08 Junho 2016 | Verônica Domingues
Cine Pedal Brasil, cinema itinerante movido a energia limpa une sustentabilidade e arte
Evento já levou mais de 5 mil espectadores às exibições em Florianópolis, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre
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O cinema também pode ser um entretenimento sustentável. É com esse pensamento que a Inffinito, empresa responsável por festivais de cinema e eventos voltados ao audiovisual, decidiu trazer para o Brasil uma tecnologia estrangeira para exibir filmes com a energia humana.
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O Cine Pedal é a primeira mostra de cinema gratuita movida a energia limpa do País que vai percorrer diversas cidades até novembro. O mecanismo é simples: 20 pessoas pedalam em bicicletas fixas e geram entre 1.300 e 1.500 watts de energia, produzindo a potência necessária para a exibição dos filmes. No entanto, geralmente o encontro recebe um público superior ao necessário e a energia produzida é armazenada. Um sinalizador exibe em tempo real a energia produzida.
Para se ter uma ideia, uma bicicleta gera 12 watts. Se uma pessoa ficar sozinha em casa e pedalar durante meia hora, ela conseguiria assistir uma hora de televisão.
“Planejamos um evento em que não existe nada elétrico. Até a energia necessária para iluminação e recarga de equipamentos como celulares e tablets é proveniente das bicicletas”, conta Adriana Dutra, diretora da Inffinito e responsável pelo projeto no Brasil.
Para animar o público, sempre há um DJ convidado e a presença de 10 foodbikes. A ideia é que após as exibições o público permaneça para participar de debates sobre mobilidade urbana, sustentabilidade e meio ambiente. “Queremos deixar um legado para as cidades, estimulando os habitantes a refletir sobre essas questões”, afirma Adriana.
As cidades escolhidas
Com auxílio dos patrocinadores Cielo e Multiplus, a equipe da Inffinito decidiu quais cidades receberiam o evento. “Optamos por lugares que têm representatividade de ciclovia e contemplem as cinco regiões brasileiras”, explicou Adriana. Até novembro, 10 cidades brasileiras sediarão o Cine Pedal Brasil: Florianópolis, Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Salvador, Recife e Natal.
A escolha desses lugares foi bastante criteriosa. É possível chegar de bicicleta a todos os parques, praças e centros culturais escolhidos para sediar o evento.
A primeira edição, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), foi a que atraiu mais público. Entre os dias 21 e 22 de maio, 2 mil pessoas compareceram ao Parque dos Patins. Dessas, cerca de 600 pedalaram.
Em Florianópolis (SC), entre os dias 28 e 29 de maio, 1.800 espectadores compareceram à Praça Bento Silvério, mesmo com chuva. “Um dos dias ficou garoando todo o tempo e, de repente, vimos todo mundo sentado nas cadeiras segurando um guarda-chuva, foi lindo”, comentou Adriana. Cerca de 300 pessoas pedalaram na ilha.
A última edição aconteceu na cidade de Porto Alegre (RS) entre os dias 4 e 5 de junho. Cerca de 1.450 pessoas foram ao Parque Farroupilha, entre essas, 415 pedalaram.
Os longas Bike vs. Carros, O Menino e o Mundo e 5X Chico – o Velho e Sua Gente fizeram parte da programação.
Até o fim de julho, ainda estão programadas sessões em São Paulo (18 e 19 de junho), no Jardim Suspenso do Centro Cultural São Paulo – CCSP, e em Belo Horizonte (MG), entre os dias 9 e 10 de julho no Parque Municipal.
Para ser um voluntário na geração de energia limpa é simples. Basta se inscrever pelo site ou no próprio estande do Cine Pedal durante o evento. Se a procura for pequena, a equipe da Inffinito conta com um backup. “Mas isso nunca foi necessário”, comenta Adriana.
Depois de três edições bem-sucedidas, Adriana acredita que o maior impacto do Cine Pedal está no campo educacional. “Acho que o importante é perceber que existem outras formas de educar, que não tenham tantos custos. Seria maravilhoso se pudéssemos ter cinemas autossustentáveis de graça em todas as partes do Brasil porque o povo brasileiro precisa de cultura e educação”, reforça.
Para a segunda fase do projeto, que contemplará as outras cinco cidades, a programação recomeça em agosto.
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