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14 Março 2025 | Redação

LatAm Content Meeting reúne mais de 600 profissionais e já confirma próxima edição para 2026

Evento voltado ao mercado audiovisual de não-ficção aconteceu no Rio de Janeiro entre 10 e 12 de março

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(Foto: Divulgação)

A LatAm Content Meeting teve sua primeira edição realizada no Rio de Janeiro entre 10 e 12 de março e somou mais de 700 participantes entre produtores independentes, distribuidores  e executivos de canais brasileiros e estrangeiros. A programação contou com uma série de painéis, debates e palestras com foco no mercado audiovisual de não-ficção na América Latina. 

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Com o sucesso, a organização do evento, que contou com patrocínio master do BNDES, já confirmou a edição de 2026, ainda sem data definida.

“Foram três dias intensos de muito trabalho. Espero que todos os participantes tenham conseguido aproveitar, fazer contatos, fechar projetos. O Latam Content Meeting foi criado para ser um espaço de negócios, mas também de amizade, feito para as pessoas do mercado se encontrarem, conversarem, se conectarem e quem sabe trabalharem juntos. Um evento da indústria, feito para a indústria. E tenham certeza: Ano que vem tem mais”, disse Fernando Dias, presidente da LatAm Content Meeting.

As sessões de pitch foram uma das principais atividades do LatAm Content Meeting, e foram geridas por uma parceria com o Sunny Side of the Doc, maior evento internacional dedicado a documentários lineares e não-lineares que acontece anualmente em La Rochelle, França. Os 18 projetos selecionados pelos maiores especialistas do setor foram divididos em três categorias dinâmicas – Natureza e Meio Ambiente; Assuntos Atuais e Investigações; e Entretenimento Factual. O projeto vencedor foi o longa doc. brasileiro Archaeology of Torture, dirigido por Carla Gallo e com produção de Rafaella Costa, coprodução da Manjericão Filmes Ltda Me (Brasil) e Lua Azul Producoes Audiovisuais Ltda (Brasil).

"A parceria entre o Sunny Side of the Doc e o LatAm Content Meeting provou ser um grande sucesso. Esta edição inaugural superou todas as expectativas, criando um mercado vibrante e bem frequentado onde cineastas, produtores independentes, distribuidores e altos executivos de 20 países se conectaram. Tínhamos certeza de que não seria algo isolado, e o que testemunhamos aqui no Rio de Janeiro e durante nossas três sessões de pitching confirma isso claramente. O potencial internacional para conteúdo de não ficção brasileiro e latino-americano é inegável e, igualmente, abordagens globais de narrativa podem enriquecer o ecossistema criativo regional”, contou Aurélie Reman, Diretora-Geral do Sunny Side of the Doc.

Na programação do último dia (12), o painel “Um Pacto pelo Impacto - Docs que Transformam” discorreu sobre como a narrativa de não-ficção tem o poder de destacar questões sociais, políticas e ambientais urgentes que estão moldando o nosso mundo hoje. Na mesa, estiveram reunidos representantes das produtoras brasileiras Taturana, Maria Farinha Filmes e Good e a neerlandesa  WaterBear

No painelMade in LatAm: Formatos Originais de Factual Entertainment”, os executivos da Boxfish, Movioca, Endemol e Floresta falaram sobre o mercado global de formatos de TV, que gera bilhões anualmente por meio de licenciamento, com dezenas de adaptações ao redor do mundo e dominando as classificações de audiência. 

“O maior desafio é entender como o brasileiro recebe os formatos audiovisuais importados. Quais são os gostos e os elementos culturais que a gente consegue incluir de acordo com o público, respeitando o formato original, e acrescentando a brasilidade. Na Floresta, a gente faz junto com a Globo o Quem quer ser um milionário, que é um conteúdo da Sony, já consolidado. O game show não permite tanta variedade, mesmo assim é possível, por exemplo, incluir as perguntas que tragam temas brasileiros, assuntos nossos”, explicou Sarah Rodrigues, da Floresta.

O painel “Quando a Realidade Encontra a Ficção” explorou os desafios e processos criativos por trás da dramatização de eventos reais e personagens verídicos a partir de estudos de caso exclusivos da Amazon Studios e da Gullane.

Primeiro dia 

Logo na abertura do evento, João Pieroni, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), falou do BNDES FSA Audiovisual, lançado em agosto de 2024, programa que busca induzir investimentos e facilitar o crédito para o setor. “O BNDES, no âmbito da Nova Indústria Brasil, trata esse setor como uma das prioridades e volta a apoiá-lo diretamente”, explicou.

Caroline Behar, da France Télévisions, fez a palestra de abertura onde apresentou a Global Doc Alliance — uma iniciativa inovadora de cofinanciamento que une os principais canais públicos internacionais em um esforço coletivo para promover a diversidade, elevar a qualidade dos conteúdos e atender aos padrões globais em constante evolução. Ao ser perguntada sobre seus planos, ela explicou o que planeja para o próximo ano. “Tenho a ambição de expandir nossa rede de cocriação internacional para criar oportunidades criativas entre França, Brasil e outros países da América Latina”, contou a executiva. Na sequência subiu ao palco do auditório principal Kate Phillips, Diretora de Unscripted, da BBC - Reino Unido,  que explicou como funciona o sistema da corporação e quais conteúdos são selecionados para a rede de televisão britânica.

A mesa de debates “Industry Talk: Por dentro dos Canais Brasileiros” com moderação de Leonardo Edde, da Riofilme, reuniu Eneas Pereira, da TV Cultura; Julio Worcman, do Canal Curta; André Saddy, do Canal Brasil; e Caio Luiz de Carvalho, do Grupo Bandeirantes de Comunicação de Rádio e Televisão.  Na pauta de discussão, o desafio dos canais de TV aberta e paga desenvolverem narrativas impactantes por meio de documentários e formatos inovadores. Além disso, a conversa permeou as consequências da era do streaming para a TV e a dificuldade que produtores independentes enfrentam tentando emplacar conteúdo em grandes plataformas. 

Na sala Mar Azul BNDES, a mesa “Novos Mercados para Catálogos Independentes no Streaming e os Desafios Tecnológicos” abordou o cenário atual e os desafios enfrentados pela indústria do audiovisual independente no contexto do streaming. A discussão focou nas questões de infraestrutura de internet, regulação necessária para assegurar a competitividade tecnológica e a soberania do conteúdo, além da continuidade e aumento na entrega de produções independentes ao público.

Em seguida, a sala recebeu a palestra “Sebrae: Impacto da Tec. na Produção Audiovisual - Reg. PL IA”, que discutiu a união do humano e do virtual, evidenciando a forma em que os dois mundos se fundiram. A conversa também atravessou o debate da regulamentação da IA no Brasil e o futuro do uso da tecnologia sem uma legislação específica.

Segundo dia

O primeiro painel do dia, “Industry Talk: Por Dentro dos Canais Europeus”, reuniu executivos de grandes broadcasters públicos e privados do mundo que foram questionados sobre o que os incentivou a procurar pitches na América Latina. Para Shaminder Nahal, da Channel 4, existe um interesse crescente de sua audiência pelo passado e pela política latino-americana, e destacou a premiada produção de Walter Salles, Ainda Estou Aqui, como uma referência que captou sua atenção. “Acredito que na América Latina, assim como no resto do mundo, ainda há histórias incrivelmente interessantes para serem desvendadas”. 

Para Tim Klines, head de documentários da Deutsche Welle, o mercado audiovisual está sempre à procura de pitches mais concretos e mandou um recado para os produtores presentes: “Por favor, nos ofereça um filme, e não apenas uma ideia. O que você pretende nos contar e, principalmente, como você pretende nos contar? Queremos respostas firmes a essas perguntas”.

No painel “Industry Talk: Canais FAST”, executivos do setor contaram como os canais fast estão se destacando como um player chave no cenário de streaming e são uma boa oportunidade para criadores de conteúdo, anunciantes e emissoras se conectarem com uma audiência cada vez mais engajada. Questionados sobre qual o caminho que um conteúdo precisa seguir para alcançar a audiência, Adriano Hayashi, da Paramount/Pluto, explicou que ainda não há uma conclusão. “Os produtores precisam entender o quanto conseguem amplificar em todas as plataformas. Ainda estamos em um momento de muitos testes, sobre qual o caminho que o conteúdo deve seguir. Todos os participantes foram unânimes em afirmar que pensar na localização é fundamental, e quando disponibilizamos conteúdo legendado ou dublado vemos a diferença gritante”. Sobre o futuro da fast TV, Felipe Gagliardi, da Samsung TV Plus, que possui 115 canais disponíveis, afirmou que existem muitas oportunidades de crescimento: “Hoje apenas 50% dos lares brasileiros têm uma smart TV, e esperamos que o avanço da banda larga alavanque ainda mais”.

Na sequência, no painel “Industry Talk: Platforms”, os principais executivos das principais plataformas de streaming do país falaram sobre o impacto crescente do conteúdo não-ficcional no cenário do streaming. Para os produtores brasileiros, a dica de Tony Patterson, diretor de produções internacionais originais da Amazon MGM Studios, é pensar sempre no que está por vir. “Enquanto você está desenvolvendo um projeto agora, tenha em mente as tendências que podem surgir daqui a 2 ou 3 anos. É isso que esperamos de nossos creators”. O executivo também falou sobre a importância de investir em iniciativas locais, mas que possam ressoar com o mundo globalizado: “Nós nos preocupamos em contar histórias de modo autêntico, e queremos dar um retorno às comunidades nas quais investimos”. 

Tiago Ornaghi, gerente de conteúdo da Globoplay, ao abordar as demandas da plataforma no momento, ressaltou que o conteúdo deve ter a capacidade de “brigar de igual para igual” com o que está sendo exposto na home de determinado streaming, e deixou um conselho: “Antecipem os nãos e os corrija antes de entregar seus projetos às plataformas. Criem projetos sólidos, bem estruturados e pensados para a audiência”.

O painel “Toolkit do Produtor: Factual Entertainment” reuniu tomadores de decisão de canais e plataformas globais sobre o que eles buscam em formatos de Factual Entertainment. Caroline Behar, do Channel 4, e Maria Correa,  do WaterBear dos Países Baixos, discutiram a relevância crescente do Factual Entertainment, explorando diferentes vertentes e o impacto desse gênero no público global. Representando a Warner Bros Discovery, Patrício Diaz compartilhou as experiências da plataforma com séries policiais e médicas, além de falar sobre o sucesso das telenovelas e dramas, destacando a enorme audiência brasileira e o crescente mercado da América Latina, ressaltando as oportunidades de engajamento de público através de narrativas emocionais e enredos envolventes. E Glauco Sabino, executivo da Amazon Studios no Brasil, trouxe à tona discussões sobre os formatos de reality shows, incluindo a popularidade de produções como Soltos no Carnaval e as coproduções realizadas com a produtora Floresta, além de falar sobre o impacto das novelas e dramas na audiência brasileira e latino-americana.

Durante o painel “Show me the Money”, representantes do BNDES e Ancine falaram sobre as diversas oportunidades de financiamento e aportes existentes para o mercado de audiovisual. “A indústria global é uma prioridade. Nós estamos no momento de tentar colocar o setor do audiovisual como uma prioridade de país, para a geração de emprego e renda. Queremos mostrar a importância do setor para o país”, explicou, José Luis Pinho Leite Gordon Diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES

Encerrando o segundo dia de evento, o painel “100 anos de Globo contando histórias brasileirascom participação de vários executivos especialistas da empresa falou de como nesses 100 anos, a Globo tem contado histórias de brasileiros para brasileiros, incluindo o gênero de não-ficção.

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