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07 Maio 2015 | Natalí Alencar

2015, um ano histórico para o mercado de exibição

CEO da Cinesystem, aposta que este ano será um período de ótimas bilheterias

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Marcos Barros, CEO da Cinesystem (Foto: Divulgação)

A Rede Cinesystem anunciou em 2014 a entrada do fundo de investimento do Grupo Stratus que resultou no aporte inicial de R$ 40 milhões, configurando a exibidora como a primeira a trabalhar com esse novo modelo de negócios. No período de cinco anos estão previstos investimentos na ordem dos R$ 350 milhões.

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“Certamente essa parceria foi estratégica. Nosso objetivo é consolidar a exibidora entre as cinco maiores do país”, pontua o CEO Marcos Barros. Segundo o balanço da empresa, em 2014 a rede atingiu recorde de público nas bilheterias, ultrapassando a casa dos 6 milhões. Além disso, chegou a 110 salas de cinema em oito estados diferentes.

O ano de 2015 não começou diferente. Em fevereiro, a Cinesystem abriu um complexo no Américas Shopping, em Recreio dos Bandeirantes (Rio de Janeiro-RJ). Na primeira fase o cinema conta com quatro salas 100% digitais, com todas as poltronas “premium” e autosserviço, mas o projeto final prevê a abertura de 12 salas com capacidade para mais de mil lugares numerados, incluindo uma sala no formato Cinépic com tela gigante.

Até o final deste ano a rede prevê outras quatro inaugurações, podendo alcançar um total de mais de 160 salas de cinema. Em entrevista à Revista Exibidor, o executivo Marcos Barros falou sobre as conquistas da empresa, os planos e a crise econômica. Segundo ele, apesar das dificuldades na macroeconomia do País, o setor da exibição passará ileso e 2015 promete ser um ano glorioso para a indústria.

Revista Exibidor - Pode-se dizer que a Cinesystem é a primeira exibidora de capital brasileiro a receber fundo de investimento para expansão?

Marcos Barros - Sim, até onde é do meu conhecimento é a primeira.

Revista Exibidor - O que isso representa para o mercado?

Barros - Eu entendo que o mercado de exibição brasileiro tem muita possibilidade de crescimento. Se você comparar as taxas de público por sala em outros países, países muito menores do que o nosso, você vê que a nossa necessidade e a nossa capacidade para absorver novas salas é muito grande. Também entendo que as redes internacionais têm investido muito no Brasil e existe até a possibilidade de virem outras redes para cá. É um mercado que tem capacidade de crescimento e, portanto, isso atrai investidores do mundo todo. Esse passo de trazer um fundo de investimento para uma empresa brasileira, de capital nacional, é uma maneira de ocupar esse espaço que eventualmente poderia ser ocupado por uma terceira grande rede internacional. Em vez disso, temos uma rede brasileira com capacidade de se tornar uma das líderes no setor.

Revista Exibidor - É uma quebra de paradigma? Pode ser considerado um novo modelo de negócios para o exibidor?

Barros - Sim, se você for pensar que o modelo da exibição no País, tirando Cinemark e Cinépolis, que são redes internacionais, é um modelo familiar. São basicamente famílias que estão no mercado há muitos anos. Então, acredito que é sim um novo modelo de negócios para o exibidor em termos de profissionalização e pode ser um modelo para outros exibidores.

Revista Exibidor - Ao completar um ano após a entrada do Fundo Stratus nas operações, quais são as principais mudanças que a rede teve?

Barros - A principal mudança foi ter uma visão de longo prazo para a empresa. Um planejamento para os próximos cinco anos que foi amplamente discutido por todos da diretoria e também com o Conselho, já composto pelo Fundo de Investimento. Agora temos um mapeamento do mercado bastante estruturado.

Revista Exibidor - Planejamento e reestruturação. Isso falta para o mercado?

Barros - Difícil falar porque não conheço a fundo o que cada um tem feito na sua empresa, mas o modelo de exibição brasileiro é composto por empresas familiares e a Cinesystem não. Acho que basicamente é essa a diferença. Não sei se é exatamente uma falha do outro modelo, mas é questão de objetivo. Não necessariamente o outro está errado, você pode ter diferentes tipos de empresas com modelos de negócios diferentes.

Revista Exibidor - Como foi este primeiro ano?

Barros - Esse primeiro ano foi um ano de ajustes e a partir de agora devemos consolidar o crescimento cada vez mais rápido.

Revista Exibidor - Quais as metas para 2015?

Barros - Pretendemos abrir cinco multiplex até o fim deste ano. São três no Rio de Janeiro (RJ); sendo um aberto em fevereiro último; um em Santarém (PA); e um em Paulista (PE). A intenção é atingir 160 salas abertas até o fim de 2015.

Revista Exibidor - Quais os principais cases de expansão da rede para cidades de médio porte e sem acesso a cinema?

Barros – Os multiplex de Arapiraca (AL), Imperatriz (MA) e Rio Grande (RS), que foram os últimos que inauguramos em cidades de médio porte, têm sido muito bem-sucedidos e têm obtido ótima renda e média por sala.

Revista Exibidor - Ao que atribui esse sucesso?

Barros - Levamos para esses lugares cinemas com qualidade internacional, tanto de projeção, quanto de som. Além disso, exibimos todas as grandes estreias nessas cidades, que antes não chegavam. Algumas delas não tinham sequer um cinema.

Revista Exibidor - Sabemos que estamos enfrentando um processo de ameaça de recessão no País. Como você enxerga esse momento?

Barros - Na macroeconomia já é uma realidade que o Brasil entrou em recessão ou num período de crise bastante profundo. Nossa visão é que o cinema no mundo, especialmente no Brasil, deve passar ao largo desses problemas. Além de termos um ano com grandes lançamentos, algo excepcional, observamos que no Brasil e em outros países, quando você tem uma crise na economia, as pessoas tendem a cortar gastos com entretenimento “mais caros” e optam pelos mais baratos e aí o cinema leva vantagem porque é algo para a família e, em termos de entretenimento, é o que tem de mais barato hoje.

A crise, de certa maneira, desde que não seja extremamente longa, até estimula o consumo de cinema e isso somado aos grandes lançamentos, vai transformar 2015 em um ano histórico para o cinema no Brasil, vai ser muito bom. Somar os grandes lançamentos com o corte que as famílias fazem em entretenimentos mais caros aumentará a frequência nos cinemas.

Revista Exibidor – Em sua opinião a crise pode reduzir as inaugurações em shopping?

Barros - Sim. Como o negócio cinema é estruturado dentro de shopping center, conforme diminuírem as inaugurações dos shoppings, vai afetar nosso negócio também.

Revista Exibidor – Vocês preveem alguma alternativa para driblar isso?

Barros – Por enquanto não buscamos outros modelos de negócios.

Revista Exibidor - Quem é a Cinesystem hoje?

Barros - Uma empresa brasileira de exibição, profissionalizada e estruturada. A nossa nova estrutura com um fundo de investimento e um conselho permitiu planejamento, visão de longo prazo. Buscamos crescer no Brasil de forma orgânica.

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