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08 Janeiro 2016 | Fábio Gomes

Painel fala sobre como o audiovisual pode conectar a cidade

Debate na Expocine falou sobre a cultura interligada com outras áreas

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(Foto: Expocine)

O cinema pode ser uma importante arma de comunicação da cidade com a população e esse tema foi discutido por uma mesa de especialistas durante a Expocine 2015. Com moderação de Mauri Palos, diretor do evento, a palestra teve a participação de Ana Carla Fonseca, diretora da Garimpo Soluções, Renato Nery e Maurício Ramos, ambos representantes da Spcine.

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Palos, que também é um exibidor, falou durante a sessão sobre possibilidades que a cidade tem de usar o cinema para unir as pessoas, especialmente com a utilização de conteúdos alternativos. Uma de suas iniciativas visava um festival de filmes amador de sua cidade e da região, o que, além de unir, atraía novos espectadores. “As próprias pessoas produziam os conteúdos e gostavam de ir ao cinema assisti-lo. A experiência de ver na telona ao lado de outras pessoas é diferente”, afirmou.

Algumas pequenas ações como essa podem revelar um novo lado, um lado criativo. Ana Carla destacou exemplos de fora e explicou que uma cidade que se vê criativa precisa buscar sempre a inovação, reinventando-se continuamente. “Outra característica é que uma cidade criativa é uma cidade que trabalha conexões, que olha para trás antes de olhar para frente. Isso faz com que essas ilhas onde a gente vive se encontrem”, afirmou. 

Outra importante carta dessa metrópole diferenciada é a cultura e, nesse momento, o audiovisual faz a diferença. “Ele pode ter um papel de conexão com os entornos da cidade, sejam cidades pequenas ou grandes. Tem um caso no Chile em que eles pegaram a Cine Comission local e não propuseram filmagens em Santiago, mas sim em um conjunto de cidades ao redor, gerando essa conexão”.

Em Buenos Aires, a área de cultura decidiu pegar o mapa da cidade e começou a trabalhar como se fosse um mosaico. Uma área que tinha muitos eventos musicais, por exemplo, ganhou incentivos para o que era orgânico se tornasse política de Estado. “Artes, designs e, claro, o audiovisual. Esses distritos criativos são veiculados ao Ministério da Cultura, fazendo conexões com metrôs e gerando 16 mil novos empregos diretos e indiretos”, explicou. 

Um dos links que ligaram a cidade argentina foi colocar a população dentro dos filmes, fazendo propagandas para que as pessoas pudessem também participar dos longas, trazendo assim produções para suas cidades. 

Desenvolvimento da Cultura em SP

Spcine nasceu para desenvolver o audiovisual em São Paulo e ajudar a criar novas conexões dentro da capital paulista. “Logo na primeira semana da agência, fiz uma reunião com o prefeito Haddad e foi incrível, pois ele colocou para todos escutarem que a cultura era fundamental para a mudança de cultura da cidade. Geralmente cultura é colocada de escanteio, mas isso reverberou tão bem que a cultura hoje não está isolada e temos projetos com todas as outras áreas”, afirmou Renato Nery, que cuida da área de inovação, criatividade e acesso da Spcine.

Segundo ele, São Paulo tem um histórico de ser uma cidade mais rígida, mais dura e isso cria ilhas de isolamento e uma das políticas da cultura era criar um espaço de convívio em comum. “Atualmente, existe uma lei de artistas de ruas que permite que o artista performe na rua. Criar maneiras para que a criatividade surja é fundamental”, completou. 

Um dos desafios de São Paulo é que a cidade não tinha espaços de descanso e surgiram leis que criaram esses lugares de convivência, que são importantes para a capital. “O prefeito escolheu o audiovisual como uma das diretrizes principais. Hoje, a Spcine tem uma gestão muito ampla e falamos de exibição, de films comission e estamos olhando até para games”, afirmou. 

Um dos games apoiados pela Spcine é sobre transformar o Minhocão em um parque, gerando, assim, também o debate. “Vamos ter uma simulação sobre o que fazer no espaço, pois o debate é tão difícil e o game é um jeito mais lúdico para chegar nessa discussão”, completou. 

Aumento das salas

Spcine criou um circuito de cinemas que pretende levar produções de qualidade na periferia da cidade de São Paulo, onde existem poucas salas. A prefeitura tem equipamentos para povoar, entre outras salas, os CEUs e, graças aos projetores Christie, o público periférico terá cinema de qualidade. 

“Em primeiro momento, teremos 20 salas que serão distribuídas pelas subprefeituras da cidade de maneira que chegássemos ao maior número de espaços geográficos possíveis”, afirmou Maurício Ramos. “Estamos provendo telas e equipamentos de alta tecnologia”, completou. 

As salas têm no mínimo 250 lugares e algumas delas chegam a passar das 400 cadeiras. A ideia é que haja um funcionamento regular e haverá uma evolução do espaço. “Nos CEUs, como são centros de educação e cultura, eles têm um histórico de não cobrança. Tivemos recentemente um dos gestores do CEU, que sempre defendeu essa não cobrança, mudando de opinião, pois o principal fator que queremos trabalhar é a valorização. Sem uma cobrança, mesmo que simbólica, a pessoa não valoriza como se deve”, explicou. 

A ideia será uma cobrança seletiva, com sessões gratuitas para alunos e para a comunidade algo misto. “Será sempre valor popular, com uma inteira de R$ 10,00 e com a meia de R$ 5,00”, afirmou.  

O circuito de salas nasce inicialmente como esse ponto de convergência, especialmente para  divulgar o cinema paulista e paulistano, ajudando, assim, na formação de plateia. “Ele também vai oferecer blockbuster brasileiro e animações estrangeiras. Mas ele nasce com essa preocupação local”, finalizou Maurício.

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