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15 Junho 2015 | Natalí Alencar

Rodrigo Teixeira, da RT Features, elogia mecanismos internacionais de produção

Declarações foram feitas em seminário do Olhar de Cinema, em Curitiba

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(Foto: Divulgação)

Dentro dos Encontros de Negócios realizados no Olhar de Cinema  - Festival Internacional de Curitiba, o produtor Rodrigo Teixeira, proprietário da RT Features, realizou um seminário sobre os mecanismos nacionais e internacionais de produção cinematográfica.

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Oriundo do mercado financeiro, o profissional atuava na área de desenvolvimento de projetos editoriais e conhecia pouca gente no mercado audiovisual quando decidiu fundar a RT Features.

“Tudo começou com o projeto editorial Camisa 13, que originou vários livros. Um dele, Palmeiras - Um Caso de Amor, de Mário Prata, acabou se transformando no filme de sucesso O Casamento de Romeu e Julieta. Tomei gosto pela coisa e em seguida produzi O Cheiro do Ralo, que não captou um único real. O diretor Heitor Dhalia e eu levantamos o dinheiro sem grandes expectativas e nos tornamos sócios do filme, que acabou sendo um grande sucesso. Gostei deste modelo de negócios e passei a me dedicar à compra de direitos dos livros para produções de cinema e à produção propriamente dita”.

Muito rapidamente, a RT Features passou a atuar também no mercado internacional, “pois estava mais fácil comprar direitos dos livros no exterior que no Brasil”, diz Teixeira. “Além do fato que o filme falado em português tem mercado muito restrito”, completa.

O produtor/empresário tece elogios aos mecanismos internacionais de produção: “Nos Estados Unidos, o produtor independente faz a pré-venda para a distribuidora e ganha muito dinheiro com isso. Depois, com o filme em cartaz, entra mais dinheiro ainda, aí sim dinheiro grande, de verdade. E, dependendo da cotação do dólar, produzir nos EUA é mais barato que produzir no Brasil. O risco é grande, mas os ganhos são ótimos”. E brinca: “Eu recomendo”.

Citando números, Teixeira contabiliza que o filme Frances Ha, por exemplo, produzido pela RT, teve um investimento de US$ 500 mil, e já na pré-venda recebeu US$  2,1 milhões adiantados do distribuidor. Ele também não poupa críticas aos vícios dos sistemas brasileiros de fazer cinema: “No Brasil, a distribuidora quer receber o P&A [verba das cópias e divulgação do filme] adiantado, coisa que eu não concordo. Produtora e distribuidora devem ser sócias no filme.

Preconceito com os filmes brasileiros

Teixeira ainda afirma que no exterior existe um preconceito muito grande contra o filme brasileiro, e atribui a culpa deste preconceito à falta de estratégia do próprio cinema brasileiro: “O Brasil envia para a seleção do Festival de Cannes tanto Qualquer Gato Vira-Lata como O Som ao Redor. Qual o curador que vai levar este tipo de estratégia a sério?”.

Em relação aos filmes brasileiros, Teixeira destaca a necessidade de começarmos a trabalhar com “orçamentos realistas”. “Apostando em orçamentos menores, produzi O Gorila, Quando eu Era Vivo e Alemão. Ganhei dinheiro com estes três e perdi no Tim Maia. Alemão custou metade de Tim Maia, incluindo lançamento, e rendeu bem mais. Recuperamos o investimento de Alemão no primeiro mês e dobramos no segundo”.

Teixeira se define como um produtor internacional. “Faço filmes estrangeiros porque gosto de cinema. Não tenho bandeira. Mas é claro que eu queria ver filmes brasileiros viajando”.

A RT Features produziu 22 longas e três séries de TV de 2010 até o momento.

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