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03 Novembro 2017 | Natalí Alencar

Cinema: espaço para promover debates sobre temas polêmicos

Cineclube no Caixa Belas Artes aborda questões relacionadas à morte

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Tom Almeida e Daniel Forte em sessão do projeto (Foto: Revista Exibidor)

A sala de cinema amplia cada vez mais suas possibilidades de utilização. Além de ser usada tradicionalmente para exibir filmes, é agora espaço para receber diversos eventos, encontros, shows e também formação e debate com a sociedade, incluindo temas polêmicos.

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O Caixa Belas Artes, em São Paulo (SP), recebe uma vez por mês o Cineclube da Morte, um espaço para exibir filmes e discutir com especialistas e a sociedade questões sobre como lidar com a morte, cuidados paliativos e temas relacionados como a eutanásia.

Com início em agosto de 2017, o projeto abriu com sessões esgotadas e já realizou outras duas exibições (setembro e outubro). Até o fim do ano, outras duas estão previstas, em novembro (O Quarto Filho) e dezembro (Truman).

A ideia surgiu do consultor Tom Almeida que, após passar por uma situação da morte de um ente querido, decidiu criar o projeto ao lado da Dra. Ana Claudia Arantes, especialista em cuidados paliativos no Brasil.

Tom também conta com o médico Daniel Forte, pós-doutorando em Bioética pela USP, coordenador do programa de Cuidados Paliativos do hospital Sírio-Libanês e presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativo, na programação dos debates.

“Eu passei por essa experiência e vi como as pessoas reagem. Romper o silêncio e ter coragem para abordar um assunto tão difícil, como a entrada de cuidados paliativos, mudou a minha vida e me deu mais qualidade de vida. Falamos de tratar as dores emocionais e espirituais. A morte pode ser um processo muito menos doloroso e falar sobre isso pode dar mais sentido à vida”, contou o idealizador da iniciativa, Tom Almeida, em entrevista ao Portal Exibidor.

Ele comentou que a resposta do público ao projeto é muito positiva e que o interessante é ver a diversidade de pessoas que vão, desde a área médica, até curiosos, todos interessados e sedentos por discutir o tema.

Sobre a escolha do espaço, o cinema, o consultor cita que a sala de projeção cria um ambiente propício, principalmente após a exibição do filme que fomenta a abertura da discussão. “A arte inspira, ela vem de uma forma sutil e cria uma estrutura. Escolhemos cada filme para abordar o mesmo assunto, mas de diferentes perspectivas”, explica.

A ampliação ou o futuro do projeto ainda é incerto, mas o objetivo é que ele motive outras iniciativas similares ao redor do País.

“É um projeto piloto e o retorno é bom. Queremos continuar e porque não expandir, mas ainda não temos nada desenhado. O mundo precisa dessa conversa, queremos que saia do universo dos médicos. Nossa intenção é que o projeto cresça e vire um modelo, que sirva de inspiração”, finaliza.

No Brasil, há apenas 127 equipes especializadas em cuidados paliativos e somente 0,3% da população tem acesso a esses cuidados.

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