14 Outubro 2016 | Janaína Pereira
RioMarket apresenta pesquisa e estudo inéditos sobre mercado audiovisual
ANCINE aponta crescimento do setor de exibição cinematográfica, com aumento de 184% das salas de cinema
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O RioMarket, braço de mercado do Festival do Rio, apresentou um estudo e uma pesquisa inéditos sobre o mercado audiovisual brasileiro: Estudo de Comércio Exterior de Serviços Audiovisuais e Valor Adicionado pelo Setor Audiovisual. Realizada pela ANCINE, a pesquisa apontou o crescimento do setor de exibição cinematográfica, que também praticamente dobrou sua participação no valor adicionado pelo audiovisual na economia brasileira em 2014, com crescimento de 1,5% em relação ao ano anterior. “Hoje temos mais salas de cinema graças às políticas de expansão do parque exibidor, sobretudo no Norte e Nordeste e nas periferias das grandes cidades, além do investimento em digitalização das salas”, explicou o presidente da ANCINE, Manoel Rangel.
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Segundo o estudo, em 2002 existiam 1.635 salas de cinema no Brasil, e no ano passado esse número subiu para 3.005 salas, ou seja, um crescimento de 184%. Outro dado relevante está relacionado à exportação: em 2014 o país exportava mais produtos audiovisuais, e em 2015 passou a exportar mais conteúdo. Para Manoel Rangel, o setor apresenta um bom momento, mesmo diante da crise econômica e política. “Soubemos aproveitar quando o Brasil atravessava um bom momento, e mobilizamos exibidores, programadores e produtores. Até 2010, os exibidores tinham como foco apenas as classes A e B. A partir daquele ano, a classe C passou a ser o foco, aumentando o número de espectadores nas salas”, revelou.
Rangel acrescentou que a existência de uma política pública para expandir as salas de cinema continua em vigor, e assim o setor deve continuar crescendo. “Nosso foco central é ocupar o mercado inteiro, já que temos 200 milhões de brasileiros como potenciais consumidores do setor. Vale lembrar que o mercado audiovisual brasileiro tem muito a ser explorado ainda, tanto que não foi por acaso que a Netflix escolheu o país para lançar sua plataforma internacional”.
Celebrando os 15 anos da ANCINE, Manoel Rangel esclareceu quais são as pautas centrais da entidade para os próximos anos. “Queremos empoderar o produtor independente; precisamos olhar com atenção o Video on Demand (VOD), que deve contribuir com o setor de audiovisual nacional; e vamos dar atenção ao conteúdo brasileiro, porque dialogamos com vários canais como TVs abertas e fechadas e salas de cinema, e queremos valorizar isso”.
Pesquisa destaca importância do mercado audiovisual
Também foi apresentada no RioMarket a pesquisa O Impacto Econômico do Setor Audiovisual Brasileiro, elaborada pela Consultoria Tendências por encomenda da Motion Picture Association na América Latina (MPA-AL), com apoio do Sindicato da Indústria do Audiovisual (Sicav). A pesquisa mostrou que a indústria de cinema e televisão no Brasil injeta, diretamente, R$ 23 bilhões por ano na economia brasileira (valores de julho de 2016).
Os números surpreenderam até mesmo o diretor geral da MPA-AL, Ricardo Castanheira. “O mercado de audiovisual brasileiro tem contribuição maior do que a fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, uma indústria que é bem significativa no país. Esses números me deixaram surpreso, e mostram a força e potencial do nosso setor”, observou.
Castanheira apontou alguns diferenciais do mercado de audiovisual, como o uso de mão de obra qualificada (20,2% dos trabalhadores do setor possuem ensino superior completo) e salários maiores (média de pouco mais de R$3 mil). Mas, ainda que o audiovisual brasileiro seja responsável pela criação de 168,8 mil empregos diretos e 327,4 mil indiretos em 2014, ainda há muito o que fazer. “Precisamos de uma regulação do Video on Demand (VoD), mercado que está em potencial expansão. Além disso, a população brasileira ainda tem acesso restrito ao cinema, e o saldo comercial de serviços audiovisuais é negativo: exportamos pouco os nossos produtos”, revelou o diretor da MPA-AL.
Segundo Ricardo Castanheira, o preço médio dos ingressos no Brasil é mais caro que em outros países por causa da carga tributária. Com isso, o público tende a se afastar das salas de cinema e buscar na pirataria, via internet, uma forma de ter acesso ao mercado (músicas e filmes). De acordo com a pesquisa, 81% dos brasileiros consome audiovisual ilegal. “A pesquisa serviu para mostrar que as pessoas que acessam esse mercado ilegal independem da classe social. E o impacto da pirataria no nosso setor é grande: tivemos uma perda de 92 mil postos de trabalhos, que não foram criados por causa desta ilegalidade”, concluiu.
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