21 Novembro 2024 | Yuri Codogno
Levantamento da ABRA revela que 40% dos roteiristas brasileiros faturam apenas um salário mínimo por mês
Relatório da Associação Brasileira de Autores Roteiristas também apontou uma grande desigualdade por regiões
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A Associação Brasileira de Autores Roteiristas (ABRA) divulgou um mapeamento sobre o perfil do setor no Brasil, indicando que 40% dos profissionais nacionais não conseguem se sustentar apenas como roteiristas, revelando a desvalorização do roteiro e do profissional que o desenvolve. O levantamento foi feito a partir de dados internos da própria associação, que pode ser conferido aqui. As informações são da Tela Viva e do próprio relatório.
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Considerando os últimos 12 meses, 12,4% das pessoas associadas ao ABRA não receberam um centavo como roteiristas, enquanto 29% disseram ter recebido até R$ 20 mil nesse período. Assim, mais de 40% dos profissionais mal receberam um salário mínimo (R$ 1.412,00) por mês, no último ano. O mesmo gráfico aponta que 17,2% receberam R$ 21-50 mil/ano; 18,4% receberam R$ 51-100 mil/ano; 9,9% recebeu R$ 101-150 mil/ano; 6,2% recebeu R$ 151-200 mil/ano; 3,5% recebeu R$ 200-300 mil/ano; e 2,9% recebeu a partir de R$ 300 mil reais nos últimos 12 meses.
"A situação ameaça a qualidade e a sustentabilidade de todo o ecossistema audiovisual, uma vez que estes profissionais e os roteiros que escrevem são a base de tudo que vemos nas telas. São eles que criam e desenvolvem as histórias de filmes, séries, documentários, realities, programas antes do início da etapa de produção, garantindo ainda planejamento e economia aos projetos", ressaltou a ABRA em comunicado.
O levantamento aponta também que 31,8% das pessoas associadas ao ABRA têm um segundo trabalho por necessidade, enquanto 29,7% fazem isso por opção. Por outro lado, apenas 27,5% dos profissionais atuam somente como roteiristas.
Além disso, o relatório também revela que 61,3% (574) das pessoas associadas ao ABRA são de SP e RJ, seguido por: Nordeste (14,6%), com 137 profissionais; Sul (10,1%), com 95; MG e ES (6,6%), com 62; Centro-Oeste (4,9%), com 46; e Norte (2,4%), com 22 roteiristas.
Na faixa etária, 40,4% está entre 35 a 44 anos, seguido por 45-54 anos (23,6%), 25-34 anos (22,3%), 55-64 anos (9,7%), 65+ (3,3%) e 18-24 anos (0,6%). Na etnia, há uma grande predominância de pessoas brancas (72,8%).
Este é o segundo Mapeamento ABRA sobre roteiristas no Brasil e colheu dados de 559 pessoas associadas à entidade em 2024 e indicou ainda uma piora das condições de trabalho ao comparar de maneira inédita os resultados com o levantamento de 2022. O percentual de roteiristas CLT caiu pela metade (10% em 2022 para 5% em 2024) e até mesmo profissionais fixos, mas contratados como pessoas jurídicas, tiveram redução de 13% para 9%.
Um dado interessante também é que mais de 85% dos associados a ABRA nunca recebeu nenhum valor após a exibição do projeto final, considerados os pagamentos de resíduos, que foi um dos principais motivos das greves dos roteiristas de Hollywood em 2023.
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