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15 Maio 2017 | Fernanda Mendes

Dificuldades do mercado cinematográfico latino-americano são debatidos na Semana ABC

Em mesa redonda, representantes de diversos países ressaltaram a importância da união entre os países da América Latina

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Profissionais debate durante o painel "Cinema latino-americano contemporâneo: quanto mais regional, mais universal?" (Foto: Semana ABC)

A 15ª Semana ABC, realizada entre 10 e 12 na Cinemateca Brasileira (SP) contou com diversos debates, dentre eles os desafios na direção de fotografia, a relação com o set de filmagem, os processos criativos na cinematografia e uma masterclass com Affonso Beato, diretor de fotografia de Tudo Sobre Minha Mãe. Todos os conteúdos das palestras estão disponíveis na íntegra no site da entidade.



Conduzido por Marcelo Trotta, diretor de fotografia e integrante da ABC (Associação Brasileira de Cinematografia), um dos temas abordados de maior relevância foi o cinema latino-americano. O debate permeou as dificuldades da região, novas perspectivas e, principalmente, a identidade da América Latina, na visão de cinco representantes da FELAFC (Federação Latino-americana de Autores de Fotografia Cinematográfica), associação criada há dois anos.

“Temos uma história de briga com nossos vizinhos e não temos possibilidades para encontros. Esses espaços como a semana ABC são bons para podermos discutir o cinema”, afirmou Llano, representante da Associação Chilena de Cinematografia (ACC).

Nesta questão, uma unanimidade entre os convidados foi a opinião de que o mercado cinematográfico da América Latina não possui um diálogo entre si, há um certo desconhecimento do público e profissionais do que acontece na região.

Apesar da falta de conexão, Marcelo Trotta chamou a atenção para as semelhanças, como os assuntos abordados e a linguagem dos filmes.

“Temos que educar o nosso público e as gerações que estão se preparando para fazer cinema, assim vamos conseguir nos conectar, mudar o pensamento e fazer com que esse cinema da América Latina nos pertença e seja uma extensão das nossas próprias ideias”, completou Llano, da ACC.

Streaming x Cinema

Outro ponto de discussão foi a falta de espaço das produções regionais em seus próprios países. Na visão dos convidados, o caminho para um filme chegar até a sala de cinema, é algo muito difícil e muitas vezes, insuficiente.

No México, por exemplo, os longas regionais quase não chegam ao circuito comercial, tendo apenas um fim de semana de exibição. Por outro lado, o streaming, segundo Guillermo Granillo, da Sociedade Mexicana de Autores de Fotografia Cinematográfica (AMC), é uma ótima plataforma para a visibilidade dos filmes mexicanos e para a abertura deles ao resto do mundo.

A deficiência na distribuição e no marketing também são empecilhos, principalmente por falta de verba. Para o brasileiro Marcelo Trotta, estas áreas ainda devem ser aprimoradas. Por isso, o diretor de fotografia também ressaltou as oportunidades que as plataformas streaming e VOD dão aos filmes com pouca verba.

“No Brasil são 100 filmes por ano e apenas quatro tem mais de 1 milhão de espectadores. Esse mundo do VOD proporcionou uma coisa muito maluca de visualização do nosso conteúdo”, afirmou.

Situação similar também passa o Chile, que, no entanto, está mudando graças à aprovação da população aos longas e a exibição nos cinemas como consequência dessa demanda. Recentemente, o país inaugurou a Sala K, um espaço que é uma extensão de uma sala de correção de cor, em que após as sessões também há a discussão dos filmes.

Futuro

Ricardo Matamoros, da Sociedade Venezuelana de Cinematografia, a SVC, alertou para os próximos passos do mercado, que, segundo ele, será de explosão na produção. Mas, para que os conteúdos tenham público, Matamoros alertou para a necessidade de união do mercado.

“A federação está aqui hoje para dar este recado de otimismo sobre o futuro e um chamado para enfrentar isso com responsabilidade. Em vez de ter pouco público, como 5 mil, 20 mil, temos que nos reconhecer. A universalidade quer ver a região latino-americana, não quer ver um país sozinho”, completou.

Para finalizar, Adrian Teijido, presidente da ABC, reforçou a qualidade do cinema feito na América Latina, sendo exemplo para o resto dos países.

“Todos da América Latina temos as mesmas dificuldades ligadas a budget. Mas muitos fizeram como podiam e criaram um estilo baseado nessas dificuldades. Os outros países admiram muito isso. Vamos olhar mais para nós”, comentou.

A 15ª Semana ABC terminou com a cerimônia do Prêmio ABC 2017, quando foram homenageados diversos profissionais da cinematografia brasileira em 2016. Elis foi o principal vencedor da noite com três dos prêmios para longa-metragem (som, direção de arte e fotografia).

Confira também a galeria do evento!

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