13 Fevereiro 2025 | Yuri Codogno
Curso gratuito de cinema está com as inscrições abertas para pessoas em vulnerabilidade social
"Formação Fotossíntese Filmes" é uma iniciativa da cineasta Amanda Lopes, fundadora da Fotossíntese Filmes
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A cineasta Amanda Lopes, fundadora da Fotossíntese Filmes, está com as inscrições abertas para o seu curso gratuito Formação Fotossíntese Filmes, voltado a aspirantes a cineastas de grupos sociais em situação de vulnerabilidade. Com carga horária de 200 horas, o curso combina aulas teóricas ao vivo (120h) e práticas (80h), culminando na produção de curtas-metragens por equipes.
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As inscrições estão abertas até o dia 20 de fevereiro e podem ser feitas aqui. As aulas começam no dia 24 deste mês e vão até 30 de novembro, com duas turmas, sendo a primeira das 9h às 12h e a segunda das 19h às 22h. Todos os participantes receberão certificação ao término do curso.
O Portal Exibidor conversou com Amanda Lopes, que contou um pouco das motivações do curso, que tem como objetivo fomentar a inclusão de mulheres, pessoas trans, não binárias, intersexo, travestis, cineastas negras e LGBTQIAP+ no mercado cinematográfico.
“A ideia [de criar o Formação Fotossíntese Filmes] nasceu da minha própria experiência ao ingressar no cinema e perceber as barreiras que impedem certos grupos de acessarem essa indústria. Pessoas trans, negras, estudantes de escolas públicas, militantes de movimentos sociais, pessoas com doenças crônicas e aqueles com mais de 45 anos são frequentemente deixados à margem das oportunidades audiovisuais”, explicou Amanda.
O projeto, aliás, está ancorado nos princípios da economia solidária de Paul Singer, que defende a democratização dos meios de produção e a autossuficiência criativa como ferramenta de transformação social. Desta forma, não se trata apenas de ensinar cinema, mas também de construir novas possibilidades de existência dentro da indústria audiovisual, onde o conhecimento é compartilhado e o protagonismo das narrativas é descentralizado.
“A gratuidade do curso não é um detalhe; é um ato político e um compromisso com os ODS da ONU. Queremos garantir que talento e criatividade não sejam sufocados por barreiras financeiras, porque acreditamos que a cultura deve ser acessível a todos. Além disso, promovemos igualdade de gênero e diversidade racial, alinhando-nos a movimentos históricos que entendem a educação como um ato de liberdade, como ensina bell hooks. Nosso objetivo não é apenas formar cineastas, mas criar espaços onde corpos historicamente silenciados possam ressignificar suas histórias e transformar o cinema”, contou Amanda.
O curso atualmente conta com um financiamento inicial de R$ 200 mil, oriundo de um edital cultural, cobrindo custos básicos da equipe, infraestrutura, plataforma online e divulgação. Apesar disso, a iniciativa ainda precisa de apoio para garantir que os alunos tenham uma experiência completa e, assim, continua em busca de patrocinadores e parceiros, objetivando viabilizar aspectos essenciais da formação dos alunos, incluindo equipamentos de filmagem, estúdios parceiros, transporte e alimentação, licenças de software e verba de produção.
Durante o curso, os alunos terão uma experiência imersiva e prática, com aulas sobre narrativa, direção, produção e montagem, além de acesso a equipamentos e mentorias especializadas. A abordagem, deste modo, combina teoria e prática para que, ao final, cada grupo produza seu próprio curta-metragem. Além disso, há também a “competição” de roteiros dentro do curso, desafiando os participantes a explorarem novas formas de contar histórias e estimular um ambiente colaborativo e criativo - amplia a visão sobre o setor e incentiva o trabalho em equipe, habilidades essenciais dentro do setor audiovisual.
“Angela Davis afirma que a arte tem o poder de gerar revoluções. É isso que esperamos que nossos alunos levem consigo ao final do curso: a confiança de que suas vozes importam e que podem desafiar as estruturas da indústria audiovisual com suas narrativas”, lembrou Amanda.
Assim como ocorre nas mais diversas áreas da sociedade, pessoas em vulnerabilidade social têm mais obstáculos em seus caminhos para conseguir alcançar seus próprios objetivos. Em um mundo em que custa a pregar pela equidade, a igualdade fica ao horizonte, dependendo de iniciativas públicas e privadas para que mais pessoas tenham condições de alcançar suas metas em condições menos desiguais.
Por essa razão, Amanda ressaltou: “O audiovisual, assim como muitas indústrias criativas, opera em uma lógica de exclusão. A maior parte dos profissionais vem dos mesmos círculos, criando barreiras invisíveis para quem está fora desse sistema. Mudar isso exige mais do que discursos sobre diversidade; é preciso ação concreta”.
Uma dessas ações concretas é o curso gratuito Formação Fotossíntese Filmes, que conta com profissionais renomados, como: Quézia Lopes (Cinema Negro): Roteiro, produção executiva e história do cinema; Junia Soares (Edição): Montagem prática e colorização; Mariana Zani (Cinema de Horror): Direção de arte e atores; e Pepe AJ Amanda (Cinema Feminino): Legado de Alice Guy, roteiro e cinema LGBTQIAP+.
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