23 Abril 2018 | Fernanda Mendes, de Las Vegas
Exibidores e distribuidores comentam abertura do mercado cinematográfico da Arábia Saudita
Presidente da AMC contou em painel na CinemaCon como foi a abertura do primeiro cinema do país
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No dia 18 de abril o primeiro cinema da Arábia Saudita em mais de 30 anos foi aberto pela AMC, com direito à presença de Adam Aron, presidente da rede, e diversas autoridades do país. Para falar sobre a inauguração deste novo mercado na indústria do cinema, a CinemaCon organizou um painel que, além de contar com representantes da Fox e Universal, também teve a presença de Ahmed Ismail da Majid Al Futtaim Ventures (proprietária da Vox Cinemas) e, é claro, do próprio Aron.
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A chegada do cinema no país é uma consequência das mudanças não só do mercado como de comportamento e cultura. Segundo Aron, em uma sala cheia de homens havia a presença de uma princesa também. Algo raro em meio a cultura local. Além disso, em um país que sempre evitou as influências do Ocidente, no evento de abertura do cinema também houve pipoca e Coca-cola “como em todo bom filme”, brincou o executivo.
“É o poder da mídia pela primeira vez no país, criando um diálogo. Estamos orgulhosos de participar deste mercado”, disse John Fifthian, da NATO, abrindo o painel.
Com ingressos a US$ 20, a ideia é aumentar ainda mais o valor chegando até US$ 35. A explicação dos números, diz Aron, é que são 7 milhões de pessoas no país e apenas um cinema. “O mercado é tão sedento por cinema que o preço não os afeta”.
Ahmed Ismail que abrirá em breve também um complexo da VOX Cinemas no país, confirma a teoria de Aron, já que somente no ano passado a população da Arábia Saudita gastou US$ 30 bilhões em lazer fora do país.
Para o lado da distribuição, a abertura do mercado também empolga. Duncan Clark, presidente de distribuição internacional da Universal, conta que o mundo já viu algo parecido quando investiram nos mercados da China, Coreia do Sul e Rússia, hoje territórios com grandes bilheterias. Já Andrew Cripps, presidente de distribuição internacional da Fox, reforçou a responsabilidade de tomar atitudes em um mercado que vive há quase 40 anos sem um cinema. “Nossas decisões de hoje terão impactos futuros”.
Entre os benefícios da reabertura é que além da exibição dos filmes, os estúdios também poderão utilizar locações do país para gravar filmes. No entanto, um dos desafios será a proteção de conteúdo já que pelo aspecto de novidade os espectadores estão filmando e fotografando dentro das salas de cinema.
Programação
Para um país que tem os valores morais bastante tradicionais e rígidos, a programação dos cinemas também será algo delicado. O executivo da Fox contou que a estratégia do estúdio para o novo mercado se dará já na produção dos filmes pensando na classificação indicativa e que, inclusive, já estão com um primeiro projeto em andamento.
“Os diretores também precisam estar envolvidos. É muito encorajador que o governo dê esse passo na Arábia Saudita”, completou Clarck, da Universal.
Dentre os filmes que tendem a estar entre os sucessos do país, os executivos apostam no estilo “família” e blockbusters.
“Vendo a importância que eles dão ao verem um filme no cinema eu percebo o quão importante é o nosso espaço na indústria”, finalizou Aron.
Confira a cobertura completa do primeiro dia da convenção.
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