19 Setembro 2014 | Redação
"Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" é a escolha brasileira para uma indicação ao Oscar
Anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura em São Paulo
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Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, primeiro longa de ficção dirigido por Daniel Ribeiro, foi o filme escolhido pelo Brasil para tentar uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015. O anúncio foi feito pelo Ministério da Cultura (MinC) nesta quinta-feira (18), na Cinemateca Brasileira, em São Paulo (SP), e a comissão especial formada por cinco membros selecionou a produção entre 18 títulos nacionais.
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O longa conta a história de Leonardo (Ghilherme Lobo), um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Leonardo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo.
“A obra escolhida apresenta uma linguagem universal. Ele nos tira de situações com 'cara de Brasil', o que muitas vezes falam sobre os nossos filmes. Esse longa tem uma história que pode ocorrer em qualquer país do mundo”, afirmou a Ministra Martha Suplicy durante o anúncio. “Fico extremamente contente com essa seleção, parabenizo o júri, sem desmerecer os outros candidatos que são filmes excelentes”, completou.
Foram responsáveis pela escolha o jornalista Luis Erlanger; o diretor, roteirista e produtor Jeferson De; Sylvia Regina Bahiense Naves, coordenadora-geral de Desenvolvimento Sustentável do Audiovisual da Secretaria do Audiovisual do MinC; Orlando de Salles Senna, presidente do conselho da Televisão América Latina (TAL); e George Torquato Firmeza, ministro do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, até agora, venceu prêmios em festivais na Alemanha, México, Itália, Estados Unidos, Suécia, Japão e Canadá. Destaque para o Festival de Berlim, onde venceu o Teddy Bear, para filmes com temática homossexual, e o prêmio da crítica. "Minha ideia era falar de um garoto que nunca tivesse visto um homem ou uma mulher – e que se apaixonasse por um cara. E então achei que tirar a visão do personagem seria um bom artifício para falar justamente dessa questão de como acontece a atração e o interesse por outra pessoa – sendo cego, outras sensações e sentimentos ganhariam força”, disse o diretor Daniel Ribeiro.
Caso seja escolhido, será a quinta vez que o Brasil concorre ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Os outros foram: O Pagador de Promessas (1963), O Quatrilho (1994), O Que é Isso Companheiro? (1998) e Central do Brasil (1999). Cidade de Deus foi indicado a quatro prêmios do Oscar de 2004 (Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Edição e Melhor Fotografia), mas foi ignorado em 2003 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.
“Acredito que o cinema brasileiro esteja fazendo escolhas corajosas pois é o segundo ano consecutivo em que o filme que vai nos representar na disputa por uma vaga no Oscar é um filme de diretor estreante e também de uma nova e independente produtora. Isso ressalta o sucesso e a visibilidade que essa nova geração de realizadores está obtendo nos festivais no exterior e no mercado brasileiro”, diz Silvia Cruz, da Vitrine Filmes, distribuidora responsável pela comercialização do longa.
Crescimento do cinema nacional
Mario Borgneth comentou o crescimento do cinema nacional nos últimos anos e elogiou os 18 filmes que concorreram a indicação brasileira ao Oscar. “Tivemos um aumento de 50% nos títulos que pleitearam uma indicação em relação ao ano passado, o que não deixa de ser um pequeno reflexo dessa curva positiva que passa o cinema brasileiro”, afirmou.
Em 2013, o Brasil teve 129 filmes lançados, número recorde de estreias nacionais desde a retomada na década de 90. Isso ajudou o número de ingressos vendidos e, ano passado, foram 149 milhões de bilhetes comercializados e renda de mais de R$ 1,7 bilhão.
Além disso, o Brasil fechou 2013 com 2679 salas de cinema, com um crescimento maior no nordeste e centro-oeste, de 14% e 13% respectivamente. Segundo a ministra Martha Suplicy, esse, junto com o aumento do consumo de televisão paga e da banda larga, ajudaram na divulgação do cinema nacional.
“Outra coisa fundamental para os nossos cinemas foi o lançamento do Programa Brasil de Todas as Telas, que conta com um orçamento de R$ 1 bilhão ao audiovisual e, assim, planejamos nos tornar uma das grandes potências do mundo. Também contamos com o Cinema Perto de Você, permitindo que muitas salas sejam abertas e cinemas no interior continuem trabalhando”, finalizou a ministra.
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