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13 Novembro 2015 | Érico Borgo

Cinema em 10 minutos

Érico Borgo, diretor de conteúdo do Grupo Omelete, fala sobre eventos para distribuidoras e estúdios e sobre a indústria cinematográfica hoje

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(Foto: Omelete)

O senhor grisalho e parecendo aborrecido entra apressado na sala de cinema. O filme já começou e está tudo escuro, mas ele não se importa em ligar a lanterna do celular para encontrar um lugar em uma das primeiras fileiras. Depois de sentar-se com algum estardalhaço, 2 minutos depois a tela do smartphone já está acesa de novo. Ele não tem tempo a perder e continua sua reunião como se nada estivesse acontecendo. Alguém reclama. Ele repousa o celular por algum tempo, mas logo recomeça sua reunião. Desistem de reclamar. Ele olha mais um pouco a tela e, com 15 minutos de filme, decide que já viu demais. Levanta-se e sai apressado, o assento do cinema voltando ao lugar com barulho. O senhor grisalho tem outro filme pra ver.

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Os eventos exclusivos para distribuidoras e estúdios dentro dos festivais de cinema são um raio-x da indústria hoje. A cena acima acontece em quase todas as sessões dedicadas a compradores e imprensa em boa parte dos festivais mundo afora. Já faz tempo que se parou de falar utopicamente no cinema como arte e a bombonière é a força motriz dos cineplexes, mas se a pessoa que escolhe os filmes que serão adquiridos para exibição por estúdios e distribuidoras menores decide em 15 minutos se a obra "presta" ou não, o que isso significa para o público? E para o ato de fazer cinema em si? O reflexo da indústria espelha ao fundo o nosso mundo overconectado.

A impaciência é generalizada. Fala-se muito de como o tempo está passando mais depressa, mas não fazemos nada para senti-lo. A decisão do comprador é tomada em 15 minutos, dos quais ele efetivamente prestou atenção em 1/3. Se quiser ver seu filme nos cinemas, o diretor precisa dar um jeito de encantar esse representante em 10 minutos. Ou melhor, mantê-lo encantado a cada 10 minutos.

Mas o representante é tanto da sua empresa quanto do público. A distribuidora, o estúdio e a exibidora, afinal, colocam nas telas o que acreditam que o público quer ver. É um negócio, claro, mas o que ele está fazendo com a cultura e conosco, só nos resta especular. Enquanto há tempo.

*Érico Borgo é Diretor de Conteúdo e um dos fundadores do Grupo Omelete, empresa que engloba o Portal Omelete e é uma das realizadoras da CCXP – Comic Con Experience, o maior evento de cultura pop da América Latina.

*Este é um artigo pessoal e reflete, portanto, unicamente a opinião de seu autor e não o posicionamento do Portal Exibidor.

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