17 Novembro 2016 | Vanessa Vieira
Exibidores da América Latina debatem dificuldades do mercado
Durante painel da Expocine 2016, executivo da Cinemaxx apontou falta de união entre pequenos cinemas do Brasil
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A mesa de discussão “Cinemas em pequenas cidades” fechou a programação de palestras deste segundo dia (17) da Expocine 2016 com a mediação de Ariel Direse, coordenador geral do Instituto Nacional de Cine y Artes Audiovisuales de Argentina – INCAA (Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais da Argentina, em tradução livre). Participaram do debate a argentina Gabriela Zamora, gerente comercial da Cinemacenter; o colombiano Diego Teheran, gerente de Marketing da Royal Films; e o brasileiro Gilberto Leal, diretor geral da Cinemaxx.
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Durante a discussão, Direse apontou como tendências para o mercado de cinema na América Latina o uso da projeção 3D e a demanda cada vez maior por lançamentos dublados. Porém, para ele, a digitalização do parque exibidor latino-americano foi a mudança mais relevante dos últimos anos porque trouxe facilidades para o negócio exibição, além de ter tornado mais fácil a abertura de cinemas em cidades do interior – o que ajuda na desconcentração do mercado em grandes cidades.
Em seguida, Gabriela apresentou o contexto atual da Cinemacenter, exibidora argentina com foco em cidades interioranas do território que hoje conta com 18 complexos próprios. Em 2015, a rede recebeu mais de 4,5 milhões de espectadores, o que representa 8,9% do total de público da Argentina e 19% do mercado de cinema do interior do país. “Sempre trabalhamos que o cinema tenha uma experiência incrível e única. Para nós, o mais importante é a fidelização de clientes e colaboradores”, comentou.
Assim como Gabriela, Theran também trouxe o panorama da Royal Films hoje. Com mais de 40 complexos e 250 telas, a exibidora colombiana tem mais de 40 anos de atuação e prevê a abertura de mais 150 salas até 2018 para ocupar 31% do market share local. Ainda para 2018 a Royal deve contar com 11 novas unidades apenas para cidades menores. Apesar de ter sido criada em uma grande cidade da Colômbia, a rede aposta mesmo é no interior do país e tem como principal diferencial o preço mais acessível tanto de ingresso quanto dos itens da bombonière. Além disso, a Royal hoje tem a maior cobertura da Colômbia e é a segunda maior exibidora do território.
Um detalhe interessante é que, no mercado colombiano, as três maiores empresas exibidoras são nacionais.
Enquanto tanto a Royal quanto a Cinemacenter apresentaram seus números, Gilberto Leal da Cinemaxx preferiu falar sobre a atual situação dos pequenos exibidores brasileiros ou os “nano exibidores”, que são aqueles que têm 1 ou duas salas em cidades com 40 mil habitantes ou menos. Ele também destacou a digitalização quase total do parque exibidor brasileiro que, entre os cinemas menores, é resultado do esforço conjunto tanto das empresas exibidores quanto da ANCINE.
Apesar dessa conquista, Leal afirmou que há um excesso de leis brasileiras sobre os exibidores, o que atrapalha o mercado. “Conversando com nossos colegas latinos, eles não têm tantas leis de meia-entrada e gratuidade. Essa intervenção do governo em querer legislar sobre nosso trabalho preocupa o exibidor pequeno”, explicou. Um dos problemas desse contexto seria a ausência de benefícios para o cinema pequeno.
Outra dificuldade destacada por Leal é a falta de conexão entre distribuidoras e essas empresas exibidoras que estão em cidades pequenas do Brasil, que ainda não conseguem ter uma boa negociação de lançamentos. Uma solução para isso, segundo o também presidente do Sindicato dos Exibidores do Estado do Rio de Janeiro, seria a união dos pequenos exibidores em torno de uma agenda única. Para tentar trabalhar essa questão, Leal anunciou que será realizado em São Paulo (SP) ou no Rio de Janeiro (RJ) um evento ainda no início de 2017 para reunir os representantes desses cinemas para que possam conversar com a ANCINE, por exemplo, com uma pauta única. Junto aos distribuidores a ideia seria semelhante. “Às vezes para negociar com distribuidoras, é mais interessante chegar representando 100 ou 150 salas”, afirmou.
Sobre as dificuldades que sentem na Argentina e na Colômbia, Gabriela e Teheran apontaram a falta de material publicitário para lançamentos nas cidades do interior. O executivo também relatou problemas na negociação com distribuidoras no início da atuação da Royal Films.
Veja a cobertura completa do primeiro e do segundo dia da Expocine 2016.
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