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26 Dezembro 2018 | Roberto Sadovski

Diretor americano não quer seus filmes comprados por estúdios

Gary Hustwit acredita que a distribuição independente é a única forma de manter controle total sobre seu trabalho

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(Foto: Big Top Multimedia)

Gary Hustwit, diretor e fotógrafo independente americano, ganhou notoriedade com o documentário Helvetica, que em 2007 partiu da história da famosa fonte tipográfica para investigar o design gráfico e seu impacto na cultura visual mundial. Hustwit também navega na contramão do desejo da maioria dos cineastas, que é fechar um acordo para distribuição de seus filmes: ele prefere fazer tudo sozinho, do marketing aos acordos com redes de exibidores. 

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“Eu consigo alcançar meu público-alvo melhor do que ninguém, e nem preciso dividir os lucros”, explica o diretor em entrevista para a Variety. “Muitos cineastas têm essa ilusão que, se você assinar com um distribuidor, eles terão todo o trabalho. Não é verdade.” Ele aplicou essa mesma filosofia com seu trabalho mais recente, Rams, documentário sobre o designer industrial alemão Dieter Rams. E ele pode ter um argumento muito bom para sua iniciativa. 

Rams já foi exibido em 75 cidades pelo mundo, em cinemas alugados pelo próprio Hustwit. Além disso, o artista geralmente recebe seu público antes da sessão – mais de quarenta eventos tiveram sua presença –, que terminam em debates acalorados com o público. Em São Francisco, uma exibição lotada contava com 2,2 mil pagantes, resultando em US$ 55 mil – outra exibição, essa em Londres, atraiu 2 mil interessados e uma receita de US$ 46.250 mil. Mais surpreendente foi a presença do próprio Dieter Rams, que não raro terminava as exibições atendendo ao público, ávido por selfies com o ícone do design, hoje com 86 anos. 

Para alardear as sessões que realiza em todo o mundo, o diretor usa suas redes sociais – 135 mil seguidores no Twitter, além de 11.400 no Instagram. Além disso, o cineasta mantém um mailing com pessoas de interesse e usa seu website pessoal para anunciar os próximos eventos e também vender versões digitais de seus próprios filmes. A resposta dos fãs vem da visão em cavar seu próprio nicho: seus filmes são sempre sobre design industrial, e como a oferta é escassa, a procura termina respondendo em proporção inversa. 

Festivais como Cannes e Sundance? Para Hustwit, são uma perda de tempo, já que seu principal objetivo é justamente garantir um acordo para distribuição. “É para isso que serve a internet”, garante. “Se eu tenho contato direto com o público, por que buscar um atravessador para construir um relacionamento com o consumidor?”.

A maioria de seus filmes tem orçamento de US$ 500 mil – Helvetica já lhe rendeu mais de US$ 2 milhões desde seu lançamento. Rams segue o mesmo caminho, colocando até agora US$ 345 mil em seu bolso. O cinema, por sinal, é apenas a parte inicial de seu esquema de lançamento, já que a maior parte dos lucros advém justamente do lançamento em plataformas digitais. O diretor geralmente usa sites de financiamento coletivo para bancar seus trabalhos (Rams teve US$ 300 mil levantados no Kickstart), e garante que o risco é compensado pelas vantagens. “Auto distribuição nunca foi um plano B”, completa Hurtwit. “Para mim sempre foi o plano A. Dessa forma, eu não preciso fazer nenhum controle de danos se outra empresa de distribuição faz alguma burrada.”

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