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01 Abril 2019 | Fernanda Mendes, de Las Vegas

Seis grandes exibidores debatem mudança do mercado

Painel encerra a programação internacional da CinemaCon

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(Foto: Portal Exibidor)

O último painel da programação internacional da CinemaCon 2019 reuniu seis dos maiores exibidores do mundo para falar sobre as mudanças do mercado de entretenimento e como a exibição tradicional pode ultrapassar esses desafios. Com representantes da Cineplex, Cinépolis, VOX Cinemas, VUE International, Les Cinemas Pathé Gaumont e Golden Screen Cinemas, os assuntos passaram desde o embate com o streaming até a exigência da acessibilidade de conteúdo no Brasil.

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Streaming x Cinema

A começar por um dos debates mais polêmicos do momento, a classe exibidora não apoia 100% a dominação das plataformas digitais no mercado de entretenimento, mas Alejandro Ramirez, CEO da Cinépolis, trouxe um outro lado da moeda. “Temos uma forte e contínua comunicação com os estúdios, mas acho bom ter muitas plataformas de streaming no mercado, porque quanto mais existir mais irão ajudar a janela de exibição a atrair os espectadores à experiência do cinema. Muitos exibidores dos EUA não gostam do Netflix, por exemplo, mas na verdade a Netflix nos ajuda. Essa é a minha esperança”.

Na contramão, o francês Jérome Seydoux, da Pathé Gaumont, defendeu ideais mais tradicionais, o que vai de encontro com o país europeu que determina há anos leis severas para janelas de exibição e impede a entrada de filmes de serviços VoD em festivais como Cannes. “Antigamente havia um cinema com 200 poltronas e era o maior da Europa. Se antes era um cinema fantástico, hoje isso não é possível. Acho que um filme grande, com um grande diretor não pode ficar sem passar no cinema, isso não existe. Como Steven Spielberg disse, esses filmes que não estão no cinema ‘são produtos de TV’”. O discurso de Seydoux foi amplamente aplaudido pelo público.

Conteúdos regionais

Como debatido na outra palestra do dia, os conteúdos locais estão tomando cada vez mais espaço na demanda do público. Se no outro painel o assunto foi discutido pelo olhar dos distribuidores, desta vez os exibidores contaram como oferecem suporte para os filmes regionais.

Irving Chee, da exibidora da Malásia Golden Screen, contou que o interessante do mercado asiático, é que por mais que haja diferentes línguas, as culturas são similares então os filmes podem cruzar as fronteiras dentro da Ásia. “Há um interesse bastante igual entre filmes de Hollywood e os locais. Procuramos também fazer parcerias com estúdios independentes”.

Ramirez ainda complementou dizendo que programar conteúdos locais ajudam a atrair ainda mais o público aos cinemas, já que há uma identificação com a língua e cultura. Um exemplo é um remake de uma produção italiana, que a Cinépolis ajudou a produzir. O mesmo filme, só que na versão mexicana, teve uma bilheteria 15 vezes maior que a do longa original.

Tecnologia e atendimento

A importância do investimento em alta tecnologia não foi deixado de lado. Os exibidores acreditam na relevância de implementar sempre a melhor poltrona, som, projeção e design em seus cinemas.

O ambiente digital também é algo que ganha cada vez mais o mercado, sendo que a venda de ingressos online já é uma realidade concreta. Além disso, os dados referentes à essas compras e às opiniões dos espectadores podem e devem ser utilizados para melhorar os serviços do cinema.

“Demos 15 anos de dados para o nosso departamento de programação para utilizarem da melhor maneira possível e decidirem de acordo com aquelas análises qual seria o melhor filme, horário e sala para cada momento”, explicou Tim Richards da VUE International.

Seydoux da Pathé também lembrou que 25% da bilheteria da rede vem de ingressos por meio do programa de fidelidade.  Isso mostra mais uma vez como é importante ter meios de aproximar o cliente do seu negócio.

Acessibilidade de conteúdo

Um dos assuntos finais do painel foi sobre a mudança de mercado que o Brasil sofre ao ter que implementar ferramentas para acessibilidade de conteúdo em seus cinemas. Questionado sobre a situação, Ramirez explicou que o prazo exigido foi prorrogado e isso deu ainda mais tempo para os exibidores se unirem aos fabricantes e chegarem aos melhores preços e soluções.

O padrão, no entanto, não é seguido em outros países pelo mundo. Quando questionados sobre quantos filmes tem áudio descrição em seus cinemas, ninguém soube responder.

Confira a cobertura completa do primeiro dia da CinemaCon 2019.

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