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10 Setembro 2018 | Roberto Sadovski

Presidente da NATO se pronuncia sobre a Netflix

John Fithian pede ao gigante do streaming que dê uma chance a seus filmes nas salas de exibição

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(Foto: CHRIS PIZZELLO/INVISION/AP)

A experiência de assistir a novos filmes de grandes diretores parecia fadada a saltar a etapa da exibição nos cinemas quando Alfonso Cuarón e os irmãos Joel e Ethan Coen fecharam com a Netflix para a produção e distribuição de seus novos trabalhos. Se depender do presidente da NATO (National Association of Theatre Owners), porém, existe um meio-termo a ser navegado.

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Em um evento durante o Festival de Toronto, o CEO da National Association of Theater Owners, John Fithian, colocou na mesa que a Netflix devia seguir os passos da Amazon e dar a seus filmes credenciais para se destacar na temporada de premiações do fim do ano uma experiência nos cinemas completa. "Nosso modelo também pode funcionar para seus filmes", disse Fithian em entrevista ao Hollywood Reporter. "Se você quer uma exibição nos cinemas, então abrace a exibição nos cinemas."

Fithian se refere à janela de exibição em tela grande que todo filme precisa experimentar para uma classificação para o Oscar, por exemplo. Mas a Netflix indicou que colocar seus filmes nos cinemas, por um período que não ultrapasse o necessário para seguir as regras para uma indicação ao prêmio da Academia, não passava de um mal necessário. Dessa forma, obras como Mudbound - Lágrimas Sobre o Mississipi, que ganhou quatro indicações ao Oscar este ano, mal cumpriam uma semana em cartaz e já foi disponibilizada pela plataforma de streaming.

"Um filme lançado nos cinemas é diferente", argumenta Fithian. "E um filme de cinema precisa ter um compromisso sério com seu lançamento em salas de exibição, e não algo que não passe de estratégia de marketing." Embora os milhões investidos em cada vez mais filmes signifique mais conteúdo para um público ainda maior, o executivo defende que certas produções precisam de uma janela maior em salas de exibição, até porque um lançamento limitado e simplesmente qualificatório pode prejudicar a relação com os donos de cinema a longo prazo.

Por um lado, o financiamento proveniente de estúdios fica mais e mais esparso para filmes "médios", que não tem a alavanca de marketing de um candidato a blockbuster; por outro lado, não há nada que se compare com a experiência de ver qualquer filme em tela grande. É por isso que criadores como os irmãos Coen, que exibiram The Ballad of Buster Scruggs no Festival de Veneza, garantem que seu filme terá lançamento caprichado em um circuito exibidor robusto, mesmo sendo uma produção Netflix.

"Não é questão de molhar o dedo na exibição nos cinemas", enfatiza Fithian. "É preciso que um filme tenha a chance de funcionar." Esse é o desafio lançado à luz de Roma, novo filme de Alfonso Cuarón, que ganhou no último sábado o Leão de Ouro como melhor filme do Festival de Veneza. Seu último filme, Gravidade, também fez barulho ao abrir a festa na cidade italiana fora de competição em 2013, e terminou levando sete Oscars para casa. Rodado em preto e branco e com elenco desconhecido, Roma é um drama autobiográfico do diretor e exatamente o tipo de filme de prestígio que pode encontrar seu público com um lançamento nos cinemas. O modo como isso será realizado é justamente o desafio nas mãos da Netflix, produtora do filme.

A Netflix atraiu nos últimos anos uma gama enorme de talentos para criar seus filmes originais. Só este ano eles lançam novos trabalhos de Paul Grenngrass (22 July), Gareth Evans, (Apostle) e Orson Welles (o documentário The Other Side of the Wind, que o lendário diretor rodou entre 1970 e 1976). Além de épicos como Outlaw King (com Chris Pine) e o terror pós-apocalíptico Bird Box (com Sandra Bullock e Sarah Paulson), a plataforma prepara para ano que vem o novo filme de ação de Michael Bay (Six Underground) e o novo épico de Martin Scorsese (The Irishman, que reúne Robert DeNiro, Al Pacino e Joe Pesci).

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