18 Maio 2015 | Vanessa Vieira
Professores apontam diferenças entre universidade e mercado do audiovisual brasileiro
Benefícios e dificuldades de se ensinar cinema fora do eixo RJ-SP também fez parte da discussão
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A Semana ABC 2015 trouxe em seu último dia, na sexta-feira (15), a mesa Ensino do Audiovisual no Brasil que debateu sobre o ensino encontrado fora do eixo Rio-São Paulo.
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A professora Kira Pereira, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) em Foz do Iguaçu, mediou o bate-papo entre outros sete professores que apresentaram os modelos de ensino e ações diferenciadas dos locais em que lecionam, bem como as dificuldades do ensino do audiovisual tanto em relação às diferenças entre o mundo acadêmico e o mercado de trabalho. A temática da mesa foi proposta à direção da Semana ABC pela própria Kira.
Em sua introdução à mesa, Kira apontou que a mesa sobre ensino do audiovisual é já tradicional no evento, mas que percebeu na edição do ano passado que a mesa era historicamente composta por uma maioria ou mesmo de uma unanimidade de participantes em termos de localização. Os convidados geralmente vinham do Rio de Janeiro ou de São Paulo. “É importante sabermos do ensino que é realizado fora de São Paulo e Rio de Janeiro e como se dá esse ensino e as suas peculiaridades”, explicou.
Dentre os sete convidados, estavam David Pennington da Universidade de Brasília (UNB); Fabio Diaz Camarneiro da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); Geórgia Cynara da Universidade Estadual de Goiás (UEG); Giba Assis Brasil da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e também roteirista, montador e diretor; Luciana Rodrigues do Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual (FORCINE); Luiz Adriano Daminello da Universidade Federal do Pará (UFPA); e Marina Mapurunga da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).
A primeira convidada a falar foi Luciana Rodrigues, que parabenizou a direção da Semana ABC pelo evento e a própria Kira por propor o tema da mesa. “A relação entre ensino e mercado tem sido o foco do FORCINE porque a gente sente que existe esse hiato: a formação é uma coisa completamente descolada da realidade do mundo do trabalho”, comentou. Outro ponto mencionado pela profissional foi o aumento constante da quantidade de graduações em audiovisual que eram 10 em 2003 e atualmente já chegaram aos 87 cursos.
Quanto ao tema da palestra ser ligado ao estar próximo ou distante do eixo Rio-São Paulo, a representante do FORCINE afirmou que todos “somos fora do eixo”. “Que eixo é esse? A gente faz filmes que não são vistos, ainda não temos uma lógica de produção que não dependa eternamente de políticas públicas e quando essas políticas desaparecem o nosso cinema também desaparecem. Então, na verdade, todos nós somos fora do eixo”, completou.
Em seguida, a palavra foi dada a David Pennington que contou um pouco sobre a história do curso sobre audiovisual na Universidade de Brasília (UNB), conhecido como a primeira graduação pública em cinema do Brasil. Pennington comentou também sobre as ações que são realizadas no curso na UNB e defendeu que os futuros professores do audiovisual precisam já vir com um perfil de atuação “multiprofissional”. Segundo o professor, é também necessário que as universidades abram espaço para que esses professores possam exercer a sua profissão e criar obras audiovisuais.
Na sequência, os professores Giba Assis Brasil, Fabio Camarneiro, Geórgia Cynara, Marina Mapurunga e Luiz Adriano Daminello comentaram sobre os diferenciais e, principalmente, as dificuldades e precariedades que enfrentam nos cursos de graduação dos quais fazem parte do corpo docente.
Camarneiro defendeu, durante a sua participação da mesa, a importância do aluno não supervalorizar a técnica, mas que ela seja ensinada em um modelo que lembra o de um atelier: onde um mestre passa seus conhecimentos técnicos para um assistente. Para o profissional, a universidade precisaria investir em professores técnicos para suprir essa necessidade. Além disso, Camarneiro aponta que o papel de qualquer professor hoje seria o de ser um curador do vasto conhecimento disponível atualmente.
A mesa terminou com uma sessão de perguntas aberta para a participação da plateia que poderia questionar qualquer professor ou mesmo perguntar à toda a mesa.
Toda a palestra e a parte dedicada às questões da plateia foi exibida via streaming pela equipe da Semana ABC, que teve seu encerramento com chave de ouro na cerimônia do Prêmio ABC.
Confira a galeria de fotos da Semana ABC 2015.
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