25 Novembro 2016 | Vanessa Vieira
Diretor brasileiro do curta que será exibido junto a “Moana” acredita no talento nacional
Leo Matsuda falou ao Portal Exibidor sobre a experiência de criar “Trabalho Interno” e comentou o crescente reconhecimento de cineastas do País
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Já faz parte da experiência cinematográfica da Disney e Disney∙Pixar entregar, além da animação principal, um curta-metragem “surpresa” como um bônus para o espectador. Dessa maneira, era de se esperar que o lançamento de Moana – Um Mar de Aventuras também trouxesse um curta, mas a novidade dessa vez é que o diretor responsável pela produção é um brasileiro.
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O paulista Leo Matsuda trabalha na Walt Disney Animation Studios no departamento de storyboard desde 2008 e agora teve seu primeiro curta sob a marca Disney, Trabalho Interno, escolhido para anteceder a exibição de Moana. Ele já participou de projetos do estúdio como Detona Ralph, Operação Big Hero e Zootopia. Antes de atuar na empresa, Matsuda ainda participou de Rio, que foi dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, e de Os Simpsons: O Filme.
O cineasta contou sua trajetória para o Portal Exibidor, incluindo os dois anos que o curta levou para ficar pronto. “Geralmente leva um ano, mas chegou uma época em que Zootopia estava em uma fase de produção pesada e usava boa parte da equipe. No entanto, foi ótimo porque deu tempo de trabalharmos na história do jeito que queríamos”, comentou.
Matsuda frisou que não fez Trabalho Interno sozinho, reforçando a importância da equipe, e destacou a criação da “ideia” e da trama do curta como a fase mais complicada dentro dessa experiência. Ele também apontou a diferença entre trabalhar para um diretor e o desenvolvimento da própria visão enquanto cineasta. “Você tem que ter uma convicção, você é o capitão desse barco e precisa ser claro. Esse processo foi o mais pertinente para mim, de entender a minha voz”.
Leo contou que a história do curta foi inspirada em uma memória de sua infância nos anos 80, quando uma de suas diversões era ler a Enciclopédia BARSA, cujo oitavo volume era seu favorito e abordava a Biologia com páginas transparentes combináveis sobre o corpo humano. “Foi uma das memórias mais marcantes da minha infância”, disse. Esse tipo de visualidade também é utilizado em Trabalho Interno, que traz a história de um rapaz que se vê dividido entre a racionalidade do cérebro e os sonhos do coração.
Matsuda explicou que ele próprio traz uma dualidade ao ser descendente de japoneses e ter nascido no Brasil, unindo a lógica e a disciplina típicas do Japão com a alegria dos brasileiros. “É um tema meio sério, uma mensagem que eu considero como adulta de que a vida é um equilíbrio. Mas queremos atingir o público infantil, que vai gostar da fisicalidade da luta entre o cérebro e o coração. A criançada se diverte!”.
No entanto, o diretor defendeu que a Disney não tenta fazer filmes só para crianças ou só para adultos, mas sim para a família. Isso ajuda a evitar também que o potencial das crianças seja subestimado com produções com conteúdo muito “mastigado”. Já o papel do curta-metragem dentro do estúdio é apontado por Leo como ser um espaço de experimentação para testar talentos e tecnologias. “Muitas vezes o que você faria em um curta, não faria em um longa”.
Para Leo, apresentar Trabalho Interno junto à animação Moana é uma “experiência fantástica porque sei que, em pouco tempo, um público muito grande vai assistir”. Ele explicou também que, assim como é tradição do estúdio, as produções não têm narrativas complementares. “Ambos têm muita praia”, brincou o diretor, que comentou que o curta não terá diálogos, o que tornou o processo de criação do título um pouco mais difícil. Trabalho Interno já foi exibido em festivais como o Toronto International Film Festival – TIFF 2016 e foi bem recebido pelo público.
Potencial do Brasil
Matsuda afirmou ter percebido uma constante ascensão de cineastas brasileiros que inclusive disputam prêmios internacionais. Para ele, o País tem muito talento, mas tem que se desprender da necessidade apenas comercial dentro do setor audiovisual e se dedicar mais à fase de concepção de um projeto. “Se você não dedica seu tempo ao que quer contar, não consegue construir nada bom. Então espero que isso continue, que as pessoas vejam esses cineastas e que isso os incentive a acreditarem na voz deles”.
Para seu futuro, Leo Matsuda espera poder continuar dirigindo, especialmente agora que se apaixonou por isso. Mas, além da carreira como cineasta, ele já tem outros projetos confirmados e participará na sequência de Frozen: Uma Aventura Congelante e da continuação de Detona Ralph, que, para Leo, foi o longa de animação que mais o marcou até hoje.
Moana e Trabalho Interno estreiam nos cinemas brasileiros em 05 de janeiro de 2017.
Confira o trailer do curta:
Clique abaixo para ver ampliado:
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