02 Novembro 2015 | Vanessa Vieira e Natalí A

Diretores de “Beira-Mar” defendem a representação do jovem no cinema

Longa-metragem fez sucesso em festivais internacionais e será lançado comercialmente em novembro

O longa-metragem Beira-Mar chegou às salas de exibição pela primeira vez em duas mostras do Festival de Berlim deste ano e, em seguida, ganhou novos espaços em outros festivais internacionais. No Brasil, o filme chegou em 09 de outubro, quando foi exibido no Festival do Rio, e tem previsão de participar de outros eventos nacionais como o Festival For Rainbow e o CineBH. Sua estreia comercial será em 05 de novembro com distribuição da Vitrine Filmes.

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Em entrevista ao Portal Exibidor, os diretores Filipe Matzembacher e Marcio Reolon falaram sobre a parceria na direção, os objetivos do longa, seus públicos-alvo e da maneira pela qual a juventude é representada no cinema.

Apesar de ser o primeiro longa-metragem da dupla, a ficção não é o primeiro trabalho realizado em parceria pelos diretores, que se formaram na mesma faculdade de cinema e já filmaram curtas-metragens e documentários. “A ideia de fazer o Beira-Mar surgiu como uma vontade mútua de falar sobre alguns assuntos, mas mais especialmente sobre a nossa juventude e questões ligadas à sexualidade. Esse é um projeto que já nasceu nesse pensamento coletivo, então não teria como ser feito individualmente”, comenta Reolon.

O filme conquistou a plateia no Berlinale deste ano e o feedback positivo do público tem sido constante segundo os diretores. “Eu acredito que o filme tenha um tema universal. Ele fala muito sobre amizade, sobre amadurecimento e principalmente de contato. Acho que muita gente consegue se identificar com a história do Martin e do Thomaz [protagonistas do longa]”, defende Filipe Matzembacher. Tanto Filipe quanto Marcio acreditam que seus documentários tinham uma abordagem forte dos personagens, mas dirigir uma ficção como Beira-Mar trouxe uma oportunidade de construir todo o processo de descoberta dos protagonistas Martin e Tomaz, interpretados pelos atores Mateus Almada e Maurício José Barcellos.

De acordo com os diretores, o filme tem dialogado bem principalmente com os jovens, ainda que também pessoas de outras faixas etárias tenham relatado que sentiram sua juventude representada. “A gente queria ter um contato muito direto e honesto com a nossa geração e, pelo feedback que temos recebido nos festivais, isso está funcionando bem”, afirma Marcio. Já Filipe aponta que ele e Reolon quiseram fazer uma produção honesta e que levasse a sério o jovem.

“O filme é protagonizado por dois personagens jovens, mas eu acho que o público dele vai muito além do jovem em si. Porque ele trata de coisas pelas quais todas as pessoas passaram em um momento em que a gente está começando a definir nosso caráter, nossa personalidade, as escolhas que a gente tem que fazer”, explica Matzembacher. O diretor defende também que, tanto para a autoestima do jovem quanto do público LGBT, é importante que essas pessoas consigam se ver representadas na telona para que tenham “um visão mais positiva do futuro”.

Quando perguntados sobre a exibição de Beira-Mar no circuito comercial, Filipe e Marcio defendem a importância de o exibidor trazer cada vez mais filmes sobre a juventude para suas salas de cinema para deixar o público jovem possa “ver seu igual na tela”. “Essa oportunidade de ver o filme no cinema tem todo um diferencial, faz com que a jornada de assistir seja diferente”, finaliza Reolon. O codiretor acredita que a experiência de assistir ao longa no cinema terá uma diferença enorme do que assisti-lo em outras plataformas.

Beira-Mar conta a história dos jovens Martin e Tomaz que viajam ao litoral gaúcho durante o inverno porque o primeiro precisa visitar parentes distantes, em busca de um documento para seu pai. Tomaz aceita acompanhá-lo nessa jornada, aproveitando a oportunidade para se reaproximar do amigo. Os dois passam os dias imersos em um universo próprio, expostos à família que rejeita Martin e à estranha distância que surgiu entre ele e Tomaz.