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08 Outubro 2018 | Roberto Sadovski

Rede de cinemas italiana se recusa a exibir filmes da Netflix

UniCi Consortium só mudará sua decisão com regulamentação para proteger o exibidor

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(Foto: UniCi)

A batalha entre a Netflix e os cinemas em todo o mundo está longe de terminar. A UniCi Consortium, rede de cinemas independentes que opera em conjunto na Itália e representa certa de 15% das bilheterias no país, decidiu não exibir mais nenhuma produção do gigante do streaming. A pressão da entidade é para acelerar a implantação de novas regras para a indústria local, inclusive garantir uma janela de exibição saudável para filmes na Itália.

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“A ausência de regras já nos deixou expostos para abusos que são inaceitáveis e não podem se repetir”, criticou, em uma carta aberta, o presidente da UniCi, Andrea Mallucelli. O foco é abrir um diálogo com o MIBAC, o ministério que cuida da herança e atividades culturais no país. “O que queremos são novas geras para um novo mercado”, explicou.

A polêmica com a Netflix ficou acirrada depois da última edição do Festival de Veneza, que premiou o drama Roma, de Alfonso Cuarón, com o Leão de Ouro de melhor filme – uma produção Netflix. Os exibidores criticaram a direção do Festival, que é financiado com dinheiro público, por abrir espaço considerável para a máquina de marketing da plataforma de streaming, que apresentou seis filmes em Veneza, depois de ter suas produções banidas em Cannes.

O maior problema, no entanto, foi o lançamento do drama policial Sulla Mia Pelle nos cinemas italianos imediatamente depois de sua estreia em Veneza, simultaneamente com sua disponibilização online. Embora não tenha feito uma carreira desprezível nos cinemas, foi boicotado por muitos exibidores, causando inclusive a saída de um de seus produtores, Andrea Occhipinti, da ANICA, a Associação Nacional de Cinema da Itália – ele se desligou por acreditar que poucos cinemas acreditaram no filme. 

A Itália não segue nenhuma janela de exibição oficial, mas sua indústria funciona com um acordo informal que enxerga a distribuição de um filme em outras mídias ao menos um mês após sua estreia nos cinemas. “Temos confiança que, com um modelo firmado e oficial, o cinema sempre será mais competitivo do que qualquer outro operador”, acredita Malucelli, enfatizando que hoje o mercado no país trava uma batalha feroz contra a pirataria. “É toda uma cadeia em comunicação contínua, a partir da campanha promocional, para tornar a experiência do cinema mais agradável e trazer um público mais jovem.”

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