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27 Março 2019 | Thais Lemos

Em entrevista, pesquisadora fala sobre desafios entre cinema e streaming

A finlandesa Johanna Koljonen esteve no Brasil para mostrar o seu estudo "Relatório Nostradamus"

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(Foto: Divulgação)

Nesta segunda-feira, dia 25, a finlandesa Johanna Koljonen esteve no Brasil a convite do Instituto Olga Rabinovich para o lançamento do Projeto Paradiso e para apresentar o Relatório Nostradamus, que traça um parâmetro do futuro das indústrias de telas, como streamings e cinemas, por meio de entrevistas realizadas com especialistas do setor. O relatório também será apresentado em maio no Festival de Cannes.

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Intitulado como Relevância em Uma Nova Realidade, o relatório fala sobre os financiamentos públicos do audiovisual, o impacto do mercado de streaming, a realidade virtual e como esse conteúdo pode crescer e como os filmes tem que encontrar uma nova forma de se comunicar com o público, principalmente o mais jovem.

“Estamos olhando para a audiência e outras coisas, descrevendo o que está acontecendo e o que pode acontecer com a audiência no futuro”, disse Koljonen em entrevista ao Portal Exibidor.

Cinema e streaming

O estudo aponta que as bilheterias de cinema seguem crescendo no mundo, mas que o excesso de conteúdos disponíveis faz com que um filme acabe ofuscando outro. Além disso, o preço dos ingressos também é um fator determinante comparado ao valor de um serviço de assinatura, que vale para mais de uma pessoa.

No entanto, Johanna reforça que o streaming e o cinema não são inimigos, e que os filmes devem encontrar outras formas de se comunicar. Os filmes que apresentam um bom desempenho, geralmente tiveram um trabalho bem integrado entre plataforma (cinema ou streaming), distribuidor e realizador.

O relatório afirma que os players tradicionais de cinema e televisão terão que enfrentar uma concorrência que pode não ser superada. “A exclusividade do conteúdo em plataformas diretas ao consumidor terá efeitos em todo o sistema de janelas, criando novas oportunidades para filmes independentes e de outros idiomas”, diz trecho do estudo.

No entanto, para Johanna, a competição sempre irá existir. “Se você está na indústria de cinema, você compete com as majors de Hollywood da mesma forma. Você sempre terá competidores mais ricos que você e que farão grandes projetos comerciais”.

Um desafio que a indústria de telas enfrenta é que não existe mais apenas “a indústria”. Hoje, há diferentes grupos e setores, com interesses diferentes e pontos como o comportamento do público, a pressão que as companhias multinacionais exercem e qual tipo de regulamentação é necessária para fazer o audiovisual florescer precisam ser discutidos.

Financiamento público

Segundo o estudo, o financiamento público no setor do audiovisual está caindo na Europa, e o cinema precisa de novos indicadores de performance, como entender impacto social de um filme, para saber qual caminho deve seguir. Para Johanna, essas métricas podem ir além da bilheteria do filme. “Tem muitos filmes que não vão muito bem no cinema, mas eles são assistidos por centenas e centenas de pessoas depois. Poderemos ter diferentes métricas no futuro, como por exemplo, quantas vidas são impactadas [por um filme]”, afirma a pesquisadora.

Johanna disse que, ao mesmo tempo em que o financiamento público se torna mais necessário do que nunca, está francamente ameaçado. “A indústria precisará encontrar maneiras de priorizar suas ações e de comunicar melhor para o público e os parlamentares que o que ela faz é vital”.

Transformações digitais

As tendências da tecnologia também foram apresentadas no Relatório Nostradamus, como a realidade virtual e conteúdo destinado a locomoção, no qual fabricantes de carros já estão estudando formas de transformar as janelas dos carros em telas.

Já a realidade virtual tem ganhado cada vez mais espaço no audiovisual, se mostrando como uma forte tendência. “A realidade virtual está procurando espaço na indústria. Com o tempo, quando se tornar mais comum, terá mais impacto nas narrativas”, disse Johanna.

Projeto Paradiso

Josephine Bourgois, diretora executiva do Instituto Olga Rabinovich, explica que o Projeto Paradiso é um projeto de apoio ao audiovisual, que foca na formação e capacitação profissional. “Escolhemos um eixo estratégico, no início e no final da cadeia, no processo criativo e na construção de audiência, onde mais faltavam investimento”, disse Bourgois.

A iniciativa conta com parceria com incubadoras de roteiros, como o laboratório Novas Histórias do Sesc e o BrLab, localizado em Fortaleza. Os profissionais brasileiros aprovados nas inciativas ganharão bolsas para instituições internacionais. Uma delas será para a Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de Los Baños, em Cuba.

 

Confira aqui o Relatório Nostradamus completo e mais detalhes do Projeto Paradiso.

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