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13 Março 2019 | Renata Vomero

Presença de mulheres no audiovisual foi tema de debate em São Paulo

1ª Edição do Foco Nelas aconteceu no dia 12 no MIS

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(Foto: Portal Exibidor)

Na noite desta terça-feira (12) aconteceu, no MIS (Museu da Imagem e do Som) em São Paulo, o evento “Foco Nelas: Mulheres Diretoras no Cinema e na Publicidade” para debater a presença feminina na direção de filmes para cinema e publicidade. Em sua primeira edição, o encontro contou com profissionais de ambas as áreas para levar um pouco da realidade do mercado para os espectadores.

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Estavam presentes a diretora de marketing da Avon, Carolina Gomes, falando sobre o projeto Fama; Marianna Souza e Mariana Youssef falando sobre o Free The Bid; Eduardo Lorenzi, da agência Publicis; Bárbara Sturm, da Elo Company (com o Selo Elas), e Susanna Lira, diretora de cinema.

As conversas foram divididas por projetos, cada um dos convidados conseguiu conversar com o público por cerca de 20 minutos. Dentro da divisão de cinema, Carolina Gomes, diretora de Marketing da Avon, subiu ao palco para falar do posicionamento de marca da empresa, mas, principalmente, sobre o projeto FAMA (Fundo Avon de Mulheres no Audiovisual) da empresa. A iniciativa foi criada em 2017, depois de uma pesquisa do GEMAA (Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa) apontar o escasso número de mulheres na direção de cinema, então, a companhia abriu um edital para 2018 para financiar longas-metragens dirigidos por mulheres. Foram 470 projetos inscritos no primeiro ano. “O nosso principal foco era pensar na causa e não na consequência de terem tão poucas diretoras de cinema tendo visibilidade ou ganhando oportunidade de trabalhar”, comentou Carolina. Por isso, a iniciativa também foca na capacitação de mulheres na área.

Para a seleção do edital, o Fama priorizou mulheres que estavam em sua estreia na direção, que fossem de fora do eixo Rio-SP e que também fossem negras. “Partimos deste recorte porque acreditamos que seria mais do mesmo se não tivéssemos esse olhar que abrangesse mulheres que já não contam com muita visibilidade.”

O Fama também criou o FIM (Festival Internacional de Mulheres no Cinema) que visa premiar os filmes, tanto nacionais quanto internacionais realizados por mulheres. O festival já está em sua segunda edição. Além do edital e do festival, o fundo foi responsável por trazer para o Brasil o Selo Bechdel, em que as distribuidoras classificam os filmes que passam no teste de Bechdel, que conta com três perguntas para observar se um longa tem boa representatividade feminina. As questões são: O filme conta com pelo menos duas mulheres com nomes? Elas conversam entre si? Sobre qualquer coisa que não seja homem?. “Parece bobo, mas é inacreditável a quantidade de filmes que não passam nesse teste”, finaliza Gomes.

 Bárbara Sturm também falou sobre o teste de Bechdel e sua importância para nos atentarmos a como as mulheres estão sendo representadas. Durante o bate-papo, a executiva da Elo Company, que fundou o Selo Elas, fez um panorama de como o mercado começou a se atentar a essa questão da diversidade, quando Kathryn Bigelow foi a primeira mulher a vencer o Oscar de direção em 2010 pelo filme Guerra ao Terror (Imagem Filmes).  O Selo Elas foi criado em 2018 com o objetivo de estimular a visibilidade das mulheres no cinema. "A gente entendeu que faltam oportunidades para as mulheres na direção e isso gera essa defasagem nos números, por isso criamos o Selo para estimular e abrir espaço para essas cineastas”, comentou Sturm.

O Selo conta também com uma iniciativa de consultoria para as cineastas, ajudando esses projetos a ganharem corpo e terem a chance de saírem do papel pela mão dessas mulheres. “São mais de 20 profissionais trabalhando para ajudar essas cineastas, nas áreas técnicas de cinema, mas também nas áreas de marketing e jurídica.”  A Elo Company também tem como diretriz abranger projetos que tragam não só maior diversidade nas telas, mas também fora delas.

Junto à Bárbara, também estava presente a diretora Susanna Lira, responsável pelo documentário Mussum – Um Filme do Cassildis, que estreia em 4 de abril, e pelo premiado Torre das Donzelas. A realizadora falou sobre os desafios do mercado e sobre a sua dificuldade em chegar ao posto de diretora. “Passei 12 anos como assistente de direção e sempre que chegava uma oportunidade de liderar um projeto, não me era dada esta chance, ia parar nas mãos de um homem.”

Susanna percebeu que para conseguir chegar à direção, ela teria que abrir a própria produtora. Foi aí que nasceu a Modo Operante Produções pela qual Lira também atua como produtora dos próprios longas. “Só aí consegui chegar onde eu queria e faço questão de trabalhar com mulheres na nossa equipe. Não que eu exclua os homens, mas acredito que seja o momento de nos ajudarmos, de uma segurar na mão da outra”, finalizou a diretora.

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