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27 Novembro 2024 | Gabryella Garcia

"Salão de Baile: This is Ballroom" celebra pessoas pretas e LGBTQIAP+ para resgatar autoestima e difundir cultura ballroom

Portal Exibidor realizou uma entrevista exclusiva com Juru e Vitã, diretoras do documentário

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(Foto: Divulgação)

Salão de Baile: This is Ballroom (Retrato Filmes) chega aos cinemas no dia 5 de dezembro mergulhando no universo efervescente da cena fluminense do ballroom, movimento protagonizado por pessoas pretas e LGBTQIAPN+. Com uma equipe formada majoritariamente por pessoas da própria comunidade, o documentário reforça o senso de coletividade presente nesta cultura e, para as diretoras Juru e Vitã, resgata a autoestima dessas pessoas através da celebração. Para falar sobre as expectativas e sentimentos de ver o ballroom nas telas de cinema do país, as diretoras concederam uma entrevista exclusiva ao Portal Exibidor.

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Em Salão de Baile: This is Ballroom, a câmera acompanha uma “ball” (baile) da cena fluminense, nas margens da Baía de Guanabara, onde pessoas negras e/ou LGBTQIAPN+ têm a liberdade para experimentar novas possibilidades de expressão de identidade, de gênero e exercitar seus potenciais artísticos. Várias modalidades de competição acontecem ao longo da celebração: moda, beleza, dança, música, desfile. O documentário, inclusive, já foi exibido em mais de 15 países e conquistou prêmios nos festivais Queer Porto, em Portugal, Oslo/Fusion Festival Internacional de Cinema, na Noruega, Afrika Film Festival, em Colônia, na Alemanha, além dos prêmios de Melhor Montagem e uma Menção Honrosa no Prêmio Félix no Festival do Rio 2024, e do Coelho de Ouro, prêmio concedido pelo júri da Mostra Competitiva Brasil como Melhor Longa-Metragem Nacional no 32º Festival Mix Brasil.

Como parte da proposta de resgate de autoestima e celebração da comunidade, boa parte da equipe é composta por pessoas da cena ballroom, desde a produção até a direção de arte, passando também pela trilha sonora. Para Vitã, isso resultou em um projeto singular que, além de apresentar a cena para o mundo, também irá emocionar pessoas que já estão inseridas nessa cultura.

"Queríamos que o filme fosse uma abordagem íntima e coletiva para a cena e para essa cultura. Ele nasce do nosso encontro com a ballroom e com o nosso encontro com as pessoas que fazem parte da ballroom em Niterói, que é o lugar que a gente estava frequentando quando o filme nasceu. É sobre construir um filme com as pessoas que a gente gosta, pessoas que a gente tem relações afetivas de parentesco, de amizade e de amor. A gente queria traduzir para o cinema essa experiência de estar em uma ball e fazer parte dessa cultura que é uma coisa muito singular e que vemos pouco nos filmes fazendo de uma forma que a gente gostasse e sentisse essa realidade. Esse era um dos nossos desafios e conseguimos construir isso com as pessoas que fizeram o filme com a gente, inclusive que fazem parte da cena ballroom, e fizeram parte da equipe. Conseguimos chegar nesse resultado para mostrar nossa vivência e nossa realidade para que as pessoas possam se interessar e conhecer mais. É um filme que o ponto de partida é para quem não conhece a ballroom e para quem já faz parte dessa cultura poder se divertir e se emocionar", destacou.

Durante a entrevista, Juru também acrescentou que a diversidade da equipe, com pessoas de dentro da própria cena, também foi crucial para passar a mensagem desejada. "Isso foi importante para perceber quais eram as necessidades e desafios da ballroom e o que a gente precisava criar de estrutura para as pessoas estarem na ball e também nos dias de gravação. A direção de arte, inclusive, tem uma marca muito forte no filme e conseguiu pensar em uma estética que seja nossa e não uma referência aos produtos que já existem, quase sempre referenciando Nova York e os Estados Unidos. Tenho muito orgulho da nossa direção de arte porque fizeram um trabalho incrível com poucos recursos e trouxeram uma grandiosidade e singularidade muito grande", disse.

Trazendo essa representação bastante particular da cena ballroom brasileira, um dos objetivos do documentário é chegar ao máximo de pessoas de fora da "bolha" e, nessa perspectiva, Juru também comemorou a estreia do filme no circuito comercial.

"Sabemos que o cinema brasileiro passa por uma dificuldade muito grande na distribuição. Até avançamos nas últimas décadas na produção, mas a distribuição ainda é um desafio muito grande. Por isso é muito legal estar conseguindo chegar aos cinemas e a gente fez esse filme querendo que fosse uma ponta para que mais pessoas acessassem a cultura ballroom e conhecessem esse universo que foi tão transformador para a gente. É um espaço de celebração para pessoas LGBTQIAP+ e pessoas pretas, um espaço de resgate da autoestima, um espaço para a gente aprender a ser bixa, sapatão e travesti, e é um grande lugar de cura. É um filme sobre querer estar junto e ele tem muita força quando assistimos na sala de cinema. Estar no cinema e ver um filme junto com outras pessoas tem um potencial transformador diferente, então é incrível saber que as pessoas vão ter essa oportunidade", celebrou.

Por fim, Vitã reforçou que o filme fala sobre comunidade e família, fazendo com que o público se identifique com os desafios e lutas que surgem das diferenças e adversidades, e deixou sua torcida para que o boca a boca positivo possa levar mais e mais pessoas para os cinemas.

"É um filme que foi muito trabalhado nessa parte técnica do som, da fotografia e da imagem, então proporcionamos para o público realmente uma experiência de imersão. É uma experiência bem sensorial e coletiva na sala de cinema, então esperamos que o boca a boca leve as pessoas para as salas de cinema e que elas conheçam e vivam esse momento único. Realmente pensamos nesse filme para o cinema então é o momento de aproveitar essa oportunidade e vivenciar o filme dessa maneira e nessa potência", finalizou.

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