05 Setembro 2018 | Roberto Sadovski
Riole apresenta soluções para acessibilidade em SP e RJ
Empresa demonstrou sua tecnologia em sessões para agentes do mercado
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Desde que o governo brasileiro definiu, em setembro de 2016, a Instrução Normativa 128 para implantar a acessibilidade para deficientes visuais e auditivos nos cinemas do país, exibidores e distribuidores quebraram a cabeça para buscar um meio de realizar essa instalação. O problema ia além do hardware e do software, mas envolvia reestruturação física das salas e até a questão da pirataria – enquanto a audiodescrição e a legendagem pode ser feita pelos próprios estúdios, a tradução em linguagem de libras seria terceirizada, aumentando o risco de grandes lançamentos alcançarem o mercado informal (e ilegal) antes mesmo de chegar às salas de projeção.
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Uma das soluções foi apresentada em duas sessões para os exibidores em agosto, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e mira resolver não só a questão da acessibilidade, mas também como fazer com que a experiência seja completa para o portador de deficiência, sem que ela seja prejudicada para o resto do público. Batizado ProAccess, o sistema desenvolvido pela empresa paranaense Riole permite que a experiência do filme seja aproveitada por todos. O ProAccess consiste em um processador que decodifica o sinal de áudio digital e as informações da legenda descritiva, enviando-o para emissores de infravermelho instalados no alto das salas. Receptores de audiodescrição e display para legendas descritivas e libras traduzem a informação para o usuário. Os equipamentos não funcionam fora das salas de cinema e sua engenharia faz com que sua luminosidade não atrapalhe nem quem está sentado na poltrona ao lado.
“O ProAccess é incrível, mas preciso destacar a solução que os engenheiros da Riole encontraram para as libras”, aponta Ronaldo Bettini Jr., diretor de marketing da ETC Filmes, que produz o material em parceria com a empresa. “Era algo que para todos que acompanhavam as reuniões de câmera técnica parecia inatingível: extrair do DCP um arquivo inserido em um canal áudio, converter este arquivo para vídeo e entregar ao consumidor o conteúdo em tempo real.”
Ele ressalta que não só a tecnologia é 100% brasileira, mas ela se tornou a solução padrão mundial, publicado no site da ISDCF (Inter-Society Digital Cinema Forum), fórum internacional que discute questões técnicas e de desenvolvimento do cinema digital, em julho deste ano. O ProAccess independe de equipamentos pessoais, como smartphones, já que o receptor para audiodescrição e o display de legendas e libras (um tablet com a base acomodada no porta-copos da poltrona), estariam disponíveis no cinema. Para a demonstração da ferramenta, o filme escolhido foi O Protetor 2, com Denzel Washington.
Valores
Para o custo não cair no colo dos exibidores, a Ancine criou diretrizes para o financiamento do equipamento. Ricardo Martins, secretário executivo da diretoria colegiada da Agência, disse para uma plateia de exibidores no evento da Riole no Rio de Janeiro que o financiamento será de até 90% do valor investido, com taxas de juros de 0.5% ao ano + TR, carência para início do pagamento de seis meses até dois anos e um prazo de pagamento do investimento de dez anos. O financiamento, de acordo com o secretário, está nas mãos do BNDES e deve ser publicado até o final do mês de setembro de 2018.
Além disso, Bettini Jr. aponta que o aparelho para a acessibilidade também abre novas possibilidades para faturamento com publicidade. “São duas mídias, áudio e vídeo, que possibilitam a apresentação de futuros lançamentos, promoções, divulgação de produtos oferecidos pelo complexo”, aponta. “Ainda existe o marketing social que pode ser explorado, passando para o consumidor uma condição de autonomia no ambiente, já que é importante para este público saber onde localizam-se os banheiros e a bombonière, se o hall onde ele aguarda a sessão possui algum desnível ou escadas, saber que ao levantar a mão existe alguém preparado para atendê-lo”. O executivo acredita que a tecnologia de acessibilidade será um produto explorado pelas agências e adotado por grandes marcas, e que as empresas poderão até investir nos equipamentos para determinadas salas.
O prazo original para a implantação da acessibilidade, firmado em novembro de 2017, foi estendido por um ano, com a determinação que 50% das salas de grupos exibidores com mais de vinte salas, e 30% dos espaços com até vinte salas, estivessem adaptadas até então. A Ancine fechou a data limite de 16 de setembro de 2019 para que todo o parque exibidor brasileiro ofereça os recursos.
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