30 Novembro 2015 | Fábio Gomes

Imovision traz Louis Garrel para lançamento de seu primeiro longa no Brasil

Ator francês fala sobre como atentados abalaram cinemas na França

Um dos mais respeitados e populares atores franceses da atualidade, Louis Garrel veio ao Brasil graças a Imovision para divulgar seu novo trabalho, Dois Amigos, produção que entra em cartaz no dia 03 de dezembro no país e marca sua estreia também como diretor.

Publicidade fechar X

Apesar de estar no país para divulgar o longa, o cineasta comentou a situação dos cinemas franceses por conta dos atentados recentes de Paris. Segundo ele, o país ainda está em estado de choque e os exibidores locais tem sofrido com este momento.

“O que posso dizer é que as salas estão vazias por conta dos ataques. Como a minha geração nunca viu uma guerra acontecer dentro do país, foi um grande choque para todos nós. Um amigo lançou um filme dois dias antes dos atentados e ele teve um desempenho horrível na bilheteria pois as pessoas não saem de casa”, afirmou durante coletiva oficial em São Paulo.  

O ator ainda acredita que o cinema não deveria se envolver neste assunto neste primeiro momento. “Acredito que este tipo de assunto deveria ficar para filósofos e pensadores políticos. Acho que não deveríamos ter de responder com o cinema”, explicou.

Gravação do longa

Apesar de falar que seu filme não conta com um cunho político, Garrel escalou a atriz iraniana Golshifteh Fahani. Durante o lançamento do filme Rede de Mentiras, em Nova York, a atriz posou com cabelos soltos e ombro desnudo e, quando voltou ao seu país natal, teve o seu passaporte confiscado e por sete meses foi submetida a interrogatórios.

Golshfiteh voltou a causar polêmica em janeiro de 2012 ao posar nua para a revista Le Fígaro, numa manifestação contra a repressão ás mulheres. Após isso, foi proibida de entrar no Irã, e teve a segurança de sua família ameaçada.

“Escolhi ela pois a vi em alguns filmes e a achei uma grande atriz. Não queria que ela trouxesse toda essa carga ao personagem. Falei para ela fazer uma pessoa que fosse mais próxima dela mesma”, afirmou.

O ator afirmou que normalmente os filmes franceses são considerados “chatos” pelos críticos locais e seu longa surpreendeu pelo tom bem humorado, algo que poucos esperavam. Sendo assim, ele espera atingir um público além dos espectadores tradicionais dos filmes de seu País.

“É interessante falar da comédia, pois essa é uma comédia francesa, mas profunda. Eu queria fazer uma comédia tipo italiana, que são o único povo que conseguem apresentar personagens destetáveis, horríveis, largados, mentirosos, que traem as mulheres, mas que a gente não tem a mínima dó mas ao mesmo tempo tem o carinho”, afirmou comparando ainda a sua produção com um “Bromance”, comédia que mostra o relacionamento de dois amigos.

“Muitas pessoas me perguntam que filme é esse, e eu digo que é um filme feminino. Encontro pessoas de 30 anos e que são extremamente imaturas, queria fazer um filme imaturo que não falasse dos problemas de hoje. Quando a gente normalmente faz um filme de um homem de 30 anos é sempre alguém que discute a ideia do seu destino e de como ele está se transformando e amadurecendo e eu quis fazer sobre dois homens que queriam continuar a ser criança”, disse comparando seus personagens com R2-D2 e C-3PO de Star Wars.

Por fim, o ator ainda falou sobre a pressão de ser filho do cineasta Philippe Garrel e as principais diferenças para o trabalho de seu pai para o seu. “Meu pai faz um jogo entre os atores fazendo uma coisa mais realista. Eu pedia para os personagens um outro tipo de jogo, algo muito mais irreal. Durante esse processo pensava o que ele iria pensar, pois o admiro muito, e como eu vivo muito nesse mundo com atores e diretores, de certa forma eu já sabia como encontrar minha intenção. O fato de ser filho de diretor parece ser mais fácil, mas é tudo sempre diferente”, finalizou.

Veja a galeria de fotos do evento.