10 Outubro 2024 | Ana Paula Pappa
Circuito Spcine democratiza acesso à cultura e leva diversidade de filmes às zonas periféricas da capital paulista
O projeto que leva cinema gratuito de qualidade para as periferias de São Paulo ampliou ainda mais suas salas e conta com sessão especial para pessoas com TEA
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O Circuito Spcine, uma iniciativa da empresa de fomento ao cinema e audiovisual da cidade de São Paulo, está transformando o acesso ao cinema em regiões descentralizadas. Leandro Pardi, superintendente da Spcine, e Emiliano Zapata, diretor de inovação da empresa, explicaram no painel Democratizando o acesso ao cinema e fortalecendo políticas públicas como o projeto tem levado filmes de alta qualidade à áreas menos favorecidas, ampliando o contato com a cultura cinematográfica a milhares de pessoas.
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O programa, que já existia em vários Centros Educacionais Unificados (CEUs), passou por uma expansão significativa, inaugurando 12 novas salas neste ano, somando um total de 27 espaços equipados com tecnologia de ponta. Leandro Pardi destacou a importância dessa infraestrutura, que inclui projetores Christie 4K e sistema de som 5.1, garantindo uma experiência de cinema imersiva. “Nos CEUs, oferecemos sessões voltadas para todos os gostos e faixas etárias, com opções que vão desde animações infantis até os grandes blockbusters”, comentou.
Para Emiliano Zapata, assumir o cargo em fevereiro deste ano e enfrentar o desafio de inaugurar essas novas salas foi uma grande realização. Ele lembrou um exemplo que ilustra a relevância do Circuito Spcine: “Muitas crianças conhecem filmes como ‘Divertida Mente 2’ apenas por cortes no TikTok, mas não têm acesso às sessões de cinema. Nosso trabalho é sair da bolha e levar esses filmes diretamente a elas”. Ele ressaltou também como o projeto impacta positivamente famílias de baixa renda, onde muitas vezes as mães precisam abrir mão de participar de atividades culturais para beneficiar os filhos, de modo que as crianças entravam nas salas de cinema e as mães aguardavam do lado de fora por conta do custo que isso envolve.
A diversidade de conteúdos também é uma preocupação central do Circuito Spcine. Emiliano destacou a importância de trazer títulos não apenas do cinema americano e brasileiro, mas também de produções orientais e europeias. “Queremos que essas comunidades tenham a oportunidade de ver diferentes linguagens audiovisuais, ampliando sua visão sobre o cinema mundial”, disse.
Atualmente, o Circuito Spcine oferece um total de 8,9 mil assentos em suas salas e, além da programação regular, é importante mencionar que as sessões nos CEUs são gratuitas às quartas, quintas e domingos. Leandro explicou que, embora as salas sejam multiuso e também recebam outras atividades culturais, o foco da Spcine é proporcionar uma experiência de cinema para as populações que vivem em áreas periféricas. "Negociamos com distribuidoras para exibir os filmes após a janela comercial dos cinemas, mas antes que cheguem às plataformas de streaming", contou.
O Observatório Spcine mostra que, dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 450 possuem ao menos uma sala de cinema. Nesse contexto, o Circuito Spcine cumpre um papel crucial na democratização do acesso à cultura. Leandro destacou que a programação do Circuito Spcine é pensada para refletir diversidade, tanto nas narrativas quanto nos protagonistas dos filmes.
Pensando em acessibilidade, todas as salas do Circuito são equipadas com dispositivos para atender pessoas com necessidades especiais. Emiliano comentou sobre o Circuito Azul, sessões voltadas para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), nas quais o som é mais baixo e a luz permanece levemente acesa. Ele contou a história de uma família cujo filho de 12 anos nunca havia ido ao cinema por medo de ser hostilizado e como essa sessão ofereceu uma experiência acolhedora. "Isso nos mostra o impacto social que o audiovisual pode ter", afirmou.
Além dessas sessões inclusivas, o Circuito também tem planos de criar uma programação voltada para mães e idosos, com curadorias especiais para cada público. Para facilitar ainda mais o acesso, Leandro anunciou o lançamento de um aplicativo onde o público poderá consultar horários e reservar ingressos com mais comodidade.
O Circuito Spcine tem como missão ampliar o acesso à cultura audiovisual, especialmente em regiões onde o cinema raramente chega. Emiliano concluiu dizendo: “Nosso dever é difundir essa informação. Quanto mais falarmos sobre o projeto e sobre a gratuidade nos CEUs, mais pessoas poderão usufruir desses espaços e do que eles oferecem”.
Os painelistas reforçam a abertura do Circuito Spcine para parcerias com distribuidoras, reconhecendo que a dinâmica é diferente das salas comerciais, mas mantendo o diálogo aberto para fortalecer ainda mais a iniciativa.
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