensagem. Meus filmes contam com conflitos que se anulam e confundem. Cinema é feito de observações, meus filmes estão cheios delas, mas são observações pessoais, coisas que vivi”, explica Mendonça Filho.

Com elenco formado por Barbara Colen, Sônia Braga, Udo Kier, Thomas Aquino, Karine Teles, Silvero Pereira, Karine Teles, Wilson Rabelo, entre outros, muitos deles presentes na coletiva, Sônia Braga logo tomou a palavra para comentar o assunto: “Bacurau é um filme que está no futuro, tenho esperança que ele cause revisão sobre a nossa situação. No fim, todo mundo quer a mesma coisa, quer educação, saúde, merenda na escola. Tenho esperança que Bacurau abra espaço para a discussão, que as pessoas voltem a conversar”, explica a atriz, que diz que dedicou sua personagem, Domingas, a Marielle Franco, executada durante as filmagens.

Dornelles também complementa a questão social trazida no filme. “Nossas motivações vieram desse mundo troncho e errado que estamos cansados de ver. Precisamos ser um pouco cínicos para lidar com as coisas que nos agridem e trabalhar com elas nas telas. Vivemos em um país rico em absurdos, ricos em violência, contradições e deseducação. Isso dá material para milhares de filmes, Bacurau foi só um deles”, afirmou.

Ainda seguindo no tema político, a equipe foi questionada sobre os incentivos à produção e como o filme teria sido feito atualmente, já que foi financiado por diversos fundos governamentais, alguns deles extintos no governo atual. “Não sei se conseguiríamos, é difícil afirmar com certeza, porque quando captamos os recursos, o momento era outro. Mas alguns dos fundos usados já não existem mais. Tivemos plena liberdade de criação durante todo o processo”, explicou Emilie Lesclaux, produtora do filme, realizado em parceria e incentivo também da França.

A produção foi gravada em Barras, sertão do Seridó, no Rio Grande do Norte, e contou com parte dos residentes do município atuando no longa, o que comoveu boa parte da equipe. “Bacurau traz muito essa coisa de não subestimar essas pessoas, eles eram atores absurdos e no fim nos escreveram um poema que emocionou toda a equipe”, revelou Barbara Colen, seu comentário foi complementado por Sônia Braga: “Chorei muito nas cenas com as crianças, porque aquilo tudo é o que eles vivem, eles nos ensinaram muito. Muito do que foi retratado ali é do cotidiano deles”. O filme será exibido na cidade nesta quinta-feira e contará com a presença da atriz.

Para finalizar, Bacurau está sendo distribuído pela Vitrine Filmes junto a um aviso divulgado por Kleber Mendonça Filho para que o filme seja exibido com som forte, já que o filme foi gravado em volume 7. “Este é um filme de ação brasileiro, que provavelmente nunca foi feito, então, para garantir a imersão do espectador no filme, ele precisa ser visto em volume alto”, finalizou.

Compartilhe:

  • 0 medalha