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17 Fevereiro 2017 | Fernanda Mendes

Mercado de cinema se divide quanto às declarações de Donald Trump

O relacionamento tenso com outros países surpreende as companhias

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(Foto: Chip Somodevilla/Getty Images)

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos eleito no fim do ano passado, está há menos de um mês no poder e já causou algumas polêmicas, com suas ações políticas e discursos que dividem muitas opiniões.

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Uma de suas últimas ordens controversas foi a proibição da entrada de cidadãos de sete países muçulmanos nos EUA. No entanto, um juiz federal suspendeu temporariamente a ordem, que ainda está em batalha legal e deve repercutir nas próximas semanas.

Apesar de não estar mais em vigor temporariamente, a decisão de Trump travou um cenário de batalha política e, com isso, diversas entidades ligadas à produção e ao mercado cinematográfico mundial criticaram a decisão do líder político, entre elas, a Fox, que fez uma declaração com tom de preocupação em sua conta no Twitter.

“A 21st Century Fox é uma empresa global, orgulhosamente sediada nos EUA, fundada por imigrantes. Nós valorizamos profundamente a diversidade e acreditamos que a imigração é uma parte essencial da América”, afirmou o presidente da companhia, Lanchlan Murdoch.

Assim como a Fox, outras companhias também prometeram analisar o impacto que isso poderá acarretar a seus trabalhadores para criar um plano de assistência.

“A Viacom é uma empresa diversificada e global, e eu sei que muitos de vocês compartilham a profunda incerteza sobre o que está acontecendo por trás das recentes mudanças na política de imigração”, afirmou o CEO da Viacom, Bob Bakish, em um memorando interno, revelado pelo The Hollywood Reporter.

Outras empresas, como a Disney, não se posicionaram oficialmente contra o governo, mas, a companhia que faturou US$ 7 bilhões em 2016, tomou uma atitude que deixou clara a sua inquietação.

Bob Iger, CEO da companhia, cancelou sua participação em uma assembleia marcada na Casa Branca, com os executivos das principais indústrias dos EUA. Reed Hastings, da Netflix, também não participou da reunião, cancelando de última hora.

O executivo da Disney, que é declaradamente democrata (partido de Hillary Clinton), disse que apoiava o presidente republicano no começo de sua campanha, com esperanças na redução de impostos.

Além disso, durante os principais festivais de cinema, como o de Sundance e mais recentemente o de Berlim, diversas foram as declarações de personalidades conhecidas contra o político republicano.

"Se Trump decide que os abacates mexicanos, que são deliciosos, não vão entrar nos Estados Unidos, que não os coma. Inicialmente vai nos afetar, mas alguém vai comprá-los", apontou a cineasta mexicana María Novaro, durante o evento na capital alemã.

María se refere às falas recentes do líder americano contra o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que é um acordo entre os governos do Canadá, EUA e México.

O presidente da Cinépolis, rede mexicana, também afirmou que isso pode convencê-lo a comprar pipoca da Argentina ao invés dos Estados Unidos. Mas, segundo o jornal O Globo, quem está de olho nesta oportunidade é o Brasil.

Resistência

Mas não são só de críticas que vive o governo Trump. Há alguns mercados que não desistirão do país americano. Durante o World Economic Forum que aconteceu na cidade de Davos, na Suíca, o presidente do conglomerado chinês, Wanda Group, afirmou que quer concentrar seus investimentos no mercado europeu e, principalmente, nos Estados Unidos nos próximos anos. Cerca de US$ 5 a 10 bilhões por ano.

Apesar das tensões após a vitória de Donald Trump como presidente dos EUA, Wang Jianlin acredita que o político não irá fechar as portas do país para seus esforços econômicos.

No país americano, a Wanda já adquiriu diversos grupos em compras milionárias e, Chuck Shumer, senador do país americano, afirmou em uma carta que a companhia poderia estar agindo por ordem do governo chinês.

“Certamente o comércio será afetado pela tensão entre os dois governos. Se eu puder influenciar, estou disposto, mas eu não sou capaz disso”, afirmou Wang à Reuters, referindo-se às reuniões do senado no fim do ano passado para discutir as reais intenções dos investimentos da Wanda nos EUA.

Randall Stephenson, CEO da AT&T, também acredita que a eleição de Donald Trump pode ser boa para os negócios, pois está convicto que o governo estaria menos interessado em criar regras relacionadas com o modo como as empresas usam os dados dos clientes. Segundo a Variety, ele prevê que isso implicará em um "ambiente regulatório mais racional" e acrescentou que "isso vai ter um impacto sobre a rapidez com que a inovação acontece".

A declaração surpreendeu a todos já que Trump demonstrou que não é a favor da aquisição da Time Warner pela AT&T por US$ 85,4 bilhões e, inclusive, prometeu que iria proibir a negociação se eleito. No entanto, Stephenson acredita que o acordo pode ser aprovado sim pelo líder americano.

"Sempre que o presidente eleito dos Estados Unidos disser que não é a favor de algo, você tem que prestar atenção", afirmou, ainda sugerindo que a lei estava a favor das empresas.

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