Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Entrevista

22 Janeiro 2025 | Yuri Codogno

Sato Company anuncia 20 títulos para o primeiro semestre, incluindo grande produção chinesa

Portal Exibidor conversou com Nelson Sato, fundador e CEO da empresa

Compartilhe:

(Foto: Divulgação)

Com importantes países para a cinematografia mundial, a Ásia cada vez mais emplaca fortes lançamentos no Brasil, com títulos premiados mundialmente e que possuem apelo para ter excelentes desempenhos nas telonas. E grande parte da responsabilidade de exibir os títulos asiáticos por aqui é da Sato Company, distribuidora com foco em levar aos cinemas nacionais obras oriundas da Ásia Oriental, como Japão, Coreia do Sul e, a partir de agora, China. 

Publicidade fechar X

O Portal Exibidor conversou com Nelson Sato, fundador e CEO da distribuidora, sobre o line-up da companhia para 2025. 

Antes, porém, é importante ressaltar o ano de 2024 que a Sato Company teve, aproveitando do lançamento de O Menino e a Garça e também do sucesso de Godzilla Minus One, que estreou nos últimos dias de 2023. Além do ótimo desempenho comercial (230+ mil ingressos vendidos para o kaiju e quase 450 mil para o anime), ambos foram premiados no Oscar, com a produção da Ghibli vencendo como Melhor Animação e o live-action em Melhores Efeitos Especiais. 

Estamos muito felizes. Muito gratos também pela oportunidade que tivemos de trazer o ‘Godzilla’ e depois ‘O Menino e a Garça’, são dois marcos para nós. Trazer e representar o conteúdo asiático com esses prêmios gigantescos, então realmente foi um ano muito feliz. Trouxemos uma sequência de conteúdos interessantes, dando o nosso drive para continuar investindo e trazendo muito mais coisas do mercado asiático”, comemorou Nelson Sato.

Para 2025, a Sato Company está trabalhando com pelo menos 20 títulos apenas no primeiro semestre, com uma média de três filmes por mês. Para janeiro, a distribuidora estreou o sul-coreano RM: Right People, Wrong Place, documentário sobre Kim Namjoon, líder da banda BTS, principal grupo de k-pop. Na sequência, entrou em cartaz The Moon - Sobrevivente, também da Coreia do Sul, um longa de ficção protagonizado por D.O., da banda Exo. 

“A competição hoje de exibição está muito grande, então estamos com poucas salas essa semana, temos um compromisso de lançar agora no começo do ano, por isso que entramos com o filme mesmo com poucas salas, mas acreditamos que o boca a boca dele vai levantar o ‘The Moon’. Então temos essa positiva expectativa em cima do ‘The Moon’, quem puder assistir realmente é um filmaço de ficção científica”, disse Nelson.

Na sequência, entra em cartaz 12.12: O Dia, maior bilheteria da Coreia do Sul no ano passado com mais de 13 milhões de ingressos vendidos. É o longa selecionado pelo país para competir por uma vaga no Oscar 2025, na categoria Melhor Filme Internacional. Por coincidência, o protagonista Jung Hae In esteve no Brasil neste início do ano para um fan meeting, que teve um sold out, tamanha procura por essa celebridade. 

“Outra coisa relevante no ‘12.12: O Dia’ é que fala de 12 dezembro de 1979, quando houve coincidentemente também o falecimento de um presidente, que era o Park, e a instituição da Lei Marcial. Então está muito paralelo ao que está acontecendo hoje lá na Coreia. São dois ingredientes para conhecer um pouquinho do lado político da Coreia, que é muito similar ao Brasil. Houve um governo militar, entrou na democracia. Mas ainda tem essa estabilidade política da democracia com o pessoal do lado militar”, explicou o executivo, comparando a produção com Ainda Estou Aqui, devido às semelhanças em ambos retratam períodos ditatoriais de seus países.

Nelson Sato também anunciou um acordo grande com a CJ Entretenimento para trazer mais dez títulos, muitos baseados em k-pops, para lançar no Brasil. Fora isso, tem os filmes adquiridos pela Sato Company, como Amazon Bullseye, que foi gravado parcialmente aqui no Brasil, com atores brasileiros e comediantes da Coreia do Sul; Spirit World, longa franco-japonês com a Catherine Deneuve; One Million Dollar Pentagram, 27ª filme da franquia de anime Detective Conan, que foi a mais bilheteria do Japão em 2024; e Totto-Chan: A Menina na Janela, anime que foi exibido na Mostra do Cinema de São Paulo do ano passado. 

“Da Coreia do Sul, também estamos trazendo ‘Força Bruta - A Condenação’, terceiro filme da franquia. Antes trouxemos ‘Força Bruta 1‘, fizemos a América Latina toda, mais de mil salas, logo no pós-pandemia, mas tivemos um resultado muito interessante. Lançamos o ‘Força Bruta 2’ ano passado. É uma franquia com Don Lee, é um filme de ação de um policial que resolve tudo na pancadaria, então é muito gostoso”, disse Nelson.

Da península coreana, também tem Ditto, um romance com pegada mais teen, e One Win, com Song Kang-ho, protagonista de Parasita (2019).

Mas o grande destaque talvez seja a inclusão do cinema chinês no circuito comercial brasileiro. Dona do segundo maior mercado consumidor do mundo, muitas vezes batendo de frente com os EUA, a China está chegando às telonas nacionais com Terra à Deriva 2, filme que arrecadou US$ 615 milhões somente em seu país natal. 

“O ‘Terra à Deriva 1’ chegou pela Netflix, mas foi fenômeno na China, com mais de US$ 700 milhões só na China. O ‘Terra à Deriva 2’ deu US$ 615 milhões. O primeiro, como a Netflix comprou o direito global, foi direto para streaming. Mas a Sato comprou o 2 para toda América Latina, nós vamos fazer cinema. E o interessante de ‘Terra à Deriva 2’ é que temos uma atriz brasileira que mora na China. É uma outra ficção, é um ‘desaster movie’, que fala sobre o problema global, muito focado sobre o que temos feito com nosso planeta, o que está acontecendo com o nosso planeta, então o tema muito atual e mostra aí a China também como uma produtora de ficção científica muito interessante”, celebrou Nelson Sato.

Um adendo importante: enquanto o primeiro filme foi lançado antes da pandemia, o segundo foi para os cinemas chineses em 2023, o pior ano da crise global na China. Então, apesar da redução do valor arrecadado na sequência, o número demonstra a força da franquia na maior economia oriental. 

Essas são todas as estreias que a Sato Company pôde revelar, considerando os filmes que devem estrear até o meio do ano. Em relação às datas de lançamento, não há uma definição exata para esses lançamentos. 

Sobre trazer a China para o Brasil, Nelson ressaltou: “É bom para conhecer um pouco mais da cultura, né? Apesar de ser asiático, cada um tem seu estilo. O chinês tem um valor cultural, coreano outro valor cultural, tem muita similaridade. Mas também tem diferenças, então o motivo de lançar também está focado em poder prestigiar tudo que é feito lá do outro lado, mas também para poder conhecer um pouquinho de cada cultura”.

CONFIRA MAIS TRECHOS DA ENTREVISTA COM NELSON SATO

A relação entre o Brasil e o consumo de obras asiáticas

NELSON: “O Menino e a Garça" é o anime mais visto do estúdio Ghibli aqui no Brasil. E foi, se não me engano, o quarto ou quinto maior anime de todos os tempos no Brasil também. Então vem crescendo, né? Todos os Dragon Ball, todos os filmes até mais comerciais, eles têm performado cada vez melhor mostrando que a audiência tem buscado esse tipo de cultura diferente. Temos esse lado positivo que o Brasil é a maior comunidade japonesa fora do Japão, acabou tendo uma integração com a cultura brasileira que foi muito bem aceita. Então temos hoje mais restaurantes de sushi do que churrascaria, todo mundo gosta da cultura japonesa, coreana. Tem essa essa conexão muito boa, com os jovens principalmente. Os animes tem caminhado muito bem, temos trazido também alguns filmes de ação e alguns dramas japoneses. É até para mostrar que Japão também não é só anime, mas para mostrar um pouquinho mais também da filmografia japonesa. 

E do coreano, todos os romances, séries que tem explodido na Netflix e outros streamings, temos buscado trazer também fórmulas diferentes, então o filme de ação, filme de ficção, baseados em fatos reais, que é o caso do “One Win”, o “Ditto” é um romance, uma ficção, uma regravação na realidade, um remake de um clássico coreano de muito sucesso. Então acho que vale a pena ver porque tem uns talentos novos nesse filme e é um romance muito gostoso. E o gostoso disso é realmente poder compartilhar um pouquinho da cultura de cada região, e agora com “Terra à Deriva 2”, conhecer um pouquinho da ficção chinesa, a qualidade dos efeitos que estão fazendo. Agora é ir assistir e poder ver como está grande o cinema asiático.

Grande dificuldade em trabalhar com conteúdo asiático no Brasil

NELSON: Ainda estamos crescendo. Mas a visão do exibidor sempre é que nós somos um nicho.Claro que sempre a major vai ter a prioridade. Então às vezes [o maior desafio] é programação. No Brasil são poucas salas de cinema comparada a qualquer outro país da América Latina, o Brasil tem 240 milhões de população, o México tem quase 140 milhões, só que lá tem 10 mil salas de cinema, enquanto o Brasil, que tem mais de cem milhões a mais de habitantes, são apenas tem 3.600 salas. Quer dizer… um terço quase do tamanho do México. 

Então falta espaço para poder fazer boa programação. Só para você ter uma ideia, “The Moon”, que é um filme maravilhoso, por causa da competição que está tendo agora de filmes de Oscar, de outros filmes que estão em cartaz, o espaço foi pequeno, sendo o filme muito bom. Quem assistir vai poder verificar que o filme é excelente, mas não tivemos oportunidade de fazer uma distribuição maior.

Uma outra comparação: ano passado tinha uma missão para a China, que fui junto com o MinC, representando o Brasil, nós fomos em cinco empresas. Tive uma proximidade, um diálogo muito bom com o governo chinês. Sabemos que nos Estados Unidos antes da pandemia existiam 32 mil telas, pós-pandemia 29 mil, fechou quase 10% das salas. Na China, o número é estrondoso: estão com 82 mil salas de cinema e estão abrindo 4 mil salas por ano. E a meta deles é atingir 100 mil salas, ser o triplo do tamanho que é o mercado americano.

Compartilhe:

  • 4 medalha