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26 Março 2025 | Redação | Entrevista: Renata Vomero

"A Batalha da Rua Maria Antônia" chega ao circuito comercial após ser apresentado a estudantes: "Vimos o entusiasmo dos jovens"

Manoel Rangel, produtor do filme, falou ao Portal Exibidor sobre estratégia de divulgação e também importância de retratar o período da ditadura

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(Foto: Divulgação)

A Batalha da Rua Maria Antônia (Imagem Filmes) chega aos cinemas amanhã (27) após adotar uma estratégia bastante diferenciada de divulgação. Além da participação em diversos festivais, o filme também foi apresentado em encontro com estudantes, como o Congresso da UNE, que aconteceu no mês de janeiro em Recife. A produção mostra uma verdadeira batalha entre estudantes e professores do Movimento Estudantil brasileiro contra a ditadura, em 1968. Em entrevista ao Portal Exibidor, o produtor Manoel Rangel destacou que, por retratar uma luta de jovens estudantes, esse público recebeu a obra com bastante entusiasmo.



O filme se passa em outubro de 1968 quando, durante a ditadura militar, estudantes e professores do Movimento Estudantil enfrentam ataques do Comando de Caça Comunista vindos do outro lado da rua Maria Antônia, em São Paulo, numa noite crucial que ficou conhecida como "A Batalha dos Estudantes".

"O filme é protagonizado pelos estudantes e pelo movimento estudantil. Nós vimos o entusiasmo com que os jovens e os estudantes em geral receberam o filme em suas primeiras exibições nos festivais. Com isso, entendemos que o melhor caminho é compartilhar com eles, os estudantes, o caminho da ampla circulação do filme desde já em sua chegada ao circuito de cinemas do país. Eles estão engajados como promotores do filme, com suas redes sociais, com suas organizações atuando diretamente para difundir o filme e levar público às salas", destacou Rangel.

Em um contexto de luta bastante amplo, a diretora Vera Egito optou, durante as pesquisas junto à equipe, concentrar a narrativa no ponto de vista dos estudantes da Faculdade de Filosofia da USP. Sob essa ótica, o espectador é convidado a integrar esse grupo de alunos que em 2 de outubro de 1968 protagonizaram uma batalha de resistência aos poderes autoritários do Brasil.

"O filme trata de um episódio relevante da história do país e do movimento estudantil, o projeto é ao mesmo tempo profundamente atual, uma vez que o Brasil estava e está novamente polarizado, dividido. Vera queria mostrar a importância de ter uma causa e lutar, mesmo que a vitória não estivesse ao alcance. Eu queria apresentar aos jovens de hoje a força e determinação dos jovens em um momento delicado da vida brasileira", refletiu o produtor ao fazer um paralelo com os dias atuais.

Ainda falando sobre o momento que vivemos atualmente no Brasil, Rangel também destacou que a juventude é a camada da sociedade que tem disposição para "bater de frente e provocar mudanças" e, mesmo tendo sido criada em um ambiente democrático e de liberdade, precisa ser lembrada de estar sempre alerta para defender seus direitos. Além disso, o produtor afirmou que A Batalha da Rua Maria Antônia pode se aproveitar do Oscar vencido por Ainda Estou Aqui (Sony), uma vez que ambos os filmes abordam a ditadura militar.

"’Ainda Estou Aqui’ redespertou o interesse do país pelo seu cinema e também por conhecer mais e melhor sobre o que foi realmente os 20 anos que vivemos sob ditadura militar, sem liberdade e sem democracia. 'A Batalha da Rua Maria Antônia' apresenta mais uma das facetas da vida nessa época em que se violava sem pudores universidades, hospitais, lares, fábricas e ruas para reprimir brasileiros. Os acontecimentos do país e do mundo nos últimos dois anos alertam para a necessidade de manter a memória viva do que foi a ditadura militar no Brasil: evitar a morte, a repressão, a alta do custo de vida sem direito a reclamar, a restrição da liberdade, a separação de famílias. O filme reacende a memória sobre a importância de todos os brasileiros que decidiram enfrentar a ditadura militar", disse.

A Batalha da Rua Maria Antônia é uma produção da Paranoid Filmes e coprodução da Globo Filmes e, além de Rangel, também conta com Egisto Betti e Heitor Dhalia como produtores. Além de ser apresentado para estudantes antes da entrada no circuito comercial, o filme passou por diversos festivais e conquistou os prêmios de Melhor Filme na Première Brasil do Festival do Rio em 2023, Prêmio Fundos de Melhor Filme no SEMINCI Valladolid em 2023, Prêmio de Melhor Longa-Metragem de Ficção (Escolha do Júri) no Festival de Atlanta em 2024 e o Prêmio Especial do Júri no Panorama Coisas de Cinema em 2024.

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