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29 Maio 2019 | Fernanda Mendes

"Temos que trabalhar juntos para o mercado brasileiro", diz Fabiano Gullane

Em entrevista ao Portal Exibidor, o produtor falou sobre o novo filme “O Traidor”

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Manuela Mandler, Fabiano Gullane. Maria Fernanda Cândido, Caio Gullane e André Ristum (Foto: Gullane / Divulgação)

Este ano foi importante para o Brasil em Cannes. Em um momento de crise no setor cinematográfico nacional, os longas com selo tupiniquim chamaram muita atenção em um dos festivais mais importantes do mercado mundial.

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Além de Bacurau (Vitrine Filmes), que levou o Prêmio do Juri, outra produção que também teve uma bela repercussão em Cannes foi O Traidor, dirigido pelo italiano Marco Bellocchio e produzido pela Gullane, fundada por Caio e Fabiano Gullane. Em entrevista ao Portal Exibidor, Fabiano contou a alegria desse longa ter sido bem-recebido internacionalmente. “Cada jornalista gastava cinco minutos elogiando o filme para depois fazer a pergunta na coletiva de imprensa”, comemora.

Protagonizado por Pierfrancesco Favino, o longa conta a história de Tommaso Buscetta, mafioso italiano que se exilou no Brasil, tendo constituído família com uma esposa brasileira. Por sinal, a esposa é representada pela atriz Maria Fernanda Cândido que faz com maestria o papel. “No filme há 25 papeis masculinos importantes e um único papel de mulher, então é legal trazer a força do feminino em um universo tão machista daquela época. Ela realmente representa todos nós, especialmente as mulheres de um jeito muito especial e estamos achando que ela irá inaugurar a fase internacional da carreira dela”.

O Traidor caiu nas mãos dos irmãos Gullane por meio de um amigo em comum com o diretor italiano. A conversa sobre o filme se deu há dois anos com a leitura do roteiro e a partir daí eles tiveram a certeza que precisavam participar do filme. E a participação se deu não só na produção do filme como também no auxílio criativo e contribuição com o roteiro. Ao todo foram 14 semanas de filmagens, sendo três no Brasil. Além da Gullane, os canais Telecine e Canal Brasil entraram também com financiamento da produção na parte brasileira.

Todo o esforço valeu a pena. O longa já foi adquirido pela Sony Classics para distribuição nos EUA e outras 20 distribuidoras pelo mundo. Na Itália, onde o filme teve estreia na semana passada foram 110 mil ingressos só no primeiro dia, tendo 350 cópias. “Até recebemos sondagem de plataformas OTTs, mas temos certeza que o filme tem uma carreira importantíssima nos cinemas do mundo inteiro”, explica.

No Brasil a previsão de estreia é em agosto, mês que segundo o executivo funciona muito bem para os filmes da produtora, como o Que Horas Ela Volta? e Bingo, que tiveram lançamento neste período. A distribuição será da Pandora em parceria com a Fênix.

Em um circuito tão concorrido, a ideia é cravar um relacionamento o mais próximo possível com os exibidores para construir uma boa campanha de lançamento e entregar um resultado satisfatório.

Mercado brasileiro

Tirando as controvérsias, Fabiano acredita que mesmo em meio à crise, o Brasil vive um período de maturidade na indústria do audiovisual. Ele explica: “Somos protagonistas mundiais no consumo do audiovisual, somos o segundo mercado da Netflix e estamos entre o top 5 de bilheteria da maioria dos blockbusters de Hollywood, também somos o segundo mercado com mais smartphones do mundo”.

Tendo em vista a importância desses números, o executivo acredita que o País precisa sair do protagonismo do consumo para também ser o protagonista da produção e distribuição de conteúdo audiovisual brasileiro. Ele dá como exemplo a lei para os canais de TV a cabo que precisam passar pelo menos 3% de conteúdo brasileiro. No ano passado foram exibidos uma média de 18% por canal. Uma demonstração de que o brasileiro tem interesse por suas próprias histórias. “Lançamento de filme é difícil em qualquer parte do mundo. Depois desses anos todos que vivemos no primeiro ciclo da Ancine e do audiovisual brasileiro, estamos inaugurando um segundo ciclo mais maduro e preparado, para transformar essa indústria bilionária rentável para o empresário brasileiro”, conta ainda complementando que tem esperança em uma compreensão por parte do Ministério da Cidadania na importância econômica do setor audiovisual.

“Temos que trabalhar juntos para o mercado brasileiro como um todo, não só para mim ou para o outro, mas para o Brasil”, finaliza.

Próximos lançamentos

No line up da Gullane estão dois longas com potencial para carreira internacional. Ambos começarão a ser rodados no começo do ano que vem. Primeiro é Os Enforcados, novo filme do diretor Fernando Coimbra e estrelado por Fernanda Torres e Rodrigo Santoro. E o outro é a coprodução com Alemanha e Japão chamado Favela High-Tech. Boa parte do filme será falada em inglês e muitas cenas se passarão em Tóquio. Aliás, o parceiro asiático acaba de ser fechado em Cannes mesmo.

Ainda neste ano há a estreia de O Olho e A Faca (27/06) com Rodrigo Lombardi; Incompatível distribuído pela Fox; e Carcereiros – O Filme, longa baseado na série da TV Globo que terá lançamento em 7 de novembro pela Imagem Filmes.

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