Nas últimas duas semanas, os cinco principais estúdios de Hollywood revelaram seus últimos balanços fiscais, informando aos acionistas a situação de suas finanças. O levantamento de cada major é referente a 1º de julho e 30 de setembro, três meses que marcam o verão no hemisfério norte, período em que costumam ser lançados grandes blockbusters, com o objetivo de alimentar os cinemas durante as férias escolares. As informações são dos portais Variety, Deadline, IndieWire, The Hollywood Reporter e Celluloid Junkie.

Disney, Sony, Paramount, Universal e Warner tiveram trimestres bem distintos, com a Disney sendo a grande protagonista - uma consequência de ter dominado as bilheterias no período -, enquanto outras não obtiveram o retorno dos sonhos. Em ordem de divulgação do balanço, confira como cada estúdio se saiu no último trimestre fiscal. 

UNIVERSAL  | 31 de outubro

A Universal teve como grande destaque o crescimento de seu streaming, Peacock, que não atua no Brasil. Foram 3 milhões de assinantes a mais, graças ao fato de que a plataforma foi o streaming oficial de transmissão das Olimpíadas de Paris, fazendo o Peacock chegar a 36 milhões de assinantes, com sua audiência crescendo 33% em julho e 39% em agosto.

Nos cinemas, a Universal lançou no trimestre Meu Malvado Favorito 4 (US$ 968,9 milhões), Twisters (US$ 257,7 milhões apenas na América do Norte, visto que em outros territórios foi distribuído pela Warner), Maxxxine (US$ 22 milhões) e Não Fale o Mal (US$ 76,6 milhões), além de Robô Selvagem, que estreou em 30 de setembro, de modo que a maior parte de sua arrecadação será contabilizada apenas no quarto trimestre fiscal de 2024.

Desta forma, a major superou as expectativas de Wall Street, que previa que a Comcast (grupo administrador da NBCUniversal) teria lucro por ação de US$ 1,06 e receita de US$ 31,64 bilhões, enquanto na realidade teve lucro por ação de US$ 1,12 e receita de US$ 32,07 bilhões.

“Realizamos Jogos Olímpicos de Verão de Paris incrivelmente bem-sucedidos que ajudaram a impulsionar o crescimento percentual de dois dígitos na receita do Peacock e nos assinantes pagos e contribuíram para a classificação #1 da NBC para a temporada 2023-2024. Também lançamos o universalmente aclamado ‘Meu Malvado Favorito 4’ e anunciamos a inauguração do Universal Epic Universe em maio de 2025, que será o parque temático mais ambicioso e tecnologicamente sofisticado já criado”, disse Brian L. Roberts, presidente da Comcast, em demonstração que acompanha os resultados financeiros.

WARNER | 7 de novembro

Em seu terceiro trimestre fiscal, a Warner Bros. Discovery reportou que ganhou 7,2 milhões de assinantes no Max, o maior aumento trimestral desde o lançamento da plataforma. Assim, o streaming chegou a 110,5 milhões de assinantes globais. As receitas totais do WBD foram de US$ 9,62 bilhões, uma queda de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Nos estúdios, porém, houve queda na receita, especialmente porque, diferentemente do ano passado, o último trimestre não teve um grande blockbuster estreando - lembrando que Barbie estreou em julho de 2023 e se tornou a maior arrecadação do ano. A queda na receita do cinema foi de 40% em comparação com o mesmo período de 2023. 

Entre julho e setembro de 2024, a empresa estreou nos cinemas: Twisters (US$ 103,2 milhões, contabilizando apenas a distribuição fora da América do Norte), Armadilha (US$ 82,6 milhões), Pisque Duas Vezes (US$ 46,3 milhões) e Os Fantasmas Ainda se Divertem (US$ 450,7 milhões), que continua em boa campanha, especialmente nos Estados Unidos.

“Os resultados do terceiro trimestre da Warner Bros. Discovery demonstram mais uma vez que, embora continuemos a enfrentar perturbações extraordinárias no nosso ambiente, a estratégia que empreendemos para preparar a WBD para o sucesso futuro está a mostrar resultados importantes”, disse David Zaslav, CEO da WBD, em carta aos acionistas. 

SONY |  7 de novembro

O período entre julho e setembro é o segundo trimestre fiscal do ano para a Sony, não o terceiro, como é para os estúdios anteriores. No período, os lucros da Sony Pictures Entertainment caíram para US$ 124 milhões, uma redução de 39% em relação ao mesmo trimestre de 2023. 

Ao anunciar os resultados, a Sony Corp disse que as quedas foram atribuídas à redução nas entregas de séries na unidade de produções de televisão, em parte devido a atrasos na produção relacionados às greves de Hollywood em 2023. Os lançamentos de cinema, porém, estiveram essencialmente no mesmo nível: US$ 455 milhões em 2024 e US$ 465 milhões em 2023. 

Durante o período de julho a setembro deste ano, a Sony lançou três importantes filmes nos cinemas: Como Vender a Lua (US$ 42,2 milhões), É Assim que Acaba (US$ 349,2 milhões) e Harold e o Lápis Mágico (US$ 31,6 milhões). 

PARAMOUNT | 8 de novembro

A Paramount Global divulgou números financeiros mistos no terceiro trimestre, com crescimento no streaming e queda nos cinemas. Mas, no geral, as receitas do terceiro trimestre fiscal foram de US$ 6,73 bilhões, uma queda de apenas 6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A receita dos streamings foi particularmente alta, com um aumento de 10%, com a Paramount+ adicionando 3,5 milhões de assinantes, chegando a 72 milhões globais e se solidificando como o quarto maior SVOD do mundo. Simultaneamente, as receitas de filmes e séries caíram 34%, com o cinema caindo impressionantes 71%. Os sucessos de bilheteria durante o trimestre incluíram Um Lugar Silencioso: Dia Um (US$ 261,7 milhões), lançado na última semana de junho, e Transformers: O Início (US$ 128,7 milhões), que estreou no final de setembro e, em muitos territórios, apenas em outubro. 

“A menor receita de entretenimento doméstico e o licenciamento de títulos de cinema foram parcialmente compensados ​​​​pela maior receita de instalações de estúdio em comparação com o ano passado, que foi impactada por as greves trabalhistas”, disse a Paramount em comunicado.

Lembrando que a Paramount foi comprada pela Skydance e as transações devem ser concluídas no primeiro semestre de 2025.

DISNEY | 14 de novembro

Por fim, o ganso dos ovos de ouro de Hollywood no último trimestre. A Disney reportou receitas de US$ 22,57 bilhões em seu quarto trimestre fiscal (assim como a Sony, o período entre julho e setembro não é o terceiro trimestre fiscal para a companhia), um aumento de 6% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. O lucro, por sua vez, foi de US$ 948 milhões, uma queda de 6% em relação ao ano anterior.

O sucesso mesmo, entretanto, aconteceu nos cinemas: com as duas maiores arrecadações do ano até o momento, as receitas aumentaram 14%, chegando a US$ 10,8 bilhões, enqaunto o lucro operacional do segmento subiu mais de 100% e fechou em US$ 1,07 bilhão. Os destaques, como já sabemos, é Divertida Mente 2 (que arrecadou US$ 1,698 bilhão, mas, lançado no final de junho, sua abertura não foi contabilizada) e Deadpool & Wolverine (US$ 1,337 bilhão), enquanto Alien: Romulus (US$ 350,8 milhões) também desempenhou bem.

O streaming também melhorou sua lucratividade, com lucro operacional de US$ 321 milhões, com o Disney+ ganhando mais 4 milhões de assinantes da categoria principal, chegando a 120 milhões de assinantes nesse quesito. 

“Este foi um ano crucial e de sucesso para a The Walt Disney Company e, graças ao progresso significativo que fizemos, emergimos de um período de desafios e interrupções consideráveis, bem posicionados para o crescimento e otimistas em relação ao nosso futuro”, disse Bob, CEO da Disney. Iger disse em um comunicado que acompanha as finanças.