18 Fevereiro 2015 | Janaina Pereira
Filmes com causas sociais e políticas se destacam no Festival de Berlim
Longa iraniano ficou com o prêmio O Leão de Ouro
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Considerado o festival de cinema mais politizado do mundo, o Festival de Berlim fez jus ao seu título em sua 65ª edição, encerrada no último domingo, 15. O Leão de Ouro dado ao filme Táxi, do cineasta iraniano Jafar Panahi, mostrou que questões políticas são muito bem-vindas ao evento. Panahi foi condenado em 2010 a 20 anos de prisão domiciliar por “propaganda antirregime” e, desde então, vem fazendo filmes na clandestinidade porque está proibido de filmar e deixar o Irã.
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O realizador iraniano venceu ainda o prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (FIPRESCI). Seu longa é um misto de documentário e ficção, no qual ele conduz um táxi em Teerã, mantendo conversas com as pessoas à medida que as transporta, criando, assim, um mosaico da sociedade iraniana.
O segundo prêmio mais importante do Festival de Berlim foi para outro filme de forte conotação sócio-política: El Club, do chileno Pablo Larraín ganhou o Grande Prêmio do Júri. O longa aborda a pedofilia praticada na Igreja Católica. Para o crítico de cinema alemão Albert Alfons, os exibidores devem olhar com mais carinho esse tipo de filme. “Berlim permite ao mundo ver produções que tocam as pessoas com seus temas reais e relevantes. Muitos desses filmes não chegam aos cinemas porque os exibidores ainda têm uma certa resistência com isso. Mas seria bom olhar com mais atenção porque o público quer sim ver esses assuntos na tela”.
O exibidor francês Jean Pierre Henri acredita que em alguns países filmes como Táxi e El Club conseguirão exibição por terem vencido o Festival de Berlim. “É claro que ao vermos produções como essas premiadas em um evento como Berlim temos mais chance de retorno de bilheteria ao comprá-las. Infelizmente não são filmes para todo tipo de público, mas eles têm sim uma visibilidade, que fica maior por causa da premiação no Festival.”
O nacional Que Horas Ela Volta? , de Anna Muylaert, premiado na Mostra Panorama de Berlim, conseguiu ser vendido para os EUA – o que garante sua exibição no país – mesmo antes de sua premiação. Para o exibidor americano Lawrence Jones, os prêmios aumentam as chances do filme ser vendido, mas só a exibição em um festival como Berlim já é motivo para a compra.
“Eu aposto em filmes de qualidade. Se o filme é selecionado para um festival como Berlim, ele tem valor. Então eu vejo e compro o que acho que vale, mesmo que não ganhe prêmio. Se ganhar, melhor ainda, terá mais um motivo para conquistar público e me dar um retorno maior”, conclui.
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