09 Setembro 2015 | Fábio Gomes
Autor estuda o cinema brasileiro a partir da retomada
Marcelo Ikeda fala sobre o renascimento do cinema no país a partir de "Carlota Joaquina"
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O Brasil vive um grande momento no cinema nacional. Os filmes produzidos no país provam de tempos em tempos que podem cativar o público e a cada ano mais e mais longas brasileiros ganham as telonas ao redor do País.
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Muito disso se deve às políticas públicas para o setor audiovisual nas últimas décadas. Isso é estudado no livro Cinema Brasileiro a Partir da Retomada, de Marcelo Ikeda. O autor analisou os períodos de reconstrução, consolidação e reavaliação do modelo estatal.
A retomada do cinema nacional começou há 20 anos, com o lançamento de Carlota Joaquina, que levou ao cinema 1,4 milhão de espectadores. “Foi um caso excepcional do cinema no país, pois contou com uma distribuição própria e havia poucos filmes nacionais na época. Mostrou que o cinema brasileiro pode falar com o seu público, mesmo dentro dessas condições da era Collor e mostrou que o público gosta de filme brasileiro”, afirma o autor em entrevista ao Portal Exibidor.
O longa, que teve um orçamento de R$ 600 mil, abriu com apenas 40 cópias, mas ficou em cartaz no país durante 11 meses, sendo um marco na retomada. O autor traça um paralelo sobre as políticas públicas para o setor audiovisual e divide a retomada em três períodos: a Implementação do modelo estatal nos anos 90, a Consolidação com a formação da ANCINE e a reavaliação desse modelo na era Lula.
“O estado queria ser muito mais presente na política pública do que o governo FHC e, ao se tornar mais presente, culminou com a criação do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA)”, explica o autor sobre o terceiro período referente ao governo Lula.
Apesar do Brasil estar produzindo como nunca, o autor ainda fala sobre os paradoxos da formação da ANCINE, que originalmente foi criada como uma agência reguladora e com a ideia de auto sustentação. “Com o tempo, a agência se tornou um pouco frágil para atingir os seus objetivos e se tornou muito mais regulamentadora do que reguladora, procurando muito mais regulamentar as leis do que buscar um equilíbrio entre os agentes do mercado. Nos últimos anos tem dado passos para fazer medidas de regulação, como quando ela tenta colocar limites para que alguns filmes estrangeiros sejam evitados em várias salas. Esse é um passo importante, pois incentivar o cinema nacional não é só dar dinheiro para produção audiovisual”, diz ao Portal.
O autor ainda explica que a agência precisa encontrar um balanço na regulamentação das salas, que no final do ano passado previa a imposição de limite de ocupação de um único filme em até 30% - em média - das salas de um complexo. Recentemente, a SEECESP venceu uma ação contra essa limitação de telas.
“É um tema complexo. De um lado eu acho complicado dois ou três filmes ocuparem 70% das salas de cinema de um país, então nesse sentido as medidas da ANCINE mais do que proteger o cinema nacional, buscam uma diversidade de produções. Então vejo que a medida da ANCINE é para garantir algum mercado. Agora, encontrar esse equilíbrio é o desafio para que isso não penalize as salas de cinema”, completa.
Título: Cinema brasileiro a partir da retomada – Aspectos econômicos e políticos
Autor: Marcelo Ikeda
Editora: Summus Editorial
Preço: R$ 62,50 (E-book: R$ 43,70)
Páginas: 272 (17 x 24 cm)
Site: www.summus.com.br
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