21 Janeiro 2019 | Renata Vomero
Filmes franceses no exterior sofrem queda em 2018, inclusive no Brasil
Fundador da Imovision fala sobre mercado de longas franceses no Brasil
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Apesar de 2017 ter sido um bom ano para o cinema francês no exterior, o resultado de 2018 não foi tão animador. A receita da bilheteria caiu 51%, alcançando US$270 milhões. As vendas de ingressos caíram 52%, tendo sido vendidos 40 milhões de entradas, segundo informações da Variety. Os dados foram divulgados pela UniFrance, organização que promove o cinema francês fora do país.
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O longa mais visto internacionalmente em 2018 foi Taxi 5, uma comédia policial. O segundo filme foi Assim é a vida (Paris Filmes), dos mesmos diretores de Intocáveis (California Filmes), seguido de La Ch’tite Famille, Belle and Sebastian, Friends for Life e Presa Branca. O resultado coloca a Gaumount como a empresa que mais vendeu filmes franceses para o exterior em 2018.
A diferença dos números de 2017 para 2018 podem ser explicados pela ausência de um grande título em língua inglesa ou um filme de ficção científica produzido pela EuropaCorp, como foi Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Diamond Filmes), que vendeu 30,4 milhões de ingressos no exterior em 2017 ou uma grande animação como A Bailarina (Paris Filmes), que vendeu 12,7 milhões de ingressos, segundo análise de Gilles Renouard, Co-diretor da UniFrance, para a Variety.
A Itália foi o país que mais consumiu filmes franceses em 2018, os italianos arrecadaram €23,1 milhões e venderam 3,94 milhões de entradas. Os Estados Unidos, historicamente o maior mercado de cinema francês no exterior, faturou €29,1 milhões, mas vendeu 3,92 milhões de entradas, o que representou uma queda de 40%. Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Alemanha também estão entre os grandes amantes do cinema francês no mundo.
As maiores cinco distribuidoras estrangeiras de filmes franceses foram China Film Group (China), Alternative Films (Bélgica/Luxemburgo), Notorious Pictures (Itália), A Contracorriente Films (Espanha) e Belga Films (Bélgica/Luxemburgo).
Brasil
Apesar de o Brasil não figurar no topo da lista de amantes do cinema francês divulgada pela UniFrance, ainda assim, o cinéfilos brasileiros são grande apreciadores de filmes franceses, criando um mercado atrativo para os exibidores. No entanto, há alguns problemas como salientou Jean-Thomas Bernardini, fundador da Imovision, com exclusividade ao Portal Exibidor. “Este é um problema que é recorrente aqui. O cinema não-americano virou um movedor de tendências. Teve a moda do cinema italiano e aí veio a do cinema francês, então, o que aconteceu: Vários distribuidores compram o filme, que muitas vezes é feito em parceria com outros países, e o exibidor que não conhece sobre o cinema francês acredita na palavra da distribuidora e aceita um filme que não é bom. Isso acaba afastando as pessoas do cinema e pode ser um problema muito sério para o cinema francês".
Em 2018, a distribuidora esperava uma porcentagem de 20% a mais de público do que realmente teve e considera que não alcançou essas expectativas porque os filmes em 2017 agradaram mais os espectadores do que em 2018. Bernardini aponta o filme Maria Callas - Em Suas Próprias Palavras (Imovision) como um dos grandes lançamentos do ano, mas que não foi uma grande aposta dos exibidores. “Teve muito exibidor que resolveu não colocar o filme, mas se arrependeu no final. No geral, o cinema francês ainda é muito bom, eu diria que é o melhor depois do americano em quantidade e qualidade”, comenta o empresário, que está otimista quanto ao novo ano: “Acredito que vai melhorar, já está melhorando desde novembro. Os números estão dentro do que a gente espera. E tem um negócio: quanto mais a pessoa vai no cinema, mais ela quer ir ao cinema. Se ela vai duas vezes ao mês, passa a querer ir três. Então, tendo havido uma baixa antes, pode demorar um pouco até recuperar o ritmo anterior. Agora a expectativa é que haja uma retomada do público”.
A Imovision aposta em dois grandes lançamentos que podem trazer o espectador de volta aos cinemas: Climax, de Gaspar Noé, diretor que sempre traz temas polêmicos aos seus filmes; e Imagem e Palavra, de Jean-Luc Godard, que foi considerado um dos melhores filmes do renomado cineasta dos últimos 30 anos.
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