12 Novembro 2024 | Yuri Codogno
Brasil atinge o maior número de salas de cinema em operação desde 2014; confira a situação de cada estado
Apesar das 3.481 salas em funcionamento, um dos desafios enfrentados pela exibição é má distribuição dos espaços em território nacional
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O setor de exibição brasileiro tem um grande motivo para comemorar, visto que o ano de 2024 registra 3.481 salas de cinema em operação, o mais alto número desde que a medição começou a ser feita pela Ancine, em 2014. O recorde anterior foi em 2019, último ano pré-pandêmico, quando 3.478 salas estavam em funcionamento. As informações são da própria Ancine.
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Apesar da baixa diferença entre ambas as medições (de apenas três salas), a marca é relevante para toda indústria audiovisual brasileira, que, desde 2020, vem enfrentando grandes problemas - alguns como consequência da crise sanitária global, outros pela ausência de investimento público durante o governo presidencial anterior.
Em 2014, eram 2.755 salas em funcionamento e, pouco a pouco, cresceu até o antigo recorde de 2019. O ano de 2020, porém, derrubou o número de operações para cerca de 1,6 mil salas, em uma queda superior a 50% em apenas um ano. A retomada dos cinemas começou sucintamente em 2021, com 3.268 salas em operação; 3.414 em 2022; e, no ano passado, o número subiu para 3.465.
Distribuídas em 861 complexos, as 3.481 salas são uma importante conquista para todos os elos do audiovisual brasileiro, mas é preciso ressaltar que a distribuição dessas salas por estados ainda deixa a desejar. A diferença entre o maior parque exibidor (SP, com 1.110 salas) para o segundo maior (RJ, com 378) é notável. Comparando então com o menor parque (AC, com apenas sete salas), fica evidente que o problema do Brasil não está apenas na quantidade de salas de cinemas, mas na falta de investimento (seja público ou privado) nas regiões com poucas salas. De certa perspectiva, é a exibição nacional deixando de lucrar com clientes por falta de espaços de exibição onde há uma potencial demanda.
Segundo números retirado do Observatório do Cinema e do Audiovisual (OCA) e do IBGE 2024, confira a atual situação em cada estado e, além disso, uma relação de entre a quantidade de salas de cinema em operação e a população da região administrativa:
ACRE:
- - 7 salas, número que mantém desde 2017;
- - Com 880 mil habitantes, tem uma média de 125,7 mil moradores/sala.
ALAGOAS:
- - 32 salas, maior número da história;
- - Com 3,3 milhões de habitantes, tem uma média de 13,1 mil moradores/sala.
AMAPÁ:
- - 15 salas, abaixo do recorde de 17 salas (2015-18);
- - Com 802 mil habitantes, tem uma média de 53,4 mil moradores/sala.
AMAZONAS:
- - 63 salas, abaixo do recorde de 71 salas (2017);
- - Com 4,2 milhões de habitantes, tem uma média de 66,6 mil moradores/sala.
BAHIA:
- - 142 salas, maior número da história;
- - Com 14,8 milhões de habitantes, tem uma média de 104,1 mil moradores/sala.
CEARÁ:
- - 112 salas, maior número da história;
- - Com 9,2 milhões de habitantes, tem uma média de 82,1 mil moradores/sala.
DISTRITO FEDERAL:
- - 79 salas, bastante abaixo do recorde de 88 salas (2017-19);
- - Com 2,9 milhões de habitantes, tem uma média de 36,7 mil moradores/sala.
ESPÍRITO SANTO:
- - 73 salas, igualando o recorde anterior (2017-19);
- - Com 4,1 milhões de habitantes, tem uma média de 56,1 mil moradores/sala.
GOIÁS:
- - 117 salas, abaixo do recorde de 119 salas (2023);
- - Com 7,3 milhões de habitantes, tem uma média de 62,3 mil moradores/sala.
MARANHÃO:
- - 55 salas, abaixo do recorde de 62 salas (2022);
- - Com 7 milhões de habitantes, tem uma média de 127,2 mil moradores/sala.
MATO GROSSO:
- - 54 salas, abaixo do recorde de 61 salas (2023);
- - Com 3,8 milhões de habitantes, tem uma média de 70,3 mil moradores/sala.
MATO GROSSO DO SUL:
- - 35 salas, igualando o recorde anterior (2022);
- - Com 2,9 milhões de habitantes, tem uma média de 82,8 mil moradores/sala.
MINAS GERAIS:
- - 272 salas, abaixo do recorde de 278 salas (2019);
- - Com 21,3 milhões de habitantes, tem uma média de 968,1 mil moradores/sala.
PARÁ:
- - 75 salas, abaixo do recorde de 83 salas (2018-19);
- - Com 8,6 milhões de habitantes, tem uma média de 114,6 mil moradores/sala.
PARAÍBA:
- - 43 salas, abaixo do recorde de 45 salas (2019);
- - Com 4,1 milhões de habitantes, tem uma média de 95,3 mil moradores/sala.
PARANÁ:
- - 223 salas, maior número da história;
- - Com 11,8 milhões de habitantes, tem uma média de 52,9 mil moradores/sala.
PERNAMBUCO:
- - 118 salas, abaixo do recorde de 119 salas (2022);
- - Com 9,5 milhões de habitantes, tem uma média de 80,5 mil moradores/sala.
PIAUÍ:
- - 29 salas, abaixo do recorde de 34 salas (2019);
- - Com 3,3 milhões de habitantes, tem uma média de 113,7 mil moradores/sala.
RIO DE JANEIRO:
- - 378 salas, maior número da história;
- - Com 17,2 milhões de habitantes, tem uma média de 45,5 mil moradores/sala.
RIO GRANDE DO NORTE:
- - 33 salas, abaixo do recorde de 34 salas (2023);
- - Com 3,4 milhões de habitantes, tem uma média de 103 mil moradores/sala.
RIO GRANDE DO SUL:
- - Afetado pelas enchentes no início do ano, caiu de 180 salas (2023) para 172 salas, abaixo do recorde de 184 salas (2019);
- - Com 11,2 milhões de habitantes, tem uma média de 65,1 mil moradores/sala.
RONDÔNIA:
- - 27 salas, mantendo o recorde que vem desde 2021;
- - Com 1,7 milhão de habitantes, tem uma média de 103 mil moradores/sala.
RORAIMA:
- - 13 salas, abaixo do recorde de 15 salas (2017-19);
- - Com 716 mil habitantes, tem uma média de 55 mil moradores/sala.
SANTA CATARINA:
- - 146 salas, abaixo do recorde de 149 salas (2019);
- - Com 8 milhões de habitantes, tem uma média de 54,7 mil moradores/sala.
SÃO PAULO:
- - 1.110, maior número da história;
- - Com 45,9 milhões de habitantes, tem uma média de 41,3 mil moradores/sala.
SERGIPE:
- - 35 salas, maior número da história;
- - Com 2,2 milhões de habitantes, tem uma média de 62,8 mil moradores/sala.
TOCANTINS:
- - 23 salas, mantendo o recorde que vem desde 2022;
- - Com 1,5 milhão de habitantes, tem uma média de 65,2 mil moradores/sala.
Ainda há 15 complexos e 60 salas fechadas temporariamente, segundo o OCA. Mas, além dos números apresentados, demonstrando como a quantidade de salas continua abaixo do ideal e concentrada em poucas regiões administrativas, também é preciso levar em consideração como é a distribuição dentro dos próprios estados.
Por exemplo: das sete salas do Acre, seis estão em um mesmo complexo na capital Rio Branco (que tem mais de 350 mil habitantes, ou seja, não consegue abastecer a cidade inteira), enquanto a outra sala está na pequena Cruzeiro do Sul, com cinco mil moradores. Assim, mais da metade da população do estado não possui acesso ao cinema. Essa lógica pode ser refletida para as demais regiões administrativas do país, até mesmo em São Paulo, em que a região metropolitana concentra cerca de 65% de todos os cinemas do estado.
Em tempo, é importante reiterar que bater o recorde de salas em funcionamento é uma excelente notícia para o setor audiovisual, mas sendo um veículo com foco na exibição cinematográfica de todo o país, o Portal Exibidor entende que a expansão do parque exibidor para longe dos grandes centros urbanos - como muitas redes já fazem! - é fundamental para que o Brasil todo possa prestigiar os grandes lançamentos nas telonas (e também movimentar ainda mais a economia do setor).
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