07 Agosto 2019 | Thais Lemos
"Ainda há entranhado nos brasileiros um preconceito com o nosso cinema", diz Marcos Veras
Ator, que volta as telonas em "Divaldo" no próximo mês, fala sobre os desafios dos filmes brasileiros
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O ator Marcos Veras ficou conhecido pelos seus trabalhos que envolviam humor. Mas agora, em seu próximo papel, Veras interpreta um espírito não evoluído em Divaldo – O Mensageiro da Paz (Disney), sobre o líder humanitário Divaldo Franco, que usou seu dom espiritual para ajudar as pessoas. “Como ator é muito desafiador viver um personagem do mal”, contou em entrevista ao Portal Exibidor. O drama tem data de estreia programada para 12 de setembro.
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O convite para dar vida ao personagem na telona surgiu por meio da produtora de elenco Marcela Altberg, e Marcos acabou conhecendo o próprio Divaldo durante as filmagens. “Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente e de conhecer também o lindo trabalho que ele faz na Mansão do Caminho. Conversamos por algumas horas e foi uma experiência muito rica. Um homem que transmite paz e amor”, declarou o ator.
Com experiência de quase 10 anos no mercado, Veras afirma que é um fato que de maneira geral o público que frequenta o cinema diminuiu. No entanto, o ator atribui isso não só à consolidação do streaming, como também ao aumento da quantidade de lançamentos e à diversificação de gêneros. “Isso é bom demais para a indústria”, relata explicando que antigamente o foco era voltado para as comédias, e de 10 anos para cá, gêneros como terror, por exemplo, vêm sendo produzidos.
“Às vezes temos a mania de achar que um filme comercial não é um bom filme. E uma coisa nada tem a ver com a outra. Usamos a palavra popular de maneira negativa. Um filme popular chega a mais pessoas, forma público”, ressalta o ator. Ele indica que foi isso que as comédias e filmes espíritas fizeram nos últimos anos, mas enxerga como um problema a quantidade de cinemas no Brasil. “Ainda dependemos da tal primeira semana do filme, que é determinante para a carreira da obra no cinema”.
Por isso, ainda é necessário campanhas para incentivar as produções nacionais, tanto por parte das distribuidoras como dos exibidores, seja com publicidade, no preço dos ingressos ou até uma semana dedicada para filmes nacionais. “Ainda há entranhado nos brasileiros um preconceito com o nosso cinema e isso está no público, em quem faz e até nos funcionários da sala de cinema”, contou Veras.
Em relação ao streaming, Marcos enxerga as plataformas com bons olhos. No entanto, ressalta a importância de a classe artística prestar atenção na remuneração, já que o ator é pago atualmente para filmar um longa que vai para o cinema e, pouco tempo depois, está na plataforma digital e lá fica por anos, e “o artista muitas vezes não recebe por isso”.
Já sobre o lançamento simultâneo no streaming e nos cinemas, Veras acredita que às vezes o produtor prefere que seu filme tenha certo destaque na plataforma digital do que passar ao meio-dia de uma segunda-feira em um cinema. “Mas é fato que a experiência de ir ao cinema é única. Nenhum streaming substitui isso”, ressalta.
O ator pede aos exibidores que acreditem mais nos filmes nacionais. “Podemos caminhar juntos para tornar o nosso cinema cada vez mais forte. Nossos vizinhos Argentina, Colômbia estão aí para provar que é possível. No mais, viva nosso cinema”, finaliza.
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