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04 Fevereiro 2015 | Fábio Gomes

Cinema infanto-juvenil busca espaço nas telas com "Carrossel"

Gênero pouco trabalhado nos últimos anos já teve filme de mais de 5,7 milhões de ingressos

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(Foto: )

Historicamente, o Brasil tem uma tradição muito forte com o cinema voltado ao público infantil. Os filmes protagonizados por Xuxa e os Trapalhões dominaram as bilheterias do país no passado e por muito tempo mantiveram a indústria cinematográfica nacional ativa.

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O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão, por exemplo, é uma das maiores bilheterias de um filme nacional da história e levou mais de 5,7 milhões de espectadores aos cinemas em 1977, enquanto Lua de Cristal fez mais de 4,1 milhões de ingressos no início dos anos 90 segundo dados da ANCINE.

Nos últimos anos, os filmes com foco especial em crianças perderam espaço entre as produções do país e ficaram cada vez mais escassas ou foram lançadas em poucos cinemas. Contudo, a Paris Filmes e a Downtown estão levando a série Carrossel para as telonas afim de retomar o lugar dos filmes infantis no cinema nacional de grande escala.

“É importante trabalharmos os gêneros no Brasil. Estamos buscando juntos, em um trabalho de produção e direção, fazer um filme que fale com o grande público e consiga abranger um grande número de espectadores para trabalhar esse novo nicho do cinema”, afirmou a produtora Diane Maia em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor em visita ao set de filmagens.

“Estávamos carentes no entendimento da nova linguagem voltada ao público infantil. As crianças hoje são muito mais rápidas, elas pedem um formato diferente. Elas acabam julgando se você faz algo que não conversa com elas. Então o filme tem esse desafio de agradar essa criança e, também, levar toda a família, pois tem ação, tem aventura, tem vilão...”, completou Maurício Eça, um dos diretores do longa ao lado de Alexandre Boury.

A série foi um dos grandes sucessos recentes do canal SBT e a produção e o elenco acreditam que é possível transmitir para as telonas o sentimento do seriado e, assim, atrair mais uma vez as crianças para os cinemas com um filme nacional. 

“O Carrossel foi muito abranjente e isso, transferindo para o cinema, tem tudo para ser um sucesso. Toda retomada é válida. É um nicho que não foi mais utilizado por um tempo e acredito que uma retomada com uma obra que foi tão bem aceita como essa vale a pena. Essa faixa etária precisa muito de produtos de qualidade”, afirmou a atriz Noemi Gerbelli, que interpreta a diretora Olivia.

A Paris Filmes prepara ações especiais para o longa afim de fortalecer a marca, divulgar o filme e conseguir uma alta bilheteria. Já em março, a série retorna ao SBT preparando terreno para a estreia oficial em julho e a distribuidora pretende criar uma grande campanha de mídia online, utilizando todas as maiores redes sociais.

“A marca já possui uma base gigantesca de fãs e exploraremos, em uma primeira etapa, esse público, para depois então passarmos a conquistar o público em geral. Vários materiais específicos para utilização nas redes sociais estão sendo captados agora nas filmagens para serem explorados nesses meses e campanha que antecedem o lançamento”, afirmou Gabriel Gurman, Gerente de Marketing da Paris.

Confira um bate-bola com a produção do longa:

Atualmente, a série também está no Netflix e deve voltar a ser exibido no SBT. Essas outras mídias podem ajudar na divulgação do filme?

Maurício Eça: O bacana do Carrossel é justamente isso, é o fato de ser multimeios. Ele veio da televisão, conta com shows ao vivo e pega um público que hoje está acostumado com outras mídias como a internet. Esse é um público muito integrado com a tecnologia.

Qual o público que o filme vai atingir?

Diane Maia: Estamos tentando fazer um filme mais abrangente. A novela tem um público dos quatro aos sete anos e queremos um filme mais infanto-juvenil. Queremos pegar quem assistiu a novela a dois, três anos atrás e hoje tem onze anos, além das crianças que hoje assistem no Netflix e que tem entre sete e oito anos e também as crianças que tem quatro e vão crescer junto com esse filme.

Como é a experiência de dirigir em dupla?

Alexandre Boury: A experiência tem sido bem agradável, o Maurício é uma pessoa bem aberta a ideias e podemos conversar bastante sobre as cenas antes de filmá-as. Foi uma grata surpresa tê-lo nessa direção

Maurício Eça: A gente se complementa, pois ele tem uma experiência absurda com cinema infantil, já tendo trabalhado com o Renato Aragão. Além disso, o ego a gente deixou pra fora. Por isso estamos conseguindo dividir bem.

É um longa projetado para ter sequências, se tornar uma franquia de cinema?

Diane Maia: Existe a possibilidade, vamos entender o desempenho do primeiro filme, mas essa é uma possibilidade real. Depende do que vai ser a aceitação desse público, a idade que vamos atingir... porque, de novo, temos um buraco do cinema brasileiro sem filmes infanto-juvenis sem grandes lançamentos. Mas nossa expectativa é abrir de novo um nicho que há muito tempo não é explorado.

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