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14 Janeiro 2015 | Fábio Gomes

Presidente da Paris fala sobre limitação de megalançamentos

Em entrevista ao Portal, Marcio Fraccaroli fala da polêmica envolvendo "Jogos Vorazes" 

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No final de 2014 a ANCINE propôs um termo de compromisso com o mercado para impedir que megalançamentos dominem as salas de cinema nacionais, usando o argumento que esses filmes cerceiam as opções do público e impedem a exibição de outros longas.

Um dos filmes apontados como o responsável pelo termo foi Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1, franquia que é distribuída no Brasil pela Paris Filmes que entrou em cartaz em mais de 1300 telas. Apesar do longa ter sido utilizado como estopim para o documento da ANCINE, Marcio Fraccaroli, presidente da distribuidora, concorda com a mudança e, mesmo vendo o distribuidor prejudicado em alguns pontos, acredita que o próximo ano será de muito aprendizado para o mercado nacional.

“Para um primeiro ano de aprendizado eu concordo, pois é necessário ter um limite, senão vai chegar uma hora onde não teremos mais espaço em um mercado pequeno como o nosso, mas que tem ainda muito a crescer. Vamos analisar por um ano e, depois deste período, faremos uma nova avaliação”, disse em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor.

O empresário acredita que Jogos Vorazes foi utilizado como alvo por parte do mercado pois era o filme do momento e lembra que outros lançamentos também tiveram tanto impacto no mercado quanto a saga estrelada por Jennifer Lawrence. “O estopim não veio com Jogos Vorazes. O estopim veio quando tinha exibição de três filmes em cartaz. Quando lançamos Jogos Vorazes já estávamos na era da digitalização e os cinemas não tinham apenas três filmes em cartaz. Esse era o filme do momento, poderia ter sido com qualquer outro”, completou.

Enquanto produções como Jogos Vorazes podem ter sua bilheteria prejudicada pela limitação, Fraccaroli vê as distribuidoras ganhando com filmes de médio porte, longas que podem fazer a diferença para o mercado nacional em sua visão. “Temos de encontrar também o filme médio. A carência nossa é descobrir aquele longa que faz entre 400 mil e 1 milhão. Se esses filmes encontrarem o seu público e o mercado crescer com ele, o mercado explode”, afirmou.

Confira um bate-bola especial com o presidente da Paris Filmes:

Acredita que a mudança será benéfica para a bilheteria de exibidores e para a diversidade do parque nacional?

Acho que em geral vai funcionar. No final do dia, não sei se vai trazer mais ou menos bilheteria, mas vai trazer um equilíbrio em todas as partes.  

Essa limitação pode prejudicar a bilheteria de distribuidores?

Eu acho que o distribuidor vai perder no começo e vai se favorecer no final, pois terá a chance de colocar mais material no mercado.

Acredita que o próximo filme da franquia “Jogos Vorazes” conseguirá números semelhantes a “Esperança – Parte 1” com essa limitação?

Acho que será prejudicado e até defendi isso de forma aberta. Tem filmes de fã, como O Hobbit, o Jogos Vorazes, Crepúsculo, que o público quer consumir nas primeiras três semanas. No primeiro final de semana, o grande público. Parece que as pessoas querem assistir rapidamente, senão o filme não vale. E tem filmes que podem encontrar um público de uma forma mais uniforme. Vai faltar espaço para o próximo Jogos. Do jeito que olhamos, vai ter filme que vai perder, mas terão filmes que vão ser valorizados.

Qual será o principal benefício do termo neste ano?

Vamos aprender muito em um ano, vamos entender o mercado e se o filme vai poder ter uma vida mais longa. Entender se com a opção de oferecer mais títulos, o mercado cresce. Porém, importante é sempre continuar respeitando o próprio mercado. Nem eu, que sou distribuidor, nem exibidor é maior que o mercado, que vai saber se alto regulamentar. O próprio público vai saber se alto regulamentar. Por isso falei que temos um ano de aprendizado.

Mesmo com o termo, acredita em um bom ano em 2015?

É um ano muito bom. A Paris conta com duas marcas internacionais: Divergente, em março, e Jogos Vorazes, em novembro. Além disso, venho com as marcas nacionais como Meu Passado me Condena 2, Divã 2, Gato Vira Lata 2, Minha Mãe É uma Peça 2, Até que a Sorte nos Separe 3... e nenhum fez menos de 1,5 milhões de espectadores. Devo crescer muito como empresa, e outras companhias também devem crescer. O mercado deve encontrar um momento bastante bom, com muito feriado, sem evento esportivo e sem eleições, o que prejudicou muito o nosso negócio. Temos de entender que estamos indo para um caminho de melhora, e não de piora.

Gostaria de deixar um recado ao exibidor?

Sempre vai acontecer um conflito de ideias sobre quem é a favor e quem é contra. Nesse momento, foi encontrada uma solução para esse tamanho de mercado, vamos começar um trabalho para entender o que vai acontecer para em um ano rever. Ou melhora, ou muda, ou não muda. O importante é ter um diálogo e tentar encontrar um caminho em prol do mercado. Tanto o governo, quanto o exibidor e o distribuidor não tem interesse em ver o mercado diminuir, tem o interesse no crescimento. Ainda sabemos pouco sobre esse assunto. O que sabemos é que algumas coisas vão melhorar, outras vão piorar. Mas temos de aprender.

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