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06 Maio 2016 | Vanessa Vieira

CineMaterna: o cinema como ponto de encontro para mães e seus recém-nascidos

Cofundadora fala sobre o projeto que realizou 900 sessões em 2015

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(Foto: CineMaterna)

A maternidade pode ser um momento bonito na vida de uma mulher, mas essa nova relação também pode trazer angústias e inseguranças. Foi pensando nos vários sentimentos que fazem parte desse período e na dificuldade de algumas mães “recém-nascidas” de saírem de casa que as amigas Irene Nagashima e Taís Viana criaram a ONG CineMaterna, em 2008.

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Com o Dia das Mães deste ano já se aproximando e depois de fazer parte da matéria “As várias faces do cinema” na edição 21 da Revista Exibidor, o projeto, que organiza sessões de cinema para mães e seus bebês de até 18 meses, ganha um destaque especial no Portal Exibidor, que traz a íntegra da entrevista realizada com a cofundadora da ONG, Irene.

Como surgiu a ideia para o projeto?

A ideia veio porque tínhamos uma necessidade pessoal. Eu e a Taís estávamos com os nossos filhos com menos de seis meses e eu estava desesperada para ir ao cinema. Em conversa com um grupo de mães resolvemos tentar ir ao cinema com os nossos bebês – foram 12 mães, “invadimos” uma sessão e isso fez muito bem para nós. Depois eu fui para New York, EUA, e descobri que lá tinham sessões de cinema com um programa parecido ao do CineMaterna. Porém, elas eram organizadas pelos exibidores e não havia esse vínculo entre as mães – nossa proposta é ser realmente um encontro entre essas mulheres. Percebemos que era complicado para o exibidor fazer isso sozinho.

O que é e como funciona o CineMaterna?

O CineMaterna é uma ONG com sede em São Paulo e trabalha em parceria não comercial com o cinema. Não recebemos do cinema, mas levamos público e eles colocam os filmes mais votados pelas mães nos horários que estabelecemos que são, geralmente, no começo da tarde e durante a semana. Fazemos uma pré-seleção entre os filmes que estão em cartaz tirando filmes de terror e deixando filmes mais apropriados: que não tenham excesso de violência, não sejam muito barulhentos e com um perfil mais feminino. Os longas são para as mulheres e não para os bebês, então são filmes adultos e eventualmente colocamos uma produção infantil na enquete.

As mães não precisam estar cadastradas para ir à sessão do CineMaterna, elas podem simplesmente olhar a programação no site e aparecer no cinema, comprar o ingresso e assistir ao filme. Sempre tem uma equipe da ONG nas sessões, formada por mães voluntárias, que recepciona as mães com bebês pequenos, que chamamos de mães “recém-nascidas” porque às vezes estão inseguras.

Qual a importância da sessão do CineMaterna para a mãe?

Tem todo um apoio para essa mãe estar tranquila ali. Essa primeira maternidade é um momento bonito em que ela está construindo um vínculo, mas, ao mesmo tempo, tem muitas angústias e inseguranças. De repente essa mulher se vê entre quatro paredes com um bebê que ela está aprendendo a conhecer e, mesmo que ela não seja mãe de primeira viagem, é sempre uma relação nova. E essa soma do CineMaterna de um lazer bastante acessível com um encontro com outras pessoas que estão no mesmo momento de vida é muito rica. O programa permite a ela um momento de relaxamento. Algumas mães até relataram que tiveram menos dificuldades para amamentar durante a sessão.

Pai também pode ir?

Pais são bem-vindos e acompanhantes também, mas nesse horário a frequência maior é da mãe do bebê. Ainda que metade delas vai com algum acompanhante.

Como é a relação com o cinema?

A questão é ocupar o cinema em um momento em que ele está ocioso e geralmente a sessão do CineMaterna é a mais cheia do complexo naquele momento. O que é muito bom para nós porque temos um bom apoio da equipe do cinema, que consegue nos dar atenção. Eles conseguem pegar os equipamentos da ONG, que ficam nos complexos e incluem trocadores, banners, fraldas, entre outros itens. O cinema também faz os ajustes da sala como o som mais baixo, a luz um pouco acesa e a temperatura do ar condicionado mais amena. Tudo isso e uma fila preferencial muito maior do que o normal.

O valor do ingresso segue o padrão do cinema, então só fazemos a estrutura de apoio da sessão. Quem financia o CineMaterna naquele complexo normalmente é o shopping, que tem interesse na circulação desse público consumidor. Hoje temos também dois patrocinadores: a Natura Mamãe e Bebê e a RiHappy Baby. O único cinema que é também patrocinador é o Topázio, de Indaiatuba (SP).

Quem pode ser voluntária no CineMaterna?

Para ser voluntária do CineMaterna basta ser mãe e se cadastrar no nosso site. Damos um treinamento sobre toda a parte dos bastidores do cinema e também uma ajuda de custo. Temos hoje mais de 400 voluntárias.

Como está a ONG hoje?

Somos uma equipe de 10 pessoas e trabalhamos com 90 cinemas de 11 exibidores com uma média de 90 sessões mensais em 40 cidades do Brasil. É engraçado porque somos uma ONG e trabalhamos em mais salas do que muitos exibidores.

De 2015 para 2016, o crescimento de público foi de 40% e temos às vezes sessões simultâneas em três ou cinco cidades. Sempre crescemos dois dígitos por ano, mas, com a entrada da RiHappy Baby como patrocinadora, tivemos uma expansão maior em 2015. Estamos indo para cidades novas como Mapacá (AP), que é o município mais ao Norte em que estamos. Estamos também um tanto no interior, mas em 2016 devemos capilarizar mais.

Quais são os próximos passos do CineMaterna?

Nosso perfil de público é igual à audiência comum, temos em média 80% que gosta dos blockbusters, mas tem uma parte que quer assistir ao filme de arte. Então estamos buscando um patrocinador para um circuito de cinema de arte, aí trabalharíamos mais com o cinema de rua. Apesar do custo não ser muito alto, é um pouco mais difícil. É um plano de médio prazo.

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