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06 Maio 2015 | Fábio Gomes

Suspense nacional tenta ganhar espaço nas salas do Brasil

Jorge Durán lança "Romance Policial" em junho no país

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(Foto: Divulgação)

Jorge Durán é um cineasta chileno radicado no Brasil há 39 anos que participa ativamente na produção de filmes nacionais desde a década de 80. Como roteirista, trabalhou ao lado de Hector Babenco em Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia; Pixote, a Lei do Mais Fraco e O Beijo da Mulher-Aranha e também realizou investidas como diretor, como em Proibido Proibir, que em 2006 ganhou inúmeros prêmios internacionais, entre eles o Prêmio Especial do Júri no Festival de Havana.

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No próximo dia 04 de junho o diretor lança Romance Policial, uma coprodução Brasil e Chile estrelada por Daniel Oliveira como um funcionário público que deixa o Rio de Janeiro e se aventura em uma viagem para o Deserto do Atacama em busca de inspiração. “Tinha essa história sobre um crime, mas procurava um lugar diferente. Pensei no Sul do Brasil, no Rio de Janeiro, em São Paulo, mas nenhum parecia interessante o suficiente para contar essa história. Em uma viagem para o deserto vi o cenário perfeito e ele se tornou um componente vital dessa jornada”, afirmou em entrevista ao Portal Exibidor.

O filme trás um gênero pouco explorado no cinema nacional, o suspense. Durán acredita que o gênero sempre teve espaço no país, mas o cinema brasileiro, assim como o mundial, vive de moda e tendência e a do Brasil atualmente é a comédia. “Nos EUA, são produzidos filmes de milhões de dólares, mas há uma corrida muito forte de um público atrás de pequenos filmes, que dominaram o Oscar e estão em alta no país. Hoje, o brasileiro está privilegiando a comédia. Contudo sempre haverá uma saturação e o Brasil não tem uma tradição de filmes de suspense, então é uma produção que pode encontrar o seu público uma vez que não fazemos isso muito por aqui”, explicou.

Como se passa no Chile, grande parte do filme também é falado em espanhol. Por isso, Daniel de Oliveira passou três meses morando em Buenos Aires para aperfeiçoar o idioma. Mesmo com a mistura de línguas, Durán acredita que a produção não encontrará barreiras no Brasil. “A legenda nunca foi um obstáculo ao brasileiro”, explicou.

Confira um bate-bola com o diretor sobre a produção do filme e o mercado nacional:

Portal Exibidor: Foi mais barato filmar no Chile?

Jorge Durán: Com o dinheiro que a gente tinha não conseguiríamos rodar esse filme em lugares como a Amazônia, o Nordeste ou uma cidade como o Rio de Janeiro por conta dos custos. Rodar no Atacama foi muito mais barato. Além de ter ganho um prêmio em dinheiro para ter um coprodutor no Chile, tornando ela uma produção minoritária chilena e maioritária brasileira.

PE: Como o filme foi financiado?

JD: Lá existe o Fundo das Artes, que é "O" concurso nacional e dele recebemos um apoio forte, além dos fundos da ANCINE. Com isso conseguimos armar a produção. Como tinha bons amigos no Chile, consegui bons descontos em hotelaria, alimentação, transporte... a equipe é muito mais barata que aqui, equipamentos também são mais em conta. Conseguimos viajar muito longe, mas com um custo bastante conveniente e dentro do orçamento que a gente tinha.

PE: O filme será distribuído pela Pandora Filmes. Como ela se envolveu no projeto?

JD: Já tínhamos feito uma parceria no meu último filme, o Não se Pode Viver sem Amor, e eles foram muito cuidadosos com o projeto, da mesma forma que estão tratando esse filme agora. O filme seria uma produção média, mas relativamente pequeno em comparação com uma comédia, então ela está encaixando ele dentro das melhores possibilidades possíveis.

PE: O filme também terá distribuição internacional?

JD: Ainda não se concretizou nada, em geral estamos esperando o lançamento aqui e vamos ver como funciona lá fora também. Ao mesmo acredito muito que o cinema é para ser visto no mundo, não é fácil colocar filme brasileiro no mundo. Não tem filme brasileiro circulando como o cinema argentino, que aqui mesmo no Brasil já virou um gênero.  

PE: O que o cinema nacional pode fazer para também virar um cinema de gênero?

JD: É uma corrida a longo prazo. Nos festivais que frequento os filmes do cinema argentino, um que tenho acompanhado com interesse, contam com um exército que se movimenta ao lado de suas produções mais forte. É um esforço que estão fazendo a muito tempo, o estande deles é movimentado, com investimento massivo, além de várias personalidades. No cinema brasileiro muitas vezes você vai sozinho, as vezes é um estande e goste ou não goste muitas vezes você fica muito isolado. Agora o cinema está se movimentando nessa direção, mas é uma corrida a longo prazo.

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