13 Dezembro 2018 | Roberto Sadovski
Magnata revela planos para o circuito Landmark Theaters
O investidor bilionário Charles S. Cohen comprou a rede de cinemas independentes após anos de “namoro”
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Foram sete anos de investidas que finalmente deram resultado. Como já falamos aqui no Portal Exibidor, o distribuidor, produtor e magnata dos imóveis Charles S. Cohen finalmente adquiriu a rede de cinemas Lardmark do investidor Mark Cuban. Cinéfilo notório e apaixonado pela preservação da memória do cinema, Cohen agora tem uma rede para chamar de sua. A pergunta que ficou no ar é: qual o próximo passo?
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Em entrevista à Variety, o bilionário falou que é hora de arregaçar as mangas e entender como representar a Landmark para o público, sem que a rede perca suas características, em especial garantir espaço no cinema para produções estrangeiras e filmes independentes. O negócio, que não teve valores divulgados (o mercado especula algo em torno de US$ 75 milhões), abrange 52 cinemas com 252 salas em vinte mercados.
Antes de Cohen bater o martelo com sua oferta, a Netflix e a Amazon apontaram interesse em adquirir os cinemas, especialmente em uma época em que as plataformas de streaming vivem uma verdadeira guerra fria com os exibidores, usando lançamentos com janelas ínfimas como modo de se classificar para a competição do Oscar. “Eu sou um grande entusiasta da experiência cinematográfica”, rebate Cohen. “Não há nada melhor na vida do que assistir a um filme criado por alguém que colocou seu coração e sua alma no trabalho – a gente quer ver numa tela grande, e a gente quer compartilhar essa experiência com o público.” Político, ele ressalta que toda plataforma tem seu mérito, e que qualquer ação que faça o cinema chegar ao público deve ser encorajada.
Até porque a Landmark é um dos grandes parceiros da Netflix: ao contrário de grandes redes como AMC e Cinemark, a rede independente abre espaço para o gigante do streaming colocar seus filmes em tela grande, mesmo que seja por um período classificatório. “Não acho que faça diferença quem está distribuindo o filme”, continua Cohen. “Se a Landmark tem a capacidade de ceder seu espaço, e se é o trabalho de um grande cineasta, então é algo a ser celebrado.” O caso mais recente e notório é Roma, obra-prima de Alfonso Cuarón, que encontra-se em cartaz em salas da rede antes de sua estreia na Netflix.
Ainda assim, Cohen entende que a questão da janela de exibição mínima é um problema que logo terá de ser abordado por todos os envolvidos – de grandes estúdios e redes de exibição a distribuidores e plataformas de streaming. “Está na hora de todos sentarem para pensar numa solução que funcione”, especula. “O que eu sei é que nunca tivemos tantos filmes sendo lançados, só em Nova York são entre 20 e 25 novos filmes a cada semana! Não é ótimo ter diversas opções para assistir a todos?” O investidor lembra que, antigamente, a única opção para ver um filme fora do cinema era apelar para uma cópia em 16 mm na biblioteca pública. “O problema é o dinheiro usado para promover um lançamento em milhares de telas”, continua. “Eu entendo a lógica de cobrir o maior número possível de salas, mas no fim o único que precisa ser contemplado com uma solução é o público.”
Curiosamente, Charles Cohen não tem planos em integrar algumas inovações dos cinemas modernos em sua rede recém-adquirida. Ou seja: nada de comida gourmet, nada de assentos reclináveis: a única coisa que importa, a única coisa que levará o público ao cinema, é a qualidade do filme. “Eu não acredito que você deva ir ao cinema para tirar uma soneca”, brinca. “Eu vejo um monte de chamariz assim, como jantares servidos nas salas, poltronas que quase se tornam camas. Acho que tudo não passa de distração, e tudo tira a seriedade do que o artista está pedindo para o público perceber.” Ou seja, nada de poltronas com movimento e lufadas de ar na Landmark: “Para filmes independentes, estrangeiros ou de arte, além de filmes clássicos, que são minha paixão, a atmosfera e o local são importantes”.
E nem pense em pegar o telefone para enviar um texto nos cinemas Landmark: “Por que não deixar que o público também troque de roupas no cinema? E talvez tomar uma ducha....”.
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