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14 Dezembro 2018 | Roberto Sadovski

Fox faz sua última apresentação na CineAsia como estúdio independente

Aquisição pela Disney marca o fim de uma era e o negócio mais importante para o mercado do cinema em 2018

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(Foto: ETHAN MILLER)

Um ano se passou desde que a Walt Disney Company colocou a concorrência para trás – no caso, a gigante ComCast – e comprou parte da 21st Century Fox por US$ 71.3 bilhões. 2018 se tornou, então, o ano de colocar a casa em ordem. Enquanto a Disney aguardava a burocracia e a aprovação de agências regulatórias pelo mundo, a Fox começou a reestruturar seu quadro executivo, deixando tudo arrumado para uma fusão que deve se concretizar até o meio do ano que vem.

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O panorama do mercado mundial de cinema certamente não será o mesmo. Para começar, serão cinco, e não seis, as majors que mandam no mundo do entretenimento. É certo que muita gente vai perder o emprego, ao mesmo tempo em que outras mudanças serão consolidadas – a Marvel, por exemplo, terá controle no cinema das séries X-Men e Quarteto Fantástico, que até então não podiam ser integradas a seu Universo Cinematográfico.

O clima, portanto, tornou-se propício para uma apresentação agridoce do line-up da Fox na edição mais recente do CineAsia, convenção que reúne exibidores e distribuidores em Hong Kong. Mesmo com a atmosfera de despedida, o painel exibido pelos executivos da Fox Andrew Cripps, presidente de distribuição internacional, e Kurt Rieder, VP executivo de lançamentos em cinema da região Ásia-Pacífico, manteve o espírito de “os negócios continuam”.

A dupla entrou e deixou sua apresentação lotada ao som do Queen, motivado, claro, pelo sucesso global da cinebiografia Bohemian Rhapsody. Eles ressaltaram que o ano foi incomum, mas que o trabalho de fazer e vender filmes nunca foi exatamente fácil. Ainda assim, a Fox fecha 2018 com US$ 2 bilhões em caixa somando a bilheteria internacional, um sucesso contínuo há uma década. Para quem esperava contos dos bastidores da transição, Cripps foi rápido ao dizer que não tinha nenhuma história sobre a aquisição pela Disney para compartilhar.

Histórias, por outro lado, empilharam-se ao longo do ano. A aprovação pelas agências regulatórias foi um calvário, em especial nos Estados Unidos, onde o Departamento de Justiça questionou a aquisição da Time-Warner pela AT&T. Apesar do temor por ser uma operação de certa forma similar, a corte aprovou a fusão da concorrência, dando o carimbo necessário para a Disney posteriormente seguir com o negócio com a Fox. Foi o sinal verde para o resto do mundo seguir em frente, com as autoridades chinesas também aprovando a aquisição sem restrições – o que foi um choque, dada a atual guerra comercial entre China e os Estados Unidos de Trump.

A União Europeia também deu sua bênção, com a condição de a empresa vender alguns de seus canais a cabo no continente – no território americano, a Disney também vai vender 22 redes de TV esportivas regionais, o que despertou o apetite de players até então tímidos, como o Sinclair Broadcast Group, a Tegna, a KKR e até a Amazon. Curiosamente, o Brasil ainda não bateu o martelo para a fusão, com o temor de nossa agência regulatória com um eventual monopólio da Disney no mercado de canais esportivos na TV a cabo. A empresa, por sua vez, dispersou o temor dizendo que isso faz parte do processo, e que continua colaborando com a agência para não deixar nenhuma ponta solta.

Apesar do investimento absurdo, a Disney parece fechar o ano em melhor posição do que quando fez a oferta final pela Fox. A venda de parte da Sky PLC na Europa (que foi adquirida ironicamente pela ComCast) e a das 22 redes de TV esportivas regionais oxigenou as finanças da empresa, aliviando em dezenas de bilhões o custo de toda a operação. O CEO da Disney, Bob Iger, disse recentemente que espera finalizar toda a burocracia antes dos doze meses inicialmente previstos para fechar a operação. Já no campo da Fox, o presidente do estúdio, Peter Rice, deixou seus funcionários preparados, garantindo que eles estarão prontos para fechar a lojinha e entregar a chave ao novo proprietário em 1 de janeiro.

Nada disso, porém, pareceu abalar Andrew Cripps no palco da CineAsia. Ele e Rieder apresentaram trailers de O Menino Que Queria Ser Rei, mostrou teasers da animação Um Espião Animal e do drama A Favorita, além de levar uma sequência em 3D de Alita: Anjo de Combate (que estreia em fevereiro) e de 15 minutos de X-Men: Fênix Negra (que chega aos cinemas em junho). Entre aplausos entusiasmados dos distribuidores e exibidores asiáticos, bem como de executivos da concorrência, Rieder encerrou com humor. Ao mostrar o calendário de lançamentos até 2020, com o reboot de O Exterminador do Futuro e os vários Avatar de James Cameron, ele decretou: “Então é isso que dá pra comprar com US$ 71 bilhões hoje em dia”.

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