09 Agosto 2013 | Redação
Encontro reúne agentes do mercado para debater digitalização do parque exibidor
Integradores, Exibidores e representantes do BNDES e ANCINE esclareceram as principais dúvidas
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A Fox Film do Brasil tomou uma importante iniciativa ao realizar ontem (08 de agosto) no Cine Espaço Itaú Bourbon Pompéia, em São Paulo (SP), um encontro para esclarecer com o mercado todas as dúvidas sobre o VPF e a digitalização do parque exibidor. Preocupada com o lento processo de digitalização no Brasil, o estúdio trouxe John Stewart, VP de Estratégia Digital e Operações. O evento reuniu exibidores, fornecedores e representantes das empresas integradoras (Arts Allince Telem Quanta DGT – e GDC), do BNDES e da ANCINE.
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A sala estava lotada e poucas vezes no mercado se viu um encontro com tanta representatividade dos agentes do mercado e com presença massiva dos exibidores, principalmente os pequenos exibidores. O debate foi mediado pelo presidente da FENEEC, Paulo Lui.
Os participantes receberam papel e caneta e foram orientados a direcionar suas perguntas à mesa.
O executivo da Fox iniciou o encontro com uma breve apresentação comentando a urgência do mercado se conscientizar sobre os desafios da digitalização no Brasil, tendo em vista que em todo o mundo 84% já está digitalizado. Ou seja, mais de 105 mil telas. Stewart demonstrou muita preocupação ao dizer que o Brasil tem apenas 37% digitalizado. "Ninguém mais vai exibir películas. A Fuji parou de fabricar película e a Kodak entrou em falência. Estamos felizes em cobrir os custos da digitalização por meio do VPF, mas o tempo está passando. É preciso fechar os acordos e escolher os equipamentos", advertiu.
Em seguida, Paulo Lui fez perguntas gerais aos debatedores e na sequência os questionamentos dos demais foram direcionadas à mesa. Veja abaixo:
- Qual o papel do integrador?
É facilitar o processo. Há inúmeros exibidores no Brasil e a logística do País é complicada.
No caso da AAM Quanta DGT, será pleiteado a linha do FSA, do BNDES, além de outras linhas com fabricantes. Será feita aquisição dos equipamentos com negociação direta com os fornecedores, locação dos equipamentos com os exibidores e o exibidor utiliza o VPF para amortizar essa locação.
A GDC não utilizará os recursos do BNDES, mas vai utilizar linhas de financiamento com fornecedores e bancos particulares. Em seguida, negociará com os estúdios e diretamente com o exibidor. Ela coletará o VPF dos distribuidores e repassará aos exibidores.
- O que é o RECINE?
É um programa de desoneração de tributos federais sobre os equipamentos utilizados na sala de exibição. É exclusivo para tributos federais, porém implica numa redução da base de cálculos para outros impostos. A ANCINE estima redução de 25% da digitalização por conta do RECINE.
- O dinheiro disponibilizado pelo FSA, do BNDES, é para quem e para quê? E quem pode buscar esse dinheiro?
A linha foi criada para a digitalização, R$ 140 milhões reembolsáveis e R$ 6 milhões não reembolsáveis. Para pegar o dinheiro junto ao BNDES precisa ser um integrador entre o exibidor e os estúdios, precisa ter capital nacional e ter acesso aos contratos de VPF. Será feita uma análise de crédito desse pleiteante e o financiamento será feito em seu nome.
- Qual a garantia que o BNDES dá aos exibidores que o financiamento será liberado e direcionado aos fabricantes e quanto tempo até a liberação?
Por enquanto, se apresentará ao BNDES apenas um integrador (AAM Quanta DGT). A junção das empresas inclui uma empresa já cliente do BNDES, o que facilita o processo e o BNDES já conhece o índice de risco da empresa, então acredita-se que não haverá problemas. A carta consulta, que é o documento que vai dar início ao prazo, está prevista para ser entregue até o final de agosto. O prazo máximo para que o dinheiro seja liberado em 210 dias (7 meses). Porém a operação rodará antes, pois os fornecedores se comprometeram a liberar os equipamentos e instalar assegurados por meio de um empréstimo ponte.
- Será possível criar um canal especial para os exibidores com até duas salas por cidade, já que há facilidade para os grupos maiores?
Não, só seria possível se tivesse um agente disposto a trabalhar com os menores. No entanto, para que a operação funcione, existe um mínimo de 20% de pequenos exibidores. O integrador só pode pleitear se tiver cota mínima de exibidores com até 4 salas.
- O pequeno exibidor ao ser digitalizado terá garantia do lançamento das cópias?
O processo de programação continua normal, não está ligado ao VPF.
- É condição obrigatória ter a figura de um integrador para receber o VPF?
Não. Porém, aconselha-se a figura de um integrador, pois este será o responsável por conversar com todos os estúdios. O modelo da digitalização no mundo sempre foi feito com o integrador, porque os estúdios não se colocam à disposição para negociar com cada exibidor. A presença do integrador é importante para não poluir o relacionamento entre exibidor e distribuidor.
- O quanto o VPF pode tirar a liberdade de programação do exibidor. O valor pago pelo distribuidor pequeno será igual ao grande?
A programação não será alterada, o relacionamento que existe hoje continuará. O pagamento será igual às Majors. O valor sofre alterações pela exibição e não pelo porte. Em outros países, o distribuidor independente paga mais que as Majors, mas no Brasil será exatamente o mesmo.
- Como financiar as salas pequenas – por exemplo com 50 lugares? Será diferente?
O modelo do VPF tem a ver com o custo da cópia que vai diminuir. Se o distribuidor está lançando um filme, isso independe do número de lugares da sala. O VPF é o mesmo.
- Classificação entre lançadores e não lançadores, joga os pequenos para uma classificação B. Porque dessa classificação?
Essa classificação foi feita com base no histórico dos lançamentos. No entanto, os integradores se colocaram à disposição para solicitar a reclassificação tendo em vista que com a digitalização, o acesso às cópias será facilitado. No entanto, lançamentos na segunda, terceira e demais semanas habilita o exibidor a receber o VPF da mesma forma. A programação não será feita em função do VPF.
- Será cobrada alguma taxa pelo integrador?
Sim. No caso da Quanta DGT, ela será recuperada pelo VPF pago pelos estúdios. E a GDC informou que é uma porcentagem pequena apenas para cobrir os relatórios e controle dos repasses.
- Qual a real necessidade do NOC?
O NOC é a conexão com os servidores para monitorar e rastrear possíveis falhas, detectando-as e fazendo a manutenção preventiva à distância ou in loco. Diferentemente do que era feito com os projetores de película, que o projecionista podia ele mesmo "dar um jeitinho" no equipamento, com o projetor digital, o mesmo não será possível e se não houver um sistema de monitoramento, a sala de projeção pode parar de funcionar e demorar dias ou até meses para voltar ao funcionamento normal devido à má qualidade logística de nosso país.
Para o VPF, o NOC servirá para ter o acesso à relatórios de exibição de conteúdo do servidor/projetor para processar os devidos pagamentos do processo de financiamento. Para ambos os integradores, o NOC é uma exigência no contrato do VPF.
- Como funciona a variação do dólar no empréstimo enquanto for enviada a carta consulta e aprovado o VPF?
A taxa será congelada com base no fechamento do acordo e não haverá alterações.
- O que o VPF cobre?
No caso da AAM Quanta DGT, o VPF cobre projetor, lente, lâmpada, servidor, TMS e instalação. O 3D não está incluso. No caso da GDC, o VPF apenas será repassado ao exibidor e ele decide como gasta.
Ao final, a sensação era unânime: o mercado precisa se encontrar mais e debater as urgências e desafios. A Revista Exibidor apoia o evento e espera contribuir com o diálogo entre todos.
Contatos para esclarecer outras dúvidas:
ANCINE: cinemamaispertodevoce@ancine.gov.br
BNDES: digitalizacao@bndes.gov.br / www.bndes.gov.br/digitaliza
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