10 Maio 2017 | Vanessa Vieira
Movimento de desconcentração regional de shoppings reflete no mercado exibidor
Estudo aponta cenário atual da indústria de centros de compras, altamente ligada ao setor cinematográfico
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A relação de dependência entre o segmento de shoppings e o de cinema já é conhecida no mercado brasileiro e se confirma a cada ano como mostram os dados de um estudo divulgado pela Associação Brasileira de Shopping Centers – ABRASCE, o “Censo Brasileiro de Shopping Centers 2016/2017”.
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Das 3,1 mil salas do circuito exibidor nacional em 2016, 88% estão em centros de compras. Além disso, 90% dos 558 shopping centers em funcionamento até o fim do ano passado tinham cinema. Lembrando também que o número das telonas em shoppings aumentou 4,9% de 2015 para 2016, mais do que o crescimento dos próprios shopping centers (3,7%).
Essa relação de negócios também se evidencia na concentração regional tanto do parque exibidor quanto dos shoppings. De acordo com o material da associação, os centros de compra permanecem altamente concentrados regionalmente, tanto que dos 558 centros de compras do País, 300 estão no Sudeste.
Das demais regiões, nenhuma chegou à marca de 100 shoppings, sendo o Sul a região que mais se aproxima, com 93. Os centros de compras, inclusive, estão somente em 5,5% dos municípios do País, reunidos principalmente em cidades que tenham entre 100 mil e 10 milhões de habitantes (87%).
No entanto, esse cenário tem registrado certa mudança. Se o crescimento do parque exibidor em cidades menores foi um dos destaques do setor em 2016 segundo informe preliminar da ANCINE, a ABRASCE apontou que, na indústria de shoppings no mesmo ano, apenas sete dos 20 novos empreendimentos foram inaugurados nas capitais dos Estados.
Porém, essa mudança não começou agora. A indústria de centros de compras registrou ao menos 56 cidades que receberam seus primeiros shoppings nos últimos seis anos. E ainda há espaço para crescer, segundo a associação do setor. Vale lembrar que essa indústria brasileita completa 50 anos em 2017.
O Brasil tem uma boa média de área de lojas em shoppings, 7,4 m² por cem habitantes, nos EUA, por exemplo, são 219 m², no Chile 20 m² e no México 14 m². Porém, apenas 19% das vendas em varejo no País acontecem nos centros de compras (nos EUA são 55%). Além disso, a entidade ainda destacou no estudo que 10% dos shoppings existentes estão em processo de expansão e 22% afirmam terem planos de expandir nos próximos dois anos.
Assim, esse espaço no mercado para mais shoppings pode significar mais espaço também para a telona. Afinal, o cinema é considerado pela ABRASCE uma “loja-âncora” essencial para esses centros de compras, que costumam já incluir um local para essa função já na fase de planejamento do empreendimento. Apenas para 2017, a previsão é de 30 inaugurações de centros de compras.
Confira mais informações da indústria de shoppings e sua relação com o cinema:
Público-alvo em comum
De acordo com o Censo, o setor dos shoppings ainda prioriza classes sociais com maior poder aquisitivo, sendo a classe B a mais atendida com 43% dos shoppings contemplando esse público. A classe C é atendida por 30%, a A por 20% e a D por apenas 7%. Esse enfoque em classes “mais ricas” reflete, portanto, no público dos cinemas.
Regiões e cinemas
Das regiões brasileiras, o Norte é a que tem a maior média de salas de cinema por shopping, sete telas, apesar de ser a região com menos salas, 177, e menos shoppings, 26 – todos com cinema. O Sudeste é onde está localizada a maior quantidade de telas em shoppings, 1.440, com média de cinco salas por centro de compras e com telas em 90% dos shoppings. Essa média de cinco telas por shopping se repete no Sul, enquanto no Centro-Oeste e Nordeste a média é de seis salas. No geral, o País tem média de cinco telas por shopping.
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