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26 Abril 2019 | Renata Vomero

Comediantes protestam domínio de "Vingadores" nos cinemas

Convidados da Rio2C apontaram os maiores desafios que o gênero enfrenta no mercado

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(Foto: Portal Exibidor)

“Precisamos falar sobre comédia”, um dos últimos painéis desta sexta-feira (26) na Rio2C, contou com a presença de Mariza Leão, fundadora e produtora executiva da Morena Filmes; Leandro Hassum, Guilherme Machado de Sá, fundador e CFO da 44 filmes; Ingrid Guimarães e a moderação de Iafa Britz, sócia e produtora da Migdal Filmes. Na conversa, os convidados tocaram em alguns pontos interessantes da produção de comédia no país, inclusive, falando de um certo preconceito que o gênero sofre, mesmo levando milhões de pessoas aos cinemas.

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Leandro Hassum destacou bastante a liberdade que os comediantes têm e precisam ter em cena, já que eles próprios têm uma assinatura e devem imprimi-la nas produções em que participam. Ele comparou a comédia ao nosso cafezinho de padaria, que apesar de ser desmerecido, é um favorito do brasileiro. “Nossa comédia nacional popular que levou o povo para o cinema novamente, para sentar, rir e se divertir, é responsável por levar as pessoas novamente ao cinema e consumir o cinema nacional. Então, vamos continuar prestigiando o cafezinho, mas o que é preciso? Que o café continue quente, seja ele feito no coador de pano, com o toque que só quem sabe fazer um café bom faz”, explica o comediante.

O ator destacou bastante a importância da profissão e dos comediantes terem abertura e espaço para fazerem seu trabalho, que, apesar de limitado, é muito bem feito. “Chico [Anysio] dizia uma coisa interessante: ‘existem dois tipos de humor: o engraçado e o sem graça. Eu tentei a minha vida inteira fazer o engraçado, as vezes a gente bate na trave. A gente erra, não é?’ Mas o importante é que a gente continue sempre alimentando e mantendo o cafezinho da padaria, que eu tenho um puta orgulho de ser: vivo, quente e gostoso”, finalizou.

A conversa passou, então, a girar em torno das dificuldades de colocar a comédia nacional no circuito de exibição quando se tem filmes como Vingadores: Ultimato (Disney), entrando em mais de 90% dos cinemas brasileiros, neste caso De Pernas Pro Ar 3 (Downtown/Paris), que em sua terceira semana em cartaz agora está presente em 62% dos complexos. “Não pode um filme como os Vingadores ocupar 90% das telas do país, isso é uma vergonha, existe uma agência reguladora, que ela regule. Que essa agência cumpra seu papel sim, porque é uma vergonha uma obra só ocupar 90% das telas. Não podemos nos calar diante disso”.

Ingrid Guimarães, estrela do filme, não escondeu sua frustração frente ao acontecido: “Me senti fazendo R$10 milhões só por ficar em segundo lugar depois de Vingadores. Ninguém me aguenta mais, porque eu estou falando muito do filme. É uma guerrilha porque quero ir em todos os programas de TV para falar que estamos aqui.  Nunca vamos conseguir competir com eles, porque eles estão em todos os lugares. Não estamos contra eles, mas não tem como, porque não temos espaço”.

Não é nenhum segredo que o cinema nacional encara grandes desafios, ainda mais no momento atual, Hassum trouxe um pedido direto ao mercado: “Gostaria de pedir a todas as distribuidoras que estão com filmes nacionais, queria pedir que tratem a gente com carinho e respeito que o filme nacional precisa”, finalizou.

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