11 Outubro 2024 | Gabryella Garcia
Público cinéfilo valoriza experiência coletiva e não se vê abandonando o hábito de ir ao cinema
Com diferentes perfis, três painelistas da Expocine clamam pela volta dos "lanterninhas" e concordam que pandemia piorou comportamento em frente às telonas
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O último painel da Expocine 2024 deu voz ao público cinéfilo, mas que não trabalha na indústria, para falar sobre seus hábitos de consumo da sétima arte. O painel Direto da poltrona: Uma conversa com o público de cinema foi mediado pela jornalista e crítica especializada em cinema, Barbara Demerov, e contou com a participação da bancária Julia Gama, o influencer Jefferson Vieira Jr e a estagiária Giulia Cardoso. Além da paixão pelo cinema, um ponto em comum entre todos os painelistas era o fato de não se verem longe das salas de cinema por considerarem essa experiência coletiva inigualável.
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Giulia e Julia, além do nome, têm em comum o fato de terem começado a frequentar salas de cinema ainda bem jovens, quando eram crianças. Ambas tiveram a influência dos pais para criarem esse hábito e concordam que o período da pandemia, além do sofrimento por questões óbvias, também foi difícil pela distância que enfrentaram de uma de suas maiores paixões: as salas de cinema. Apesar de muitas coincidências e pontos em comum, uma diferença está no tipo de sala que costumam frequentar. Giulia costuma frequentar mais as salas da Zona Leste de São Paulo, perto de sua casa, e em cinemas considerados "padrões" com salas 2D. Mas recentemente descobriu uma nova paixão que são os cinemas de rua. "Hoje acabo consumindo mais os cinemas do centro de São Paulo e ia bastante em shoppings, mas, recentemente, descobri os cinemas de rua e hoje sou apaixonada pelos cinemas de rua. Acho que é uma experiência muito mais gostosa", disse.
Julia, por sua vez, frequenta todos os tipos de salas possíveis, mas tem um carinho especial por salas VIP. "Depois que comecei a trabalhar comecei a ir em todo tipo de sala, mas comecei a frequentar muito mais as salas VIP, muito pelo conforto. Às vezes o filme é muito longo e às vezes também por conta do barulho. Dependendo do filme, para não passar nervoso, prefiro pagar a mais para ter uma sensação de paz. Até tem barulho também nas salas VIP, mas as poltronas são mais distantes e o incômodo é menor, é uma questão de distância física mesmo. Alguns filmes já sei que vou na sala VIP para assistir em paz e esse é o principal motivo", explicou.
Jefferson, por sua vez, não tinha o hábito de frequentar cinemas na infância. Sua primeira vez em frente às telonas foi por volta dos 9 anos mas, apesar de não ser algo corriqueiro em sua rotina, a paixão pelos filmes já estava presente. "Meus pais não tinham condições de me levar, mas comecei a frequentar bastante depois que comecei a trabalhar. Mas a relação com os filmes com certeza vem desde a infância assistindo em casa. Sempre tive uma relação muito forte com filmes e tinha um dia em casa que todo mundo se reunia para ver um filme", contou. Hoje, com condições de frequentar cinemas semanalmente, o influencer costuma ir às salas do circuito comercial, em shoppings. Mas pela dificuldade em encontrar sessões legendadas em algumas salas e sessões de alguns shopping, também passou a frequentar alguns cinemas de rua de São Paulo como o REAG Belas Artes e o Cine Marquise.
Apesar das diferenças entre os três cinéfilos em seus hábitos e locais de consumo, outro ponto em comum (além da paixão pelos filmes) é o consenso pelo fato da experiência de ir ao cinema ser algo inigualável. "Não vejo filmes em casa pela experiência de som e também por sempre querer ver um filme o mais rápido possível. Sempre fui a pessoa do primeiro final de semana e, para mim, o som e a tela do cinema são inigualáveis. É absurdo ver aquilo na telona e depois que eu descobri as telas IMAX isso ficou ainda mais evidente", disse Giulia.
"A experiência coletiva é muito boa quando não atrapalha outras pessoas. Todos na mesma sintonia dentro de uma sala de cinema é ótimo", completou Jefferson.
Outro ponto em que os painelistas concordam é que o comportamento do público dos cinemas mudou depois da pandemia - e infelizmente para pior. Diante da situação, todos também se mostraram favoráveis à volta dos chamados "lanterninhas" aos cinemas. "O comportamento piorou depois da pandemia e as pessoas reduziram as idas ao cinema e, assim, começaram a perder um pouco do que é o cinema. A gente que frequenta muito ainda tem a mesma vibe e isso não mudou, ir ao cinema ainda é um ritual para mim. Mas, tem uma galera que vai pouco e é justamente por não ser algo mais tão corriqueiro que perderam o know-how da coisa. Acho que o público geral perdeu essa noção então faz falta um lanterninha no cinema porque tem gente que perde completamente a mão", analisou Julia.
"Acho que na pandemia as pessoas começaram a usar muito mais o celular e isso criou um hábito de ficarem em looping na tela. Hoje as pessoas são muito mais viciadas em celular e às vezes, por instinto, pegam o celular toda hora na sala de cinema para ver alguma coisa nas redes sociais e isso atrapalha um pouco. Acho que é preciso fazer propagandas e conteúdos para ensinar as pessoas a não usarem o celular porque essas atitudes atrapalham a experiência de outras pessoas", concluiu o influencer.
Por fim, Jefferson sugeriu uma ideia: lacrar o celular na entrada de sala na frente do funcionário, mas sem a obrigatoriedade de manter o aparelho assim. Ao final da sessão, se ainda estiver lacrado, o cliente ganha algum tipo de brinde. A execução, claro, é outra questão, mas ouvir o público é um ótimo caminho que a indústria pode seguir para manter a exibição cinematográfica como a experiência que todo fã de cinema preza.
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