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23 Março 2018 | Roberto Dantas, do Rio de Janeiro

Projeto 5 Visões propõe uma nova realidade para os jovens com a realidade virtual

Aula inaugural do projeto trouxe um olhar diferenciado sobre a tecnologia

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(Foto: Divulgação)

Aconteceu na manhã desta quinta-feira, 22, a aula inaugural do projeto 5 Visões – Formação Técnica em Audiovisual (P5V). O Portal Exibidor esteve lá e conferiu a presença de alunos interessados no futuro do audiovisual e, claro, no próprio futuro profissional. Segundo os realizadores, o projeto nasceu em 2007, já capacitou 180 jovens e pretende, nos próximos seis meses, preparar mais 30 Técnicos Audiovisuais Multiplataforma, com idades variando entre 18 e 25 anos, de renda familiar baixa, com o Ensino Médio concluído ou ainda cursando.

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Coordenador do Medialab, laboratório de Computação da Universidade Federal Fluminense – UFF, parceiro da NVIDIA no Brasil, onde desenvolve uma série de pesquisas na área de games, Esteban Clua deixou a galera logo ligada quando abriu sua palestra citando o Holodeck, clássico ambiente de Realidade Virtual que apareceu na série Jornada nas Estrelas: Entreprise (2001) e em temporadas seguintes. Ele lembrou que o ano de 2016 foi considerado o ano da VR (sigla em inglês), embalado pela indústria de games, e que 2018 será o ano da Realidade Mista e da Realidade Aumentada. Ele reforçou para a turma que a questão da latência, que consiste em reduzir o tempo entre um acontecimento e a imagem correspondente a esse movimento nos óculos de VR, já pode ser superada, existe tecnologia para isso e, assim, a imersão não se perde e tampouco sensações como enjoos aparecem.

O adeus à TV?

Para o espanto de alguns, Clua preconizou o que poderia ser o fim do tão amado aparelho de TV da família brasileira diante dos óculos de VR (HMD). “Por que comprar uma TV de 60 polegadas, pagar R$ 10 mil, se eu posso ter o mesmo efeito, até melhor, em um aparelho que cabe na minha mochila?”, questionou, reforçando ainda que se paga menos pelo aparelho e que muitos dos alunos trabalharão nessa área. Segundo ele, já se fala que nos próximos cinco anos é provável que não faça mais sentido ter um computador de mesa. Para a turma, apresentou dados de uma pesquisa em que 95,5% aponta que a Realidade Virtual veio mesmo para ficar. Além disso, novos estudos já são realizados para melhorar a resolução das telas para evitar o mal-estar no usuário, citando os avanços da tecnologia com a tela Retina Display e na redução da “Maldição da Náusea” , bem como da já citada latência.

Clua provocou riso na galera quando exibiu testes feitos com humanos, que pelo “atraso” da informação visual derrubavam coisas, faziam movimentos de ginástica na hora errada, quebravam ovos fora da panela etc. Disposto a inserir mais novidade no “HD cabeça fresca” dos jovens ali, ligados na apresentação, ele falou ainda da Realidade Virtual Pervasiva, que consiste em interagir com o mundo real. Ou seja, o usuário do HMD vai abrir uma porta 3D, mas ele vai abrir uma porta de verdade no mundo real, vai sentir cheiros etc. Ele também falou da preocupação no trabalho dos desenvolvedores em eliminar o que ficou conhecido como “Ghost Sensation”, que é fazer com que o usuário durante a imersão possa se ver, em especial, as próprias mãos.

Realidade Virtual cada vez mais real

Sobre o termo Realidade Mista, usado lá no início da palestra, Clua explicou que consiste no uso de câmeras especiais, de profundidade, para trazer informações do mundo real para o virtual. Para concluir, salientou a importância do “deep learning” e que a Inteligência Artificial virá com muito mais força nos próximos anos, com avanços significativos em diversas áreas como os carros autônomos, que já é uma realidade, e a medicina. Essa, inclusive, era a área de atuação do outro palestrante do dia, Gerson Ribeiro, pesquisador de Tecnologias 3D para Medicina, que mostrou os avanços no setor e ainda trouxe um modelo real de coração impresso em 3D, para ser manuseado e “visitado” por dentro pelos alunos. Incrível. As palmas ao final das duas apresentações foram inevitáveis.

O 5 Visões é inteiramente gratuito e o processo seletivo foi intenso, como contou o coordenador Beto Moreira sobre os cerca de 200 inscritos nessa edição. Segundo ele, a ideia é atrair quem tem interesse na qualificação e está dentro dos critérios de renda, idade e escolaridade. “A entrevista pessoal, embora trabalhosa, é muito importante para os bons resultados que o projeto vem alcançando desde a primeira edição”, disse ele. A produtora cultural e gestora Tatyana Paiva salientou o aumento da autoestima dos participantes, melhora na renda familiar e dos níveis de escolaridade. “Muitos optam por continuar estudando”, disse, lembrando ainda o pioneirismo da iniciativa e a flexibilidade para convidar profissionais de ponta para dar aulas como Fabiano Boal (aula de assistente de câmera) e Heverton Sarah (jogos eletrônicos), entre outros.

O projeto conta com o patrocínio da Petrobras, Governo Federal, Petroserv e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, e ainda o apoio de parceiros como Titânia – Educação Arte Cultura e Meio Ambiente, DataPrev e Arcos Digital Filmes.

Confira a galeria com as fotos do curso.

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